Gorgeira
A gorgeira,[1] também conhecido por rufo ou lechuguilla (do castelhano lechuga, que significa "alface", numa alusão ao seu formato), foi uma gola que se usou na Europa Ocidental desde meados do século XVI até meados do século XVII. Tratava-se dum tipo de gola em tela branca, muito armada, por vezes rendada.
A gorgeira era envergada por homens, mulheres e crianças, e evoluiu da pequena franja rendilhada no pescoço da camisa. A gorgeira era um acessório separado, que se podia tirar para lavar, e que impedia que o gibão ou o vestido se sujasse na gola. A sua rigidez, que era conseguida com goma, obrigava a que quem as usasse tivesse de manter uma postura direita, tornando-se rapidamente num símbolo de riqueza ou de estatuto social.[2]
Com o passar dos anos, a moda ditou que as gorgeiras passassem a ter um tamanho exagerado, o que lhes valeu a designação jocosa de "prato de São João", em alusão ao martírio de S. João Baptista, cuja cabeça foi entregue a Salomé numa bandeja de prata.[3]
Catarina de Médicis ficou muito associada a um tipo específico de gorgeira, semicircular, que se levanta sobre a nuca, pelo que é referida como "Gorgeira Médicis".[1] Este acessório é também muito associado a Isabel I de Inglaterra, por surgir em alguns dos seus retratos.
-
D. Sebastião de Portugal, c. 1565
-
Henrique III de França, c. 1570
-
Sir Henry Unton, c. 1586
-
Isabel I de Inglaterra com uma gorgeira Médicis, c. 1595
-
Infanta D. Isabel da Áustria, séc. XVII
-
D. Filipe III de Espanha, c. 1635
-
Itō Mancio, 1585
-
Jorge Manuel Theotokopouli
Referências
editar- ↑ a b Fialho, Maria João Miranda (2011). O traje de corte feminino em Portugal da época de D. Manuel I a D. Pedro II (Dissertação de Mestrado em História da Arte). Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa. Consultado em 16 de Agosto de 2017
- ↑ «The Fashion Historian: Ruffs». The Fashion Historian (em inglês). Consultado em 22 de maio de 2017
- ↑ Morais-Alexandre, Paulo (2000). «Adoração de Cristo pela Corte Celestial, pela Igreja e por Filipe II de Portugal e seu séquito: subsídios para o estudo de uma importante tábua maneirista» (PDF). Brotéria (151): 59-81. Consultado em 10 de Agosto de 2017