Félicité de La Mennais

político francês
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Félicité Robert de Lamennais, ou La Mennais (Saint-Malo, 19 de junho de 1782Paris, 27 de fevereiro de 1854), foi um padre, filósofo, político e escritor francês.[3]

Félicité de La Mennais
Félicité de La Mennais
Retrato por L. D. Lancôme, 1827
Nascimento 19 de junho de 1782
Saint-Malo, Reino da França
Morte 27 de fevereiro de 1854[1]
Paris, Império Francês
Sepultamento cemitério do Père-Lachaise
Progenitores
  • Pierre-Louis Robert de la Mennais
  • Gratienne-Jeanne Lorin
Irmão(ã)(s) Jean-Marie de La Mennais, Marie-Joseph de La Mennais, Louis-Marie Robert de La Mennais, Gratien Robert de La Mennais
Ocupação filósofo, político, tradutor, sacerdote, teólogo, escritor
Religião panteísmo[2]
(anteriormente catolicismo)
Assinatura
Assinatura de Félicité de La Mennais

Biografia

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Nascido em uma família de armadores de Saint-Malo, foi educado por seu irmão Jean e tornou-se padre.[3] Escritor brilhante, tornou-se uma figura influente e controversa na história da Igreja Católica francesa. Juntamente com Jean, concebeu a ideia de reviver o catolicismo romano como uma chave para a regeneração social. Chegaram a esboçar um programa de reforma, sob o título Reflexão do estado da Igreja…, no ano de 1808.

Cinco anos mais tarde, no auge do conflito entre Napoleão Bonaparte e o papado, os irmãos produziram uma defesa do ultramontanismo (doutrina e política dos católicos franceses que buscavam inspiração na Cúria Romana, defendendo a autoridade absoluta do Papa em matéria de fé e disciplina). Esta obra valeu a Lemennais um conflito com o Imperador, forçando-o a uma precipitada fuga para a Inglaterra em 1815. No ano seguinte, com 34 anos de idade, Lamennais retornou a Paris, onde foi ordenado padre.[4]

Escritor fluente, político e filósofo, esforçou-se para combinar a política liberal com o catolicismo, após a Revolução Francesa. Desse modo, já em 1817 publicou Ensaios sobre a indiferença em matéria de religião considerada em suas relações com a ordem política e civil, além de uma tradução da Imitação de Jesus Cristo.

O ensaio lhe valeu fama imediata. Nele, Lamennais argumentava a respeito da necessidade da religião, baseando seus apelos na autoridade da tradição e a razão geral da Humanidade, em vez do individualismo do julgamento privado. Embora advogasse o ultramontanismo na esfera religiosa, em suas crenças políticas era um liberal que advogava a separação do Estado da Igreja, a liberdade de consciência, educação e imprensa.

Depois da Revolução de Julho de 1830, Lamennais, junto com Henri Dominique Lacordaire e Charles de Montalembert, além de um grupo entusiástico de escritores do catolicismo liberal, fundou o jornal L'Avenir. Neste periódico diário, defendia os princípios democráticos, a separação da Igreja do Estado, o que lhe criou embaraços tanto com a hierarquia eclesiástica francesa quanto com o governo do rei Luís Filipe.

O Papa Gregório XVI desautorizou as opiniões de Lamennais na encíclica Mirari vos, em agosto de 1832.[5] Não houve uma citação específica a ele e nem a seu jornal, mas tão somente uma censura implícita a ambos. Inicialmente, Lamennais suspendeu a distribuição do jornal, submetendo-se. Em 1833, assinou uma submissão à autoridade papal, porém se arrependeu, considerando que era uma traição ao povo.[5] Mais tarde, deixou a Igreja e defendeu a própria posição na obra Paroles d'un croyant (Palavras de um crente), condenada explicitamente na encíclica Singulari Nos, em junho de 1834, sendo citados tanto o autor quanto a obra.[6] Em 1836, Lamennais renunciou completamente ao catolicismo.[5]

Incansável, ele se devotou à causa do povo, colocando sua pena a serviço do republicanismo e do socialismo. Escreveu obras como O Livro do Povo (1838), Os afazeres de Roma e Esboço de uma Filosofia. Chegou a ser condenado à prisão mas, já em 1848 foi eleito para a Assembleia Nacional,[7] e em 1849 entrou para a Assembleia Legislativa; posteriormente, aposentou-se em 1851.[8]

Por ocasião de sua morte, não desejando se reconciliar com a Igreja (havia adotado uma filosofia panteísta[2] e recusou-se em seu leito a ver um padre[5]), foi sepultado em uma cova de indigente[9] sem uma cruz na lápide e seu corpo não havia sido levado previamente a uma igreja,[10] como pediu em vida.[1][10]

Na obra O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, encontram-se mensagens atribuídas tanto a Lamennais quanto a Lacordaire. Também em O Livro dos Espíritos, obra espírita do mesmo autