Antropologia digital

A Antropologia digital estuda a relação entre humanos e a tecnologia na era digital e pode ser usada para se referir às consequências do surgimento e utilização das tecnologias digitais para populações específicas.[1][2] A metodologia antropológica implica a utilização da etnografia, de forma presencial ou virtual, a netnografia.[1]

Realiza a análise da socialização e dos discursos, técnicas, identidades culturais, e das formas específicas de relacionamentos que nascem na sociedade com o advento da Internet e passaram a ser um ‘locus’ de interação, expressão cultural e política.[1] Também discute metodologicamente como devem ser realizadas as etnografias no meio virtual.

Definição e âmbito

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A maioria dos antropólogos que utilizam o conceito “antropologia digital” referem-se à pesquisa que abarca diversas áreas de investigação, como a cibernética, a cibercultura, a realidade virtual, a inteligência artificial, os ciborgues,o jogo eletrônico/eletrónico, a desigualdade digital,[3] e outros campos de inovação tecnológica e da internet.

O Digital Anthropology Group (DANG) está classificado como um grupo de interesse na Associação Antropológica Americana (American Anthropological Association), cuja missão inclui a promoção da utilização da tecnologia digital como ferramenta de investigação antropológica, encorajando os antropólogos a partilhar investigação utilizando plataformas digitais e delineando formas para os antropólogos estudarem as comunidades digitais.[4]

O ciberespaço ou o próprio “mundo virtual” pode servir de local de “campo” para os antropólogos, permitindo a observação, análise e interpretação dos fenómenos socioculturais que surgem e ocorrem em qualquer espaço interativo.

As comunidades nacionais e transnacionais, possibilitadas pela tecnologia digital, estabelecem um conjunto de normas sociais, práticas, tradições, história contada e memória coletiva associada, períodos de migração, conflitos internos e externos, características de linguagem potencialmente subconscientes[5] e dialetos miméticos comparáveis ​​aos de comunidades tradicionais e geograficamente confinadas. Isto inclui as diversas comunidades construídas em torno de software livre e de código aberto, redes sociais, e grupos politicamente motivados como Anonymous, WikiLeaks ou o movimento Occupy.[6]

Vários antropólogos têm conduzido etnografias tradicionais de comunidades e mundos virtuais, as artes da computação, subculturas computacionais, cidadania e participação política ‘online’ e a intersecção da criatividade com a tecnologia digital e a inteligência artificial.[7]

A investigação antropológica pode ter um papel importante no desenvolvimento do design de produto, adaptando e melhorando a tecnologia, através do user experience (UX/UI).[8]

Ética

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O trabalho de campo ‘online’ oferece novos desafios éticos. Conforme as diretrizes éticas da Associação Antropológica Americana, os antropólogos que investigam uma comunidade devem certificar-se de que todos os membros dessa comunidade sabem que são estudados e têm acesso aos dados produzidos pelo antropólogo. Também investigam aspetos da privacidade digital, a transparência em algoritmos e a defesa de normas, políticas e conformidades éticas.[9]

Os investigadores têm o dever ético de armazenar dados digitais de forma responsável, o que significa proteger a identidade dos participantes, e realizar cópias de segurança de todos os dados.[10]

Ver também

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Referências

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  1. a b c Miller, Daniel (28 de agosto de 2018). «Digital anthropology». The Open Encyclopedia of Anthropology (em inglês). Consultado em 18 de outubro de 2024 
  2. «Digital Anthropology». UNESCO. Consultado em 19 de outubro de 2024 
  3. FAPESP. «Iniciação científica em antropologia digital na FFLCH-USP». AGÊNCIA FAPESP. Consultado em 18 de outubro de 2024 
  4. «Interest Groups». The American Anthropological Association (em inglês). Consultado em 18 de outubro de 2024 
  5. Bryden, John; Funk, Sebastian; Jansen, Vincent AA (dezembro de 2013). «Word usage mirrors community structure in the online social network Twitter». EPJ Data Science (em inglês) (1): 1–9. ISSN 2193-1127. doi:10.1140/epjds15. Consultado em 18 de outubro de 2024 
  6. «The social construction of freedom in free and open source software: Hackers, ethics, and the liberal tradition | FLOSShub». web.archive.org. 1 de dezembro de 2017. Consultado em 18 de outubro de 2024 
  7. Wilf, Eitan Y. The Inspiration Machine: Computational Creativity in Poetry and Jazz (em inglês). Chicago, IL: University of Chicago Press 
  8. «The Value of Anthropology in UX Research and UX Design» (em inglês). 31 de outubro de 2022. Consultado em 18 de outubro de 2024 
  9. «Privacy and Ethical Considerations in Digital Anthropology | Business Anthropology Class Notes | Fiveable». library.fiveable.me. Consultado em 18 de outubro de 2024 
  10. «Learn & Teach». The American Anthropological Association (em inglês). Consultado em 18 de outubro de 2024 
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