Gambá-de-orelha-preta

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O gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita), também conhecido como saruê,[2] sariguê,[3] micurê,[4] mucura,[5] ou timbu,[6] é uma espécie de gambá que habita o Brasil, Argentina e Paraguai.[7]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaGambá-de-orelha-preta
D. aurita no Rio de Janeiro, RJ, Brasil
D. aurita no Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Infraclasse: Marsupialia
Ordem: Didelphimorphia
Família: Didelfiídeos
Subfamília: Didelfíneos
Género: Didelphis
Espécie: D. aurita
Nome binomial
Didelphis aurita
Wied-Neuwied, 1826
Distribuição geográfica
Distribuição de D. aurita
Distribuição de D. aurita

Esta espécie, que por algum tempo foi considerada uma população de gambá-comum (D. marsupialis), foi originalmente descrita como D. azarae por Coenraad Jacob Temminck em 1824, mas esse nome foi dado incorretamente ao gambá-de-orelha-branca (D. albiventris) por mais de 160 anos. Como tal, o nome azarae foi abandonado.[8]

Etimologia

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A etimologia de gambá é controvertida, mas pode vir da língua tupi. As designações sariguê (e seu feminimo sarigueia) e saruê advém do tupi sari'gwe,[3] enquanto micurê também tem origem indígena, mas sua etimologia é desconhecida.[4] Outro de seus nomes, mucura, originou-se no tupi mu'kura, que significa gambá.[5]

Descrição

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Crânio de Didelphis aurita

O gambá-de-orelha-preta, em média, possui 37 centímetros de comprimento no corpo, e outros 33 centímetros em sua cauda. Por esse motivo, é uma das maiores espécies de marsupais no Brasil. Pesam entre 1,3 e 1,5 kg, com as fêmeas sendo ligeiramente mais leves e menores.

Sua coloração é cinza ou preta, com uma camada de sobre-pelos com pontas brancas. Seu rosto é marcado por três estrias escuras, uma junto a cada olho e uma ao longo da linha mediana do rosto. As fêmeas apresentam, em média, nove mamilos protegidos pelo marsúpio.[9] Possui uma glândula que exala odor desagradável na região posterior do corpo que é liberado quando o animal se sente ameaçado e é obrigado a se fingir de morto.[10]

Ecologia

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Alimentação e hábitos

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O gambá-de-orelha-preta é onívoro e se alimenta de artrópodes (sobretudo Hymenoptera, Isoptera e Coleoptera), pequenos vertebrados (roedores, aves e lagartos) e frutos.

 
Didelphis aurita

Sua área de vida varia entre 1,3 e 9,5 hectares, mas num dia varia entre 0,5 e 2,7 hectares. As fêmeas costumam movimentar-se menos, sobretudo em busca de recursos, e possuem território mais estável. Os machos, por sua vez, alteram seu padrão de deslocamento durante o período de acasalamento. Sua locomoção, em grosso modo, é terrestre; é capaz de utilizar todos os estratos da floresta, porém utiliza predominantemente o solo para seu deslocamento.

O gambá-de-orelha-preta é solitário e notívago; o período de maior atividade da espécie se concentra do pôr-do-sol até a meia noite. Em cativeiro, vivem até quatro anos, já sendo capazes de se reproduzir a partir dos cinco meses. Normalmente acasalam duas vezes ao ano, gerando prole entre a metade da estação seca e o fim da estação chuvosa. Em média, cada ninhada gera de 6,5 a 8,6 filhotes.[9]

Habitat

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Esta espécie é encontrada nas Matas Atlântica e Araucária,[9] vivendo em matas primárias e secundárias. Também é encontrado em florestas que foram fragmentadas pelo desenvolvimento urbano e pelo desmatamento.[7]

Conservação

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Esta espécie está listada como pouco preocupante devido à sua ampla distribuição, presumivelmente grande população, tolerância à modificação do habitat, ocorrência em diversas áreas protegidas (como o Parque Estadual Serra do Mar[9]) e porque é improvável que esteja diminuindo próximo à taxa necessária para se qualificar para listagem em uma categoria ameaçada. Não há grandes ameaças conhecidas, embora o desmatamento afete algumas subpopulações. Apesar de ser caçada ou capturada localmente para alimentação, recreação, como predadora de aves e para o comércio de peles, esta espécie não parece ter sido fortemente afetada pela colonização humana.[7]

Referências

  1. Astúa, D.; de la Sancha, N.; Costa, L. (2021). «Brazilian Common Opossum - Didelphis aurita». Lista Vermelha da IUCN. União Internacional para Conservação da Natureza (UICN). p. e.T40500A197310366. doi:10.2305/IUCN.UK.2021-1.RLTS.T40500A197310366.en. Consultado em 17 de julho de 2021 
  2. «Gambá, Gambá-de-orelha-preta, Sarué». Escola da Ciência - Biologia e História (Prefeitura de Vitória). Consultado em 18 de setembro de 2016. Cópia arquivada em 8 de outubro de 2008 
  3. a b Houaiss, verbete sariguê e saruê
  4. a b Houaiss, verbete micurê
  5. a b Houaiss, verbete mucura
  6. «Timbu». Portal de Zoologia de Pernambuco. Consultado em 23 de fevereiro de 2023 
  7. a b c Astúa, D., de la Sancha, N. & Costa, L. (25 de junho de 2015). «Didelphis aurita (Brazilian Common Opossum): e.T40500A197310366». IUCN. The IUCN Red List of Threatened Species 2021 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2021-1.RLTS.T40500A197310366.en. Consultado em 27 de dezembro de 2023 
  8. Gardner, A.L. (2005). «Didelphis aurita». In: Wilson, D.E.; Reeder, D.M. Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference 3.ª ed. Baltimore, Marilândia: Imprensa da Universidade Johns Hopkins. p. 12. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494 
  9. a b c d Kuhnen Villanova, Vanessa (2016). ECOLOGIA DOS MARSUPIAIS Didelphis aurita E Metachirus nudicaudatus. Campinas: Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). p. 14; 16; 18-19 
  10. Carvalho, Rui (2019). «Conheça melhor Saruê, o gambá brasileiro». Mais Notícias 
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