Kaiserkeller
Kaiserkeller é um clube musical no bairro de St. Pauli, em Hamburgo, Alemanha, próximo à Reeperbahn. Foi aberto por Bruno Koschmider em 14 de outubro de 1959. Os Beatles tiveram um contrato com o Kaiserkeller para tocar ali em 1960.
Kaiserkeller | |
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Localização | Hamburgo, Alemanha |
Coordenadas | 53° 33′ 04,3″ N, 9° 57′ 29″ L |
Tipo | Clube de música |
Gênero | Rock and Roll |
Inauguração | 14 de outubro de 1959 |
Proprietário | Bruno Koschmider (fundador) |
Website | http://grossefreiheit36.de |
Biografia
editarUma banda de metais caribenha que havia tocado no clube Jacaranda, de Allan Williams, em Liverpool recebeu uma oferta para se apresentar em Hamburgo. Após receber cartas entusiasmantes sobre a cena musical de Hamburgo, Williams entrou em contato com Koschmider, oferecendo-se como agente, no que Koschmider concordou. Koschmider anteriormente agendara Derry and the Seniors após vê-los se apresentarem em Londres e como eles fizeram sucesso em Hamburgo, ele pediu a Williams que procurasse outros grupos.[1] Rory Storm and The Hurricanes foram a primeira escolha de Williams, mas como estavam envolvidos em outro compromisso, recusaram sua oferta, assim como Gerry & The Pacemakers também recusaram, de modo que Williams enviou o grupo The Beatles a Hamburgo.[2][3] O trabalho implicava tocar de seis a sete horas por noite, sete noites por semana.[4] Inicialmente, os Beatles tocaram no clube Indra, dormindo em cômodos sujos e pequenos no cinema Bambi Kino, e mais tarde passaram a se apresentar no Kaiserkeller após o fechamento do Indra.[5]
Após o término da temporada de verão, no início de outubro de 1960, Rory Storm and The Hurricanes estavam livres para viajar a Hamburgo, substituindo Derry and The Seniors no Kaiserkeller. Eles chegaram a Hamburgo em 1 de outubro de 1960, tendo negociado um cachê maior que The Seniors ou The Beatles.[6] Eles tocavam por cinco ou seis segmentos de 90 minutos todos os dias, alternando-se com The Beatles.[1][7] Rory Storm and The Hurricanes mais tarde foram presenteados com um certificado especial por Koschmider por suas apresentações.[3]
O bairro de St. Pauli era bem conhecido por ser uma área de prostituição e que era perigoso para qualquer um que se distinguisse da clientela usual.[8] O palco no Kaiserkeller era feito de tábuas de madeira sustentadas por engradados de cerveja, de modo que os dois grupos apostaram para ver quem seria o primeiro a quebrá-lo.[9] Após numerosas tentativas por vários dias, uma pequena rachadura apareceu, e quando Storm pulou do topo de um piano, o palco finalmente quebrou.[9] O guitarrista de Storm, Johnny 'Guitar' Byrne, lembra-se que quando Storm atingiu o palco, ele rachou-se estrepitosamente e formou um V em torno de Storm. Ele desapareceu dentro do buraco, enquanto todos os amplificadores e os címbalos do baterista Ringo Starr caíram junto dentro do buraco. Koschmider ficou furioso e teve de substituir a música ao vivo por uma jukebox. Os dois grupos atravessaram a rua para ir ao Harold's cafe para o café da manhã, mas foram seguidos pelos porteiros de Koschmider que, munidos de cassetetes, bateram nos músicos como punição.[8][10] Horst Fascher era o leão de chácara de Koschmider, cuja carreira como boxeador foi interrompida quando praticou um homicídio (ele matou culposamente um marinheiro durante uma briga de rua)[11] embora mais tarde ele tenha se tornado amigo dos Beatles e até os tenha protegido.
Certa vez Klaus Voormann assistiu a uma apresentação dos Hurricanes e dos Beatles no clube,[12] e convidou a fotógrafa Astrid Kirchherr e o amigo Jürgen Vollmer para assistir às apresentações no dia seguinte.[13] O baixista dos Beatles, Stuart Sutcliffe, conheceu Kirchherr durante as apresentações e começou a namorá-la logo em seguida.[14] Voormann à época mantinha um relacionamento com Kirchherr, embora logo em seguida o relacionamento dos dois tenha se tornado platônico e por fim se transformado em amizade.[14]
Em outubro de 1960, os Beatles deixaram o clube de Koschmider para trabalhar no Top Ten Club, gerenciado por Peter Eckhorn.[4][15] Quando McCartney e o baterista Pete Best voltaram ao Bambi Kino para pegar seus pertences eles encontraram o lugar em total escuridão.[16] Pregando um preservativo em uma parede e ateando-lhe fogo permitiu que McCartney e Best tivessem uma fonte de luz, usada para localizar os pertences.[17] Não houve danos reais, mas Koschmider os denunciou à polícia por incêndio criminoso. McCartney e Best passaram três horas numa carceragem, sendo em seguida deportados, assim como também foi George Harrison, por ter trabalhado abaixo da idade legal mínima.[18] A permissão de trabalho de John Lennon foi revogada alguns dias mais tarde e ele foi embora de trem, mas Sutcliffe teve um resfriado e ficou em Hamburg e depois voltou para casa.[19]
Referências
- ↑ a b Cynthia Lennon – “John” 2006 p76
- ↑ Spitz 2005 p202
- ↑ a b Harry, Bill. «While My Guitar Gently Weeps: The Tragic Story of Rory Storm & the Hurricanes (page 4)». Triumph pc. Consultado em 29 de fevereiro de 2008
- ↑ a b Cynthia Lennon “John” 2006. p93.
- ↑ Miles 1998. pp57-8.
- ↑ Spitz 2005 p201
- ↑ Spitz 2005 p216
- ↑ a b Spitz 2005. p221
- ↑ a b Spitz 2005 p219
- ↑ Spitz 2005 p220
- ↑ Harry, Bill (20 de agosto de 1999). «A Man called Horst». Triumph pc. Consultado em 12 de outubro de 2008
- ↑ Spitz 2005. p222
- ↑ Spitz 2005. p223
- ↑ a b Spitz 2005. p224
- ↑ Miles 1998. pp. 71–72.
- ↑ Miles. p72.
- ↑ Spitz pg.230
- ↑ Miles. pp72-73.
- ↑ Cynthia Lennon “John” 2006. p79.
Bibliografia
editar- Harry, Bill (setembro de 2001). The Beatles Encyclopedia. [S.l.]: Virgin Publishing. ISBN 978-0-7535-0481-9
- Lennon, Cynthia (2006). John. [S.l.]: Hodder & Stoughton. ISBN 0-340-89828-3
- Miles, Barry (1997). Many Years From Now. [S.l.]: Vintage-Random House. ISBN 0-7493-8658-4
- Spitz, Bob (2005). The Beatles: The Biography. [S.l.]: Little, Brown and Company (New York). ISBN 1-84513-160-6
- The Beatles Anthology (2003). The Beatles Anthology (DVD). [S.l.]: Apple Records. ASIN - B00008GKEG