Corpo de Guardas da Revolução Islâmica
O Corpo de Guardas[3] da Revolução Islâmica (em persa: سپاه پاسداران انقلاب اسلامی, transl. Sepáh e Pásdárán e Enqeláb e Eslámi), conhecida popularmente como Guarda Revolucionária Iraniana, é uma divisão das forças armadas do Irã, fundada depois da Revolução Iraniana.[4] No próprio Irã, é usualmente referido como Sepáh e-Pásdárán ("Corpo de Guardas"), Pásdárán e-Enqeláb (پاسداران انقلاب, "Guardas Revolucionários") ou simplesmente Pásdárán (پاسداران, "Guardas") ou, ainda, Sepah ("Corpo").
Corpo de Guardas da Revolução Islâmica | |
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Selo do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica. | |
País | Irão |
Corporação | Forças Armadas do Irão |
Subordinação | Ministério da Defesa |
Sigla | CGRD |
Criação | 5 de maio de 1979 (45 anos) |
Aniversários | 5 de maio |
Lema | وَأَعِدُّوا لَهُمْ مَا اسْتَطَعْتُمْ مِنْ قُوَّةٍ (em pt: "Mobilizai tudo quando dispuserdes, em armas e cavalaria.") – Alcorão 8:60 |
Cores | verde dourado |
História | |
Guerras/batalhas | Rebelião Curda (1979) Rebelião no Cuzistão (1979) Guerra Civil Libanesa (1975–1990) Guerra Irã-Iraque (1980–1988) Conflito Irã-Israel (1985–) Guerra Civil Síria (2013–) Intervenção no Iraque (2014–) Guerra Israel-Hamas (2023–) |
Logística | |
Efetivo | 125 000 (2024)[1][2] |
Insígnias | |
Estandarte ificial | |
Estandarte cerimonial | |
Comandante-em-chefe | Líder Supremo Khamenei |
Comandante | Sardar Hossein Salami |
Sede | |
Guarnição | Teerão, Província de Teerão Irão |
Página oficial | sepahnews |
A organização foi criada depois da Revolução Iraniana.[4] e sua fundação foi ideologicamente motivada.[5] Ao contrário das Forças Armadas do Irã, que segundo a constituição tem como dever proteger as fronteiras e ordem interna, a Guarda Revolucionária tem como objetivo proteger o sistema político da república islâmica e a revolução.[6] O atual comandante em chefe do Corpo de Guardas é Hossein Salami, que teve como seu antecessor no cargo Mohammed Ali Jafari. Como muitos iranianos jovens durante a Guerra Irã-Iraque (1980-1988), o ex-presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, foi membro do Corpo de Guardas, mais especificamente participando da milícia Basij.
O Pásdárán tem seu próprio ministério, e acredita-se que tenham um efetivo de 210 000 pessoas, com suas próprias unidades navais e aéreas.[7] Também controlam forças voluntárias, como o supracitado Basij, que possui cerca de 90 000 membros,[8] e a Força Quds, uma unidade de forças especiais especializada em guerra não-convencional, ou seja, responsável por organizar, treinar, equipar e financiar movimentos revolucionários islâmicos ao redor do globo.[9]
Os Guardas da Revolução são acusados de apoiar o grupo Hezbollah do Líbano, milícias Xiitas no Iraque como as Forças de Mobilização Popular,[10][11] e os Houthis na Guerra Civil Iemenita. Além de participar diretamente na Guerra Civil Síria ao favor das forças de Bashar al-Assad, e no Conflito no Iraque contra o Estado Islâmico.[12] O General Qasem Soleimani, comandante da Força Quds, foi morto em um ataque de VANT no aeroporto de Bagdá em 2019, onde estava apoiando o governo iraquiano e milicias xiitas.[13]
É designada como uma organização terrorista pelos governos da Arábia Saudita, Bahrein e Estados Unidos.[14][15]
Tamanho e estrutura
editarO EGRI é separado (e paralelo) ao outro braço das forças armadas iranianas, chamadas de Artesh (também "exército", em persa). O EGRI é uma força armada combinada, que conta com suas próprias forças terrestres, aquáticas e aéreas, além de serviços de inteligência,[16] e de forças especiais. A organização também controla a força Basij, um grupo de voluntários que consiste de 90.000 soldados regulares e 300.000 reservistas, que tem uma força potencial de onze milhões de indivíduos. O EGRI é reconhecido oficialmente como parte do exército iraniano pelo artigo 150 da Constituição Iraniana.[17]
O Balanço Militar do IISS de 2007 afirma que o EGRI conta com um efetivo de mais 125.000 indivíduos ou mais, e controla o Basij em termos de mobilização;[18] e estima que as forças aéreas e terrestres do EGRI tenham 100.000 indivíduos, embora conte com uma 'quantidade esparsa de homens' durante os período de paz; o Balanço também estima que existam até 20 divisões de infantaria, algumas brigadas independentes, e uma brigada aérea.
