Cães ferais
Os cães ferais, silvestres ou selvagens referem-se à versão selvagem (ou assilvestrada) do cão doméstico (Canis lupus familiares). Esses animais podem ser encontrados em praticamente qualquer região habitada por seres humanos, exceto polos, devido à sua convivência de longa data com os seres humanos e a nossa ampla distribuição geográfica.
História
editarOs cães ferais descendem de cães abandonados em florestas ou zonas rurais, que para sobreviverem utilizaram estratégias instintivas para sobreviver. Representando possivelmente a espécie feral mais perigosa na atualidade. Pode-se encontrar uma grande diversidade de raças, tamanhos e comportamentos entre os cães ferais, mas todos compartilham o hábito onívoro oportunista.
Impactos ambientais
editarOs cães são predadores sociais, ou seja, caçam em grandes matilhas. Esses animais caçam quase qualquer tipo de animal e dado o instinto predatório, podem ser bastante destrutivos em ecossistema e, portanto, são uma grande ameaça indireta para predadores de topo tais como lobos, tigres, onças e raposas.
Os cães domésticos podem cruzar com chacais, coiotes e até com lobos-cinzas devido sua proximidade filogenética. Esses cruzamentos geram indivíduos híbridos que ameaçam diversas subespécies de alguns dos animais citados acima. Além disso, os híbridos, devido a seus instintos, possuem potencial para serem tão destrutivos quanto os cães ferais não-híbridos. Haja em vista o caso dos dodôs, acredita-se que os cães ferais tenham tido uma significativa participação na extinção dessa espécie.
O impacto de cães em ambientes selvagens também pode gerar novas espécies, como o dingo e o cão-cantor. O dingo (Canis familiaris dingo) é um canídeo originado de cães ferais na Austrália com grande importância ecológica, sendo o maior predador terrestre na região e provavelmente o responsável pela extinção do tigre-da-tasmânia.[1] Sua classificação taxonômica ainda é objeto de debate dentro da comunidade científica. O mesmo vale para o cão-cantor (Canis lupus hallstromi) conhecido por sua vocalização melódica, que também é um importante predador terrestre na Nova Guiné.
Nota-se que os cães ferais são predadores de alta periculosidade, não sendo raros ataques a humanos, especialmente em zonas rurais ou subúrbios isolados.
Comportamento com humanos
editarOs cães ferais frequentemente manifestam altos níveis de agressividade em relação aos seres humanos, considerando-os uma potencial ameaça. Diferentemente de seus parentes domesticados, esses cães adotam comportamentos semelhantes aos lobos e mantêm uma postura predominantemente firme, dominante ou agressiva na presença humana, demonstrando desconfiança em relação aos seres humanos e, muitas vezes, são reservados e ariscos. Crianças ou pessoas de baixa estatura podem ser percebidas como presas em potencial, resultando em ataques que ocorrem comumente em vários locais do mundo.
Alimentação
editarEsses canídeos se alimentam de frutas e plantas como parte de dieta onívora, mas também podem caçar carneiros, gatos (tanto domésticos quanto selvagens) e roedores. Em determinadas regiões do mundo, sua alimentação pode se estender a búfalos, javalis e burros.
Na Austrália, esses animais foram observados caçando cangurus com maior eficácia do que os dingos, competindo diretamente com essa espécie. Enquanto na Rússia, já foram registrados ataques a seres humanos, animais domésticos e até caçadas em grandes grupos a cervos, da mesma forma que os lobos locais.
Ver também
editar- Lobo-cinza (Canis lupus)
- Grandes caninos
- Cão-doméstico (Canis lupus familiares)
- Dingo (Canis lupus dingo)
Referências
editar- Gompper, Matthew E. (2013). "A interface cão-homem-vida selvagem: avaliando o escopo do problema". Em Gompper, Matthew E. (ed.). Conservação de Cães e Vida Selvagem Livre . Imprensa da Universidade de Oxford. pp. 9–54. ISBN 978-0191810183.
- Lescureux, Nicolas; Linnell, John DC (2014). "Irmãos em guerra: as complexas interações entre lobos (Canis lupus) e cães (Canis familiaris) em um contexto de conservação". Conservação Biológica . 171 : 232-245. doi : 10.1016 / j.biocon.2014.01.032 .
- ↑ Short, Jeff; Kinnear, J. E.; Robley, Alan (1 de março de 2002). «Surplus killing by introduced predators in Australia—evidence for ineffective anti-predator adaptations in native prey species?». Biological Conservation (3): 283–301. ISSN 0006-3207. doi:10.1016/S0006-3207(01)00139-2. Consultado em 20 de novembro de 2023