Charadriiformes é uma ordem de aves marinhas e limícolas, com cerca de 350 espécies, espalhados ao longo do globo. Fazem parte dessa ordem as gaivotas, as batuíras, os maçaricos, os trinta-réis, e outras aves. A maioria habita regiões costeiras e associadas a corpos aquáticos, mas algumas também vivem em campos úmidos e outras podem ser encontradas em alto-mar. Muitas espécies dessa ordem também são migratórias.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaCharadriiformes
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Superclasse: Gnathostomata
Classe: Tetrapoda
Infraclasse: Aves
(sem classif.) Gruimorphae
Ordem: Charadriiformes
Sub-ordems

Morfologia

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Seu peso varia entre 25 g - 2 kg, seu palato é esquizognata, as penas da região do uropígio possuem penugem adicional, como uma pena em miniatura, a glândula uropigial é bilobada e com tufos de penas, e há similaridades entre as siringes e os tendões das pernas dos diferentes membros da ordem.[1]

Osmorregulação

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Para manter o balanço apropriado entre a água corporal e a concentração de sal, muitos caradriformes apresentam glândulas de sal supra-orbitais altamente especializadas, sendo muito eficientes em secretar o sal em excesso.[1]

Diversidade

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Figura 1 - Larus occidentalis, espécie de gaivota, caradriforme marinho.

Charadriiformes é uma ordem de aves altamente diversa, perdendo apenas para Passeriformes em número de famílias e espécies. O grupo se divide, principalmente, entre as aproximadamente 200 espécies consideradas aves limícolas, como os alcaravões, os maçaricos e os jaçanãs (Fig.2), e os outros 5 grupos de aves marinhas, que englobam as gaivotas (Fig.1), as andorinhas-do-mar, os mandriões, os bicos-de-tesoura e as tordas. As espécies dessa ordem apresentam comportamentos diversos e complexos quanto à formação de casais e postura dos ovos, além de grande diversidade quanto a sua forma corporal, comprimento de perna e estilo de bico.[1][2][3][4]

 
Figura 2 - Jacana jacana, espécie de jaçanã, caradriforme limícola.

A maioria das aves marinhas tendem a formar colônias na época de acasalamento, enquanto que as limícolas tendem ao comportamento solitário, tendo desenvolvido comportamentos reprodutivos mais complexos, como acasalamentos leks, poligamia, e cuidado parental por apenas um adulto. As aves marinhas são, sem exceção, monogâmicas, e os adultos dividem a função de defesa e cuidado da prole. Isso ocorre possivelmente devido ao fato de que as aves limícolas possuem mais comida disponível ao redor de suas regiões de ninhado, enquanto que as marinhas formam seus ninhos longe da região de alimentação.[2][5]

A diversidade dos caradriformes pode ser muito bem observada ao analisar a variedade de suas dietas e estratégias de forrageamento. As dietas variam entre animais e vegetais, e em alguns casos é altamente especializada. Muitos são piscívoros, mas suas estratégias para capturar presa variam; as gaivotas possuem asas longas e finas, adaptadas para mergulhar na água rapidamente e capturar peixes próximos da superfície, enquanto que todas possuem asas curtas e fortes, usadas para nadar debaixo d'água a procura de presa. Quanto aos invertebrados aquáticos e terrestres, aquele que desenvolveu a maior diversidade na coleta desse alimento foi o grupo das aves limícolas, com grande diversidade na morfologia de seus bicos e pernas. De exemplo, tem-se as tarambolas, baixas e fortes, com bico curto, utilizado para capturar pequenos invertebrados na superfície do substrato, utilizando-se principalmente da visão para encontrar a presa, enquanto que os maçaricos, com pernas e bicos mais longos, geralmente utilizam-se de pistas táteis para encontrar a presa.[1][5][6]

Risco de Extinção

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Ainda que muitas espécies tenham expandido em números e se espalhado mais, a maioria dos caradriformes tem experienciado queda abrupta em seus números, sendo que 51 espécies são consideradas como em risco de extinção pela IUCN. Himantopus novazealandiae, uma dessas espécies, é considerada uma das mais ameaçadas no mundo, com menos de 100 indivíduos restantes. Os maiores riscos para essas aves provêm de consequências da expansão de populações humanas, como a diminuição de comida, a ocupação humana de zonas costeiras, onde muitas dessas aves costumam viver ou criar seu ninhos, a caça e outras atividades.[1][5][6][7][8]

Distribuição Geográfica e Habitat

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Apresentam distribuição global, podendo ser avistados em quase qualquer habitat terrestre, sendo que muitos também ocorrem em habitats pelágicos. Nessa ordem estão presentes algumas das espécies migradoras mais extremas, capazes de voar milhares de quilômetros sem parar. A maioria das aves do grupo habita regiões costeiras ou associadas a corpos aquáticos , além de indivíduos que habitam campos úmidos ou vivem em alto-mar. Esses habitats geralmente são altamente produtivos, providenciando uma fonte rica em alimento.[1][3][4][6][9]

Registro Fóssil

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Figura 3 - Fóssil de um caradriforme.