As Forças Navais do EGRI são estimadas pelo IISS em até 20.000 homens, incluindo 5.000 fuzileiros navais em uma brigada de três ou quatro batalhões marinhos, e seriam equipadas com armas de defesa da costa (algumas baterias de HY-2/CSS-C-3 Seersucker SSM, e algumas baterias de artilharia) e 50 barcos de patrulha (incluindo 10 embarcações de ataque rápido chinesas Houdang). O braço aéreo do EGRI, segundo o IISS, controla a força estratégica de mísseis do Irã, e tem uma brigada de mísseis Shahab-1/2 com de 12 a 18 lançadores, e uma unidade de mísseis Shahab-3. O IISS ainda estima que a unidade de Shahab-3 seria composta por um batalhão, com seis lançadores de um míssil e quatro MBMAs Shahab-3 estratégicos.
A Força Quds (ou Ghods), de elite, que por vezes é descrita como a sucessora da SAVAK do xá, tem de 2.000 a 5.000 homens.[8]
Oficiais superiores
editar- Major-General Hossein Salami (Comandante em Chefe)[19]
- Brigadeiro-General Mohammad Hejazi (Chefe-Adjunto do Estado-Maior)[20]
- Brigadeiro-General Mohammad-Reza Zahedi (Forças Terrestres da Guarda Revolucionária Islâmica)[21]
- Brigadeiro-General Hossein Salami (Força Aérea da Guarda Revolucionária Islâmica)[21]
- Contra-Almirante Morteza Saffari (Marinha da Guarda Revolucionária Islâmica)[22]
- Brigadeiro-General Mohammad Hejazi (Comandante em Chefe das Forças Mobilizadas Basij)[23]
- Brigadeiro-General Esmail Ghaani (Força Quds)[24] O General Suleimani foi responsável por essa força e pela negociação de diversos acordos entre figuras políticas iraquianas antes de sua morte.
- Brigadeiro-General Abdol-Ali Najafi (unidade secreta)[25]
Controvérsia
editarDivisões e efetivos | |
Força Quds | ~ 21 000[26][27] |
Basij | 90 000[28] |
Marinha do EGRI | 20 000 (est. de 2005)[29] 135 navios |
Força Aérea do EGRI | 15 000 (2020) |
Forças Terrestres do EGRI | 150 000 (2022)[7] +60 000 forças paramilitares (2022)[7] |
Orçamento | US$ 6,96 bilhões (2020)[30] |
Comandante em chefe | |
Hossein Salami |
Desde a sua fundação, o Corpo de Guardas da Revolução Islâmica esteve envolvido em diversas atividades econômicas e militares, muitas delas sujeitas a alguma controvérsia.
