Agnotologia
Agnotologia é o estudo das políticas de produção da ignorância.
O neologismo foi criado pelo historiador americano Robert N. Proctor, da Universidade de Stanford, em diversas palestras que ministrou em 2005.[1]
A partir dessas palestras, escreveu o livro "Agnotologia: a construção e a desconstrução da ignorância".[2][3][4]
O estudo do pesquisador partiu de um memorando secreto da indústria do tabaco que caiu em domínio público em 1979 sob o nome do "O Tabagismo e a proposta de saúde[5]". O artigo foi escrito uma década antes pela empresa Brown & Williamson e revelou muitas das táticas empregues pelas grandes companhias para neutralizar os esforços antitabagistas.
Uma das seções mais importantes do documento analisava como se deveria vender os cigarros ao grande público: "a dúvida é o nosso produto. A dúvida é a melhor maneira de competir com o volume de informação que existe na mente do público em geral. Também é o meio de gerar controvérsias". Esta revelação despertou o interesse do pesquisador que começou a indagar as práticas das empresas em propagar a confusão sobre a constatação de que fumar causava câncer.[6]
O financiamento de especialistas por parte das empresas não visa sistematicamente obter “maus resultados científicos”. Ao contrário, pode ser muito útil subvencionar um grande nome da pesquisa toxicológica para dar crédito a um instituto privado que, depois, será bem-vindo nos cenáculos onde se esboça o futuro da pesquisa. Não se trata apenas de aliciar alguns especialistas; é a própria estrutura da burocracia da pesquisa que constitui, hoje, uma aposta para os representantes de interesses econômicos.[7]
Existem várias causas para a produção deliberada da ignorância. Pode-se citar a influência da mídia, tanto para neglicenciar como também para manipular e gerar uma falsa representação de fatos. Corporações e agências governamentais podem contribuir para a agnotologia através do ocultamento da informação e da censura.[1]
Diversos estudos relatam que essa política continua sendo utilizada até hoje e são aplicadas por grandes lobbies, pela chamada grande mídia e corroboradas pelos chamados Think Tank em relação a assuntos vitais tais como o aquecimento global,[8] a dívida pública dos Estados Nacionais e a necessidade do crescimento econômico a qualquer custo.[9]
A etimologia do termo vem do grego ἄγνωσις, agnōsis, "desconhecer" (grego ἄγνωτος "desconhecido"[10]), e -λογία, -logia [11].
Artigos Similares
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Referências
- ↑ a b «Agnotology: The Cultural Production of Ignorance». Consultado em 12 de agosto de 2007
- ↑ Robert Proctor e Londa Schiebinger, Agnotology: The Making and Unmaking of Ignorance, Stanford University Press, 2008
- ↑ Arenson, Karen W. (22 de agosto de 2006). «What Organizations Don't Want to Know Can Hurt». New York Times
- ↑ Kreye, Andrian (2007). «We Will Overcome Agnotology (The Cultural Production Of Ignorance)». The Edge World Question Center 2007. Edge Foundation. p. 6. Consultado em 12 de agosto de 2007
- ↑ «Smoking and Health Proposal». Collection: Brown & Williamson. 1969. Consultado em 19 de outubro de 2017
- ↑ Agnotología: la ciencia de sembrar el engaño para vender productos [1]
- ↑ Os eleitos passam, os eurocratas ficam [2] Arquivado em 22 de novembro de 2016, no Wayback Machine.
- ↑ Controvérsias científicas ou negação da ciência? A agnotologia e a ciência do clima. [3]
- ↑ Enfrentando os limites do crescimento : sustentabilidade, decrescimento e prosperidade / Philippe Léna e Elimar Pinheiro do Nascimento (orgs.). – Rio de Janeiro : Garamond, 2012
- ↑ See: Wiktionary entry on ἄγνωτος.
- ↑ https://pt.wiktionary.org/wiki/-logia