Azauade

nome tuaregue para um território no norte do Mali


Azauade [1][2] ou Azawagh [3](em árabe: أزواد, translit. Azawad; em berbere: ⴰⵣⴰⵓⴷ, transl. Azawaɣ; [4] em francês: Azaouad) foi um estado não reconhecido existente entre 2012 e 2013.

Azauade

Estado não-reconhecido


2012 – 2013

Bandeira de Azawad

Bandeira
Localização de Azawad
Localização de Azawad
Azawad no Noroeste Africano
Continente África
País Mali
Capital Gao
Governo Não especificado
História
 • 2012 Fundação
 • 2013 Dissolução

Azawaɣ, em sentido amplo, é o nome berbere para as áreas imazighen do Sahel,[5] habitadas por tuaregues auelimiden do leste (chamados Kel Dinnik; autodenominados Kel Azawaɣ), especialmente a metade norte do Mali e o norte e oeste do Níger, começando ao norte dos últimos contrafortes do planalto do Ader Duchi (Níger), para além das comunas rurais nigerinas de Kao e Tabalak.[3] Algumas fontes o definem como correspondente às regiões do Mali situadas em volta das cidades de Tombuctu, Kidal e Gao, bem como parte da região malinesa de Mopti, o norte do Níger e o sul da Argélia,[6] enquanto, segundo outras, apenas compreenderia o norte do Mali.[7] Azawaɣ é, antes de tudo, um grande vale fóssil entre o Air e o Adrar dos Ifoghas. É também, em sentido mais amplo, toda a área nômade que começa ao norte da zona de cultivo alimentada pela chuva, do paralelo 15° de latitude para o norte, e continua até o Saara. A independência de Azauade foi declarada unilateralmente pelo Movimento Nacional para a Libertação de Azawad (MNLA) em 6 de abril de 2012, depois que uma rebelião tuaregue expulsou o exército maliano da região.

O Azauade reivindicado pelo MNLA compreendia as Regiões Malianas de Tombukctu, Kidal e Gao, além de uma parte da região de Mopti,[7] abrangendo cerca de 60% da área total do Mali. O efêmero estado fazia fronteira com Burkina Faso, ao sul, Mauritânia, a oeste e noroeste, Argélia, ao norte e nordeste, e Níger, a leste e sudeste, e com a parte não disputada do Mali, a sudoeste, estendendo-se por uma parte do Saara e da zona do Sahel. Gao, a sua maior cidade, serviu como capital temporária,[8] enquanto Timbuktu, a segunda maior cidade, foi planejada para ser a capital pelos independentistas.[9]

Mapa de Azauade, segundo o MNLA.
As regiões majoritariamente tuaregues estão assinaladas por pontos em cinza escuro; a parte ocidental é habitada por mouros; a parte sul, por povos subsaarianos, nomeadamente fulas e songais

A declaração de independência e a proclamação da República do Azauade provocou rejeição imediata por parte da União Africana, e a CEDEAO passou a discutir o envio de uma força conjunta de intervenção, para restabelecer a soberania do Mali sobre o território. Além disso, havia, no Azauade, o Ansar Dine, um grupo islamista composto por árabes, alegadamente ligado à Al-Qaeda. Ansar Dine era declaradamente hostil ao MNLA e ambos se confrontavam. Mas, em fins de maio de 2012, foi noticiado que os dois movimentos haviam estabelecido uma aliança e declarado o Estado Islâmico do Azauade, com base na xaria. [10] Entretanto as autoridades do Azauade não confirmaram oficialmente a mudança de nome. Relatórios posteriores indicaram que o MNLA havia decidido se retirar do pacto com o Ansar Dine. Em uma nova declaração, datada de 9 de junho, o MNLA usou o nome Estado do Azauade (em francês: État de l'Azawad).[11] O MNLA produziu uma lista com o nome dos 28 membros do Conselho de Transição do Estado de Azauade (em francês, Conseil de transition de l'État de l'Azawad, CTEA) que seriviria como governo provisório, presidido por Bilal Ag Acherif, para administrar o novo Estado.

Mas, já em 14 de fevereiro de 2013, o MNLA renuncia à sua reivindicação de independência de Azawad, pedindo ao governo do Mali que iniciasse negociações sobre seu futuro status.[12]

O MNLA encerrou o cessar-fogo em setembro do mesmo ano, depois que as forças do governo atiraram contra manifestantes desarmados.[13][14]


Referências

  1. Correia, Paulo (2023). «Berberes — geografia e línguas» (PDF). A folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias (73 — outono de 2023). pp. 10–19. ISSN 1830-7809 
  2. Aportuguesamento com base em Azauad, Lello Universal (Porto), 1992
  3. a b Bernus E.. Azawagh (Azawaγ, Azawaq, Azawak). Encyclopédie berbère, 8 | 1990, 1207-1208.
  4. «Mouvement National de Liberation de l'Azawad». Mouvement National de Liberation de l'Azawad. Mouvement National de Liberation de l'Azawad. Consultado em 10 de janeiro de 2018 
  5. Chtatou, Mohamed. Les Touaregs d’Azawad, un peuple amazigh opprimé, amadalamazigh.press.ma, 27 de novembro de 2023.
  6. «Who are the Tuareg?». Al Jazeera. 14 de julho de 2008. Consultado em 3 de abril de 2012 
  7. a b «Mali Tuareg rebels control Timbuktu as troops flee». BBC News. 1 de abril de 2012. Consultado em 3 de abril de 2012 
  8. «Tuaregs claim 'independence' from Mali». Al Jazeera. 6 de abril de 2012 
  9. «Mali: A scramble for power». The Muslim News. 8 de abril de 2012. Cópia arquivada em 26 de maio de 2012 
  10. Katarina Höije (27 de maio de 2012). «Mali rebel groups join forces, vowing an Islamic state». CNN 
  11. Bilal Ag Acherif (9 de junho de 2012). «Mis en place un Conseil Transitoire de l'Etat de l'AZAWAD (CTEA)» [Declaração de Independência de Azawad] (em francês). Movimento Nacional para a Libertação de Azawad 
  12. Ansa.it - Ansalatina. «Tuaregs de Mali renuncian a crear Estado independiente». www.ansa.it (em espanhol). Cópia arquivada em 13 de abril de 2013 
  13. «Mali's Tuareg fighters end ceasefire». Al Jazeera. 30 de novembro de 2013 
  14. «Tuareg separatist group in Mali 'ends ceasefire'». BBC. 29 de novembro de 2013 
  Este artigo sobre um Estado extinto é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.
  NODES
admin 1