Corpo de Guardas da Revolução Islâmica |
Comando |
Líder Supremo do Irã |
Oficiais superiores |
Divisões militares |
Força Aérea |
Forças Terrestres |
Marinha |
Força Quds |
Basij |
Mísseis |
Mísseis |
Efetivo |
Insígnias |
Instalações |
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Universidade de Baqiyatallah |
História |
Revolução Iraniana |
Corrupção
editarO EGRI foi acusado de corrupção, incluindo a importação de bebidas alcoólicas ilegais à República Islâmica.[31] Em 2005 descobriu-se que o EGRI comandava um aeroporto ilegal perto da cidade de Karaj, próxima a Teerã, de onde importavam e exportavam mercadorias sem o controle do governo.[31] Em 2005 a Guarda Revolucionária Islâmica invadiu o novo aeroporto de Teerã pouco tempo depois dele ser inaugurado oficialmente, supostamente por motivos de segurança. De acordo com os críticos da organização, no entanto, o aeroporto teria sido fechado porque a companhia contratada para operá-lo era uma empresa turca, concorrente direta de uma empresa de propriedade da própria Guarda.[32] Foi mais tarde aberta sob o comando de Pasdaran.[31]
Envolvimento com o Hezbollah
editarO logotipo do EGRI foi a inspiração para o logotipo do Hezbollah, organização paramilitar xiita sediada no Líbano. A Guarda Revolucionária Islâmica forneceu treinamento militar para soldados do Hezbollah no vale do Bekaa durante o início da década de 1980.[33] Embora não tenha sido aceita de maneira unânime pela população libanesa, a presença do EGRI no país serviu como resistência contra a presença israelense, a despeito da luta contínua entre as milícias Amal e a OLP e seus aliados sunitas.
De acordo com o Jane's Information Group:
"Qualquer membro do Hezbollah que receba treinamento militar provavelmente o fará pelas mãos do EGRI [o Corpo de Guarda Revolucionária Islâmica], tanto no sul do Líbano ou em campos no Irã. Os métodos cada vez mais sofisticados usados pelos membros do EGRI indicam que eles vêm sendo treinados com manuais israelenses e americanos; a ênfase destes treinamentos está em táticas de desgaste, mobilidade, coleta de inteligência e manobras noturnas."[34]
Envolvimento com o Hamas
editarDe acordo com o New York Times, combatentes do Hamas estão sendo treinados em táticas de assalto urbano pelo EGRI.[35]
Envolvimento na Guerra do Iraque
editarO Departamento de Defesa dos Estados Unidos alegou repetidamente o envolvimento do EGRI na Guerra do Iraque; apesar das negações do Irã, os Estados Unidos praticamente implicaram, embora não usando termos diretos, que o governo central do Irã seria responsável por tais ações.[36] Em maio de 2008 o governo do Iraque afirmou não possuir evidências de que o Irã estaria apoiando militantes em solo iraquiano.[37] De acordo com um banco de dados compilado pela Força-Tarefa Troy, da Força-Tarefa Multinacional do Iraque, armas feitas no Irã representariam apenas uma porcentagem desprezível do total de estoques de armas apreendidas no Iraque.[38] As acusações dos Estados Unidos apareceram simultaneamente a acusações feitas pelo próprio Irã e pela Turquia de que armas fornecidas pelos Estados Unidos estariam sendo contrabandeadas do Iraque para militantes antigovernamentais nos dois países.[39][40]
O Departamento de Estado americano ainda relatou ter relatórios de inteligência a respeito do envolvimento pesado da Guarda Revolucionária Iraniana com o abastecimento dos insurgentes iraquianos,[41] e que soldados americanos teriam sido mortos por artefatos explosivos projetados ou feitos no Irã. Esta alegação é negada pelo Irã, sob o argumento de que a maior parte das mortes americanas do Iraque são causadas pela insurgência sunita, e não xiita. Dois estudos diferentes sustentam que aproximadamente a metade de todos os insurgentes estrangeiros que entraram no Iraque vieram da Arábia Saudita.[42][43] O Irã também nega a informação de que membros do exército iraquiano - que até antes da invasão de 2003 eram capazes, segundo os EUA e o Reino Unido, de utilizar sistemas avançados de mísseis capazes de lançar armas de destruição em massa em até 45 minutos[44][45] - seriam incapazes de projetar e produzir artefatos explosivos improvisados.[carece de fontes]
Sanções financeiras
editarO Conselho de Segurança das Nações Unidas, em diversas de suas sanções e resoluções, aprovou o congelamento de bens de principais dos comandantes da Guarda Revolucionária Islâmica.[46]
Referências
- ↑ «Iran's Revolutionary Guards: powerful group with wide regional reach». Reuters. 1 de abril de 2024. Consultado em 3 de dezembro de 2024
- ↑ «Military Balance 2022 Further assessments». International Institute for Strategic Studies. 15 de fevereiro de 2022. Consultado em 3 de dezembro de 2024
- ↑ Também Guardiões.
