Berge Stahl
O MS Berge Stahl foi um navio graneleiro de grande porte do tipo very large ore carrier (VLOC), com bandeira da Ilha de Man e pertencente à Berge Bulk, subsidiária do grupo Bergesen Worldwide. Foi conhecido por ser um dos maiores navios do mundo, tendo sido o maior do seu tipo desde a sua conclusão, em 1986, até 2011.
MS Berge Stahl | |
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Berge Stahl no Porto de Roterdã (2011) | |
Proprietário | Berge Bulk |
Fabricante | Hyundai Heavy Industries, Ulsan |
Lançamento | 5 de setembro de 1986 |
Descomissionamento | 9 de Julho de 2021 |
Porto de registro | Douglas, Ilha de Man |
Chamada | 2EZE5 |
Número do casco | 416 |
Rota | São Luís-Roterdã, geralmente |
Renomeado | Geostahl (último nome) |
Estado | Desmanchado no Paquistão |
Características gerais | |
Tipo de navio | Graneleiro |
Arqueação | 175.720 t |
Tonelagem | 364.767 t (DWT) |
Maquinário | 1x Motor a diesel de 7 cilindros dois tempos Burmeister & Wain 7L90MCE, 20.290kW |
Comprimento | 342,08 m |
Boca | 63,53 m |
Pontal | 30,2 m |
Calado | 23,035 m |
Propulsão | Hélice |
Velocidade | 13,5 nós (25 km/h) |
Tripulação | 24 |
Notas | |
Fontes: DNV GL[1] Berge Bulk[2] Auke Visser[3] |
História
editarO Berge Stahl foi construído pela Hyundai Heavy Industries em Ulsan, na Coreia do Sul. A construção foi iniciada em 14 de março de 1986 e o navio foi lançado ao mar em 4 de setembro do mesmo ano, sendo concluído em 4 de dezembro de 1986. Com 342,08 metros de comprimento, 63,5 m de largura e calado máximo de 23 metros, o navio tinha capacidade para transportar até 364.767 toneladas de carga.[1]
Foi encomendado especialmente para um contrato de longo prazo de transporte de cargas para as siderúrgicas alemãs ThyssenKrupp Stahl e Hüttenwerke Krupp Mannesmann (HKM), que cobria praticamente todo o seu tempo de uso.[4] Era o maior graneleiro do mundo na época em que foi lançado, mantendo esse posto até 2011. Nesse ano, foi inaugurado o Ore Brasil (ex-Vale Brasil), o primeiro dos navios da classe Valemax.[5]
Rota
editarO navio costumava fazer o percurso entre o Terminal de Ponta da Madeira, em São Luís, e o Porto de Roterdã, na Holanda, transportando minério de ferro extraído pela Vale. O processo de carga demorava, em média, 2 dias, e a descarga, 5 dias. O trajeto entre o Brasil e a Holanda era feito entre 8 e 10 vezes por ano.[2] A embarcação também atracava eventualmente no Porto de Tubarão, em Vitória.[6]
A viagem durava cerca de 14 dias. Ao chegar totalmente carregado e entrar no estuário do rio Maas, mesmo na maré cheia, o navio tinha um período de apenas 20 minutos para entrar no canal de atracação, mantendo-se uma distância de apenas um metro entre a quilha e o fundo do canal. A descarga era feita por 3 guindastes, cada um capaz de retirar 40 toneladas de minério de cada vez. Os 10 alçapões eram esvaziados numa sequência precisa, de modo a preservar a estabilidade da embarcação. O minério descarregado em Roterdã é encaminhado para as usinas das siderúrgicas ThyssenKrupp e HKM, em Duisburg, na Alemanha, por meio de uma frota de cerca de 100 barcaças que navegam pelo rio Reno. Aproximadamente dois terços do minério usado por essas indústrias é importado do Brasil.[4]
O Berge Stahl foi informalmente considerado "flag ship" (navio principal) em Roterdã por 25 anos e fez sua última viagem àquele porto em dezembro de 2016, tendo transportado cerca de 90 milhões de toneladas de minério em sua carreira.[7]
Retirada de operação e desmanche
editarEm 2011, foram lançados os primeiros graneleiros da classe Valemax, que têm em média 360 metros de comprimento e podem carregar mais de 400.000 toneladas, consideravelmente maiores do que o Berge Stahl e que representam uma forte concorrência para graneleiros de grande porte tradicionais.[8] Em 2016, a embarcação atingiu a idade máxima para operação nos terminais da Vale, que é de 30 anos. A empresa anunciou que a atracação realizada no Porto de Tubarão em março desse ano foi a última visita do navio realizada a esse porto.[6]
Após 249 viagens realizadas entre São Luís e Roterdã, o contrato de transporte de 30 anos com a ThyssenKrupp expirou no fim de 2016 e não foi renovado.[9][7] Com isso, esperava-se que o Berge Stahl fosse em breve vendido como sucata. A ONG Shipbreaking Platform se manifestou pedindo que o descarte e reciclagem da embarcação fossem feitos de forma responsável, ressaltando os riscos ambientais e as condições de trabalho insalubres nos locais de demolição de navios no sul da Ásia.[10]
Apesar da expectativa de que fosse desmontado em pouco tempo, o Berge Stahl ganhou uma sobrevida em sua carreira com um novo contrato de transporte de minério do Brasil para Omã, realizando viagens entre Tubarão e Sohar. O navio foi desativado em abril de 2020, ficando parado em Labuan, na Malásia. Em abril de 2021, a embarcação foi vendida como sucata por cerca de 20 milhões de dólares;[11][12] em julho desse ano, foi batizada com o último nome Geostahl, finalmente foi retirada de operação e encalhada em Gaddani, no Paquistão, para ser demolido.[13][14]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b DNV GL. «Berge Stahl». Consultado em 15 de abril de 2017
- ↑ a b Berge Bulk. «Berge Stahl». Consultado em 15 de abril de 2017
- ↑ Auke Visser. «Berge Stahl». Consultado em 15 de abril de 2017
- ↑ a b ThyssenKrupp (3 de junho de 2008). «Ore for Duisburg blast furnaces». Consultado em 16 de abril de 2017
- ↑ DNV GL. «Ore Brasil». Consultado em 16 de abril de 2017
- ↑ a b Vale (23 de março de 2016). «Berge Stahl atraca pela última vez no Porto de Tubarão». Consultado em 16 de abril de 2017
- ↑ a b Port of Rotterdam (12 de dezembro de 2016). «Berge Stahl, former flagship of the Rotterdam port, makes its last call». Consultado em 16 de abril de 2017
- ↑ Vale. «Valemax» (PDF)
- ↑ World Cargo News (14 de dezembro de 2016). «Berge Stahl misses out on 250 calls milestone». Consultado em 16 de abril de 2017
- ↑ NGO Shipbreaking Platform (20 de dezembro de 2016). «Platform calls for responsible solution for Berge Stahl, flag ship of the Port of Rotterdam». Consultado em 16 de abril de 2017
- ↑ Maritime Danmark (20 de abril de 2021). «Giganten Berge Stahl solgt til skrot» (em dinamarquês). Consultado em 7 de setembro de 2024
- ↑ Vessel Tracker. «Geostahl» (em inglês). Consultado em 7 de setembro de 2024
- ↑ «Giant goes for scrap». Ships Monthly. Julho de 2021. Consultado em 23 de julho de 2021
- ↑ Puente de Mando (10 de julho de 2021). «El gigante "Berge Stahl", varado para desguace en Pakistán» (em espanhol). Consultado em 23 de julho de 2021