Forte de Madame Bruyne
Este artigo ou secção contém uma lista de referências no fim do texto, mas as suas fontes não são claras porque não são citadas no corpo do artigo, o que compromete a confiabilidade das informações. (Abril de 2021) |
O Forte de Madame Bruyne, hoje em ruínas, foi uma fortaleza localizada no istmo de areia que liga a cidade do Recife à de Olinda, ao sul desta última, no litoral do atual estado de Pernambuco, no Brasil. Esta fortificação inscreve-se no contexto da segunda das invasões holandesas do Brasil.
Forte de Madame Bruyne (Forte do Buraco) | |
---|---|
Conservação | em ruínas |
Foi dinamitado pela Marinha do Brasil para a construção de uma base naval, porém a obra não foi realizada.
História
editarSOUZA (1885) identifica esta estrutura como Forte de Santo Antônio do Buraco, referindo que antes da invasão neerlandesa de 1630, denominava-se Guarita de João Albuquerque. Localiza-o no istmo, meia milha ao norte do Forte de São João Batista do Brum, cuja defesa coadjuvou na ocasião (op. cit., p. 82). BARRETTO (1958) denomina-o de Forte Madame Bruyne e Forte do Buraco, afirmando ter sido erguido no local onde anteriormente existira o Fortim do Bom Jesus ou Forte de São Jorge Velho (op. cit., p. 140).
Esta estrutura foi erguida entre 1630 e 1632 por forças neerlandesas como um reduto de campanha para a defesa avançada do norte do Recife de Olinda. Foi denominado como Forte Madame Bruyne ("Domina Bruninis") em homenagem à esposa de Johan Bruyne, integrante do Conselho de comissários que governou o Brasil neerlandês. A sua planta apresentava o formato de um polígono quadrangular regular, com quatro meio-baluartes nos vértices (BARRETTO, 1940:140).
Sobre esta estrutura, Maurício de Nassau, no "Breve Discurso" de 14 de Janeiro de 1638, sob o tópico "Fortificações", informa: "A tiro de mosquete deste hornaveque [do forte de Bruyne] fica um reduto que serve de guarda-avançada."
O "Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil", de autoria de Adriano do Dussen, datado de 4 de Abril de 1640, complementa:
- "(...) a um tiro longo de mosquete daí [do forte de Bruyne], está situado um reduto chamado de Madame de Bruyn, com uma boa paliçada em volta e no qual estão 2 peçazinhas forjadas, de bronze, de 6 libras. O fortezinho, que fica ao sul da cidade de Olinda está sendo reparado, de modo a comportar 15 a 20 homens de guarnição, com 4 a 5 canhões de ferro, de modo a que sirva de refúgio para a burguesia de Olinda no caso de ataque de campanhistas."
BARLÉU (1974) transcreve a informação:
- "(...) A distância igual deste [não longe do Forte do Brum], acha-se a Torre ou Reduto, que se orgulha com o nome de Madama Bruyne. Essa torre é também circundada por sua cerca e protegida por dois canhões de bronze. Está-se atualmente trabalhando em restaurar o forte arruinado do sul para receber uma guarnição de 15 ou 20 homens, de modo que sirva de refúgio aos olindenses contra a soldadesca vagabunda e devastadora." (op. cit., p. 143)
Figura nos mapas de Frans Post (1612-1680) da Ilha de Antônio Vaz (1637), e de Mauritiopolis (1645. Biblioteca Nacional do Brasil), e no mapa "A Cidade Maurícia em 1644", de Cornelis Golijath (in: BARLÉU, Gaspar. História dos feitos recentemente praticados no Brasil. Amsterdã, 1647).
Quando do assalto final ao Recife, em Janeiro de 1654, esta estrutura foi abandonada pelas forças neerlandesas a 17 de Janeiro (SOUZA, 1885:82).
No século XVIII, a partir de 1705 foi reconstruído em alvenaria de pedra, com três faces retas e uma abaluartada (SOUZA, 1885:82). Neste período estava guarnecido por um Capitão, um Sargento, um Condestável (chefe de artilheiros), infantes destacados dos Terços do Recife, dez fuzileiros e dois artilheiros, e artilhado com vinte e três peças de calibres 24 a 12 (GARRIDO, 1940:65; vinte e duas peças, três de bronze e dezenove de ferro cf. BARRETTO, 1958:140). Figura na coleção de "Mapas de vários regimentos da Capitania de Pernambuco" (cerca de 1763) sob o título Forte de Santo Antônio dos Coqueiros do Buraco (Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa) (IRIA, 1966:60).
No século XIX, sofreu reparos em 1863, no contexto da Questão Christie (1862-1865). Encontrava-se em precário estado de conservação em 1885, classificado como de 2ª Classe (SOUZA, 1885:82). GARRIDO (1940) complementa que, em 1883, foram-lhe efetuados reparos, no montante de 2:066$666 réis. No século XX, à época (1940), encontrava-se abandonada e em ruínas (op. cit., p. 65).
BARRETTO (1958), acrescenta que, à sua época (1958), o forte estava sendo demolido pela Marinha do Brasil para a construção da Base do 3º Distrito Naval, tendo parte de suas pedras sido aproveitadas nas obras do prolongamento do porto do Recife (op. cit., p. 143).
A informação mais atual é a de FREYRE (1980):
- "Infelizmente as ruínas da Fortaleza do Buraco já tiveram sua bem executada sentença de morte. Delas resta apenas uma como lápide melancólica dizendo: 'Aqui foi a Fortaleza do Buraco'. Foram essas ruínas sacrificadas às obras de expansão da Base Naval do Recife. Sacrifício parece que desnecessário. Inútil. Lastimável." (op. cit., p. 128)
Bibliografia
editar- BARLÉU, Gaspar. História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil. Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1974. 418 p. il.
- BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 368 p.
- FREYRE, Gilberto. Olinda: 2º guia prático, histórico e sentimental de cidade brasileira (5ª ed.). Rio de Janeiro: José Olympio, 1980. 162 p. il.
- GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.
- IRIA, Alberto. IV Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros - Inventário geral da Cartografia Brasileira existente no Arquivo Histórico Ultramarino (Elementos para a publicação da Brasilae Monumenta Cartographica). Separata da Studia. Lisboa: nº 17, abr/1966. 116 p.
- MELLO, José Antônio Gonsalves de (ed.). Fontes para a História do Brasil Holandês (Vol. 1 - A Economia Açucareira). Recife: Parque Histórico Nacional dos Guararapes, 1981. 264p. tabelas.
- SOUSA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140.