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- ↑ Frykberg, MelL (29 de agosto de 2008). «Mideast Powers, Proxies and Paymasters Bluster and Rearm». Middle East Times. Consultado em 29 de agosto de 2008
- ↑ "Profile: Iran's Revolutionary Guards" Arquivado em 2008-12-27 no Wayback Machine. BBC. 18 October 2009.
- ↑ a b c The International Institute of Strategic Studies (IISS) (2020). «Middle East and North Africa». The Military Balance 2020. 120. [S.l.]: Routledge. pp. 348–352. ISBN 9780367466398. doi:10.1080/04597222.2020.1707968
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- ↑ «"Operational Environment Assessment: Iran". Ft. Leavenworth, KS: TRADOC Intelligence Support Activity (TRISA)-Threats, US Army.». OPERATIONAL ENVIRONMENT ASSESSMENT TEAM. Abril de 2010
- ↑ «Pro-Iran Shiite Militias in Iraq Expanding Despite Iraqi Leaders' Efforts to Curtail Them | Voice of America - English». www.voanews.com (em inglês). Consultado em 21 de maio de 2020
- ↑ «AP Explains: Who are Iraq's Iran-backed militias?». AP NEWS. 31 de dezembro de 2019. Consultado em 21 de maio de 2020
- ↑ «US under pressure to act as Iran helps Iraq fight al-Qa'ida». independent (em inglês). Consultado em 21 de maio de 2020
- ↑ «From the east, Iran-backed force advances on Tikrit | News , Middle East | THE DAILY STAR». www.dailystar.com.lb. Consultado em 21 de maio de 2020
- ↑ CNN, Nicole Gaouette. «Trump designates elite Iranian military force as a terrorist organization». CNN. Consultado em 21 de maio de 2020
- ↑ «Saudi, Bahrain add Iran's Revolutionary Guards to terrorism lists». Reuters (em inglês). 23 de outubro de 2018
- ↑ [1]
- ↑ ICL - Constituição do Irã Arquivado em 14 de novembro de 2007, no Wayback Machine. (em inglês) Artigo 150 "Corpo de Guardas da Revolução Islâmica - O Corpo de Guardas da Revolução Islâmica, organizado nos primeiros dias após o triunfo da Revolução, deve ser mantido, de modo a continuar exercendo o seu papel de preservar a Revolução e suas realizações. O escopo dos deveres dessa corporação e suas áreas de responsabilidade em relação aos deveres e responsabilidades das outras Forças Armadas devem ser estabelecidos por lei, com ênfase na cooperação fraternal e harmonia entre elas."
- ↑ Balanço Militar do IISS, Routledge for the IISS, Londres, 2007
- ↑ «Mideast Powers, Proxies and Paymasters Bluster and Rearm». Consultado em 14 de junho de 2009. Arquivado do original em 2 de setembro de 2008
- ↑ Iran’s top military commanders die in plane crash
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- ↑ Niruyeh Moghavemat Basij Mobilisation Resistance Force
- ↑ Iran Revolutionary Guards expect key changes in high command
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- ↑ AFP: 'No evidence' Iran backs militias - Baghdad - The Daily Star
- ↑ Lebanon Star: Iraq, US differ on Iran's role in military pact - The Daily Star
- ↑ Italian arms investigators see Iraqi ties - USA Today, 12 de agosto de 2007.
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- ↑ Iran's secret plan for summer offensive to force US out of Iraq - The Guardian
- ↑ The battle for Saudi hearts and minds - CNN, 3 de agosto de 2005.
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- ↑ Iraq WMD claims 'seriously flawed' - CNN, 14 de julho de 2004.
- ↑ «SECURITY COUNCIL TIGHTENS RESTRICTIONS ON IRAN'S PROLIFERATION-SENSITIVE NUCLEAR» (em inglês). Security Council:Department of Public Information • News and Media Division • Nova York. 3 de março de 2008. Consultado em 27 de dezembro de 2008