O fóssil mais antigo de um caradriforme já encontrado data de mais de 36 milhões de anos atrás, pertencente à época do Eoceno. Teoriza-se que os caradriformes ancestrais (Fig.3) foram um dos poucos grupos que sobreviveram a extinção em massa do Cretáceo Superior. Tais aves ancestrais deveriam apresentar características combinadas de aves limícolas, patos e outras aves aquáticas atuais. Desde o Cretáceo, os caradriformes sofreram uma intensa radiação adaptativa, levando à diversidade de forma e função entre as espécies hoje.[1]

Taxonomia

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A ordem Charadriiformes é dividida em 3 subordens e 20 famílias.[10][11][12][13][14] São elas:

Filogenia

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Tentativas para determinar as afinidades entre os grupos de caradriiformes utilizaram-se de um conjunto de evidências morfológicas, comportamentais, bioquímicas e moleculares, e já resultaram em diversos agrupamentos diferentes. Atualmente, Charadriiformes é visto como um grupo coesivo baseado em uma combinação de caracteres, como as poucas semelhanças morfológicas entre os membros da ordem.[1][10][11][12][13][14]

Uma taxonomia alternativa foi construída em 1990 por Sibley e Ahlquist, baseada em estudos de hibridização de DNA-DNA, em que várias espécies consideradas caradriformes até então foram classificadas como Ciconiiformes. No entanto, essa teoria recebeu criticismo considerável, o que impediu sua ampla aceitação.[1][15][16]

Filogenia de Charadriiformes, segundo as propostas mais recentes:[10][11][12][13][14]

Charadriiformes
Scolopaci

Jacanidae

Rostratulidae

Thinocoridae

Pedionomidae

Scolopacidae

Lari

Stercorariidae

Alcidae

Laridae

Dromadidae

Glareolidae

Turnicidae

Charadrii

Ibidorhynchidae

Haematopodidae

Recurvirostridae

Pluvialidae

Charadriidae

Pluvianidae

Chionidae

Pluvianellidae

Burhinidae

Referências

  1. a b c d e f g h i «Charadriiformes (Gulls, Terns, Plovers, and Other Shorebirds) | Encyclopedia.com». www.encyclopedia.com. Consultado em 5 de novembro de 2020 
  2. a b BURGER, Joanna; E. A., Schreiber (2001). Biology of Marine Birds. [S.l.]: CRC Press. 722 páginas 
  3. a b J. LOVETTE, Irby; W. FITZPATRICK, John (2016). Handbook of Bird Biology. Chichester, West Sussex: John Wiley & Sons, Ltd. 716 páginas 
  4. a b «Ordem Charadriiformes». FAUNA DIGITAL DO RIO GRANDE DO SUL. Consultado em 5 de novembro de 2020 
  5. a b c «Order Charadriiformes | Shorebirds Charactertistics | Bird Species». Bio Explorer (em inglês). Consultado em 5 de novembro de 2020 
  6. a b c «Charadriiform | bird order». Encyclopedia Britannica (em inglês). Consultado em 5 de novembro de 2020 
  7. «The IUCN Red List of Threatened Species». IUCN Red List of Threatened Species. Consultado em 5 de novembro de 2020 
  8. International), BirdLife International (BirdLife (1 de outubro de 2016). «IUCN Red List of Threatened Species: Himantopus novaezelandiae». IUCN Red List of Threatened Species. doi:10.2305/iucn.uk.2018-2.rlts.t22693690a129560535.en. Consultado em 5 de novembro de 2020 
  9. «Gaivotas, Mandriões e afins (Order Charadriiformes)». BioDiversity4All. Consultado em 5 de novembro de 2020 
  10. a b c «Charadriimorphae: Charadriiformes». bird-phylogeny (em alemão). Consultado em 21 de outubro de 2020 
  11. a b c Ericson, P.G., Envall, I., Irestedt, M. et al. Inter-familial relationships of the shorebirds (Aves: Charadriiformes) based on nuclear DNA sequence data. BMC Evol Biol 3, 16 (2003). https://doi.org/10.1186/1471-2148-3-16
  12. a b c PEREIRA, Sergio L.; BAKER, Allan J.. The enigmatic monotypic crab plover Dromas ardeola is closely related to pratincoles and coursers (Aves, Charadriiformes, Glareolidae). Genet. Mol. Biol.,  São Paulo ,  v. 33, n. 3, p. 583-586,    2010 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-47572010000300033&lng=en&nrm=iso>. access on  21  Oct.  2020.  https://doi.org/10.1590/S1415-47572010000300033.
  13. a b c Dos Remedios, Natalie; Lee, Patricia L. M.; Burke, Terry; Székely, Tamás; Küpper, Clemens (1 de agosto de 2015). «North or south? Phylogenetic and biogeographic origins of a globally distributed avian clade». Molecular Phylogenetics and Evolution (em inglês): 151–159. ISSN 1055-7903. doi:10.1016/j.ympev.2015.04.010. Consultado em 21 de outubro de 2020 
  14. a b c Prum, R.O., J.S. Berv3, A. Dornburg, D.J. Field, J.P. Townsend, E.M. Lemmon, and A.R. Lemmon (2015), A comprehensive phylogeny of birds (Aves) using _targeted next-generation DNA sequencing, Nature 526, 569-573.
  15. O'Hara, Robert J. (1991). «Essay-review of Sibley and Ahlquist's 'Phylogeny and Classification of Birds: A Study in Molecular Evolution'». Auk (em inglês) (4): 990–994. Consultado em 5 de novembro de 2020 
  16. Cracraft, J. (1 de janeiro de 1992). «Phylogeny and Classification of Birds. By Charles G. Sibley and Jon E. Ahlquist». Molecular Biology and Evolution (em inglês) (1): 182–182. ISSN 0737-4038. doi:10.1093/oxfordjournals.molbev.a040712. Consultado em 5 de novembro de 2020 
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