DescriptionPelourinho de Alhos Vedros - Portugal (3334907105).jpg |
Alhos Vedros é uma das mais antigas localidades da margem Sul do curso terminal do Tejo. A primeira referência conhecida a seu respeito data de 1298, ano em que se documenta já a sua igreja, dedicada a São Lourenço. Por essa altura, a vila era uma das duas sedes de freguesia do antigo concelho de Ribatejo - a par da extinta Sabonha, depois transformada em São Francisco no século XVII e hoje integrada no concelho de Alcochete -, e estava vinculada à Ordem de Santiago, que aqui possuía comenda.
Por estes dados, tem-se sugerido que as origens do povoamento de Alhos Vedros se tenha verificado imediatamente após a conquista de Lisboa, Almada e Palmela, de 1147, evoluindo à medida que a Ordem de Santiago tomou posse das terras e as pretendeu desenvolver economica e populacionalmente.
O pelourinho não data de tempos tão recuados, mas evoca ainda os tempos em que Alhos Vedros foi sede do território circundante. A sua construção deve situar-se pela segunda década do século XVI, imediatamente após a concessão de foral, passada por D. Manuel a 15 de Dezembro de 1514.
De facto, são vários os elementos manuelinos que podemos encontrar nesta obra, reveladores de grande homogeneidade cronológica e artística. O principal (pelo maior impacto visual que tem), é o primeiro degrau em que se assenta o monumento (dos três ue formam a plataforma), de perfil circular e decorado com "grosso calabre ao jeito manuelino" (MALAFAIA, 1997, p.83), de duplo toro entrançado. Segue-se a base, quadrangular, mas de moldura octogonal de faces reintrantes, tão característica das bases de colunas e de arquivoltas dos portais das primeiras décadas do século XVI. O fuste é monolítico e octogonal, terminando num pequeno capitel tronco-piramidal antecedido por dupla moldura. O coroamento é relativamente simples, com peça única de terminação piramidal, sobre a qual se apoia uma composição de ferro, com esfera armilar e uma seta orientada para Ocidente.
Localizado na principal praça da vila, confrontando com as propriedades da Misericórdia local, o pelourinho é a marca distintiva do antigo estatuto de Alhos Vedros como sede municipal, prerrogativa extinta em 1855, altura em que passou a integrar o concelho da Moita. Ainda antes, em 1834, a vila deixara de ser propriedade da Ordem de Santiago, facto que se revelou decisivo para a integração desta parcela de território na unidade centralizada a partir da Moita.
Só muito recentemente o pelourinho foi alvo de alguma atenção. Classificado em 1933, data de 1980 o arranjo do espaço envolvente, com definição de um jardim na direcção do Hospital da Misericórdia e das traseiras da Igreja Matriz, beneficiação urbanística que se revelou fundamental para uma maior monumentalidade da obra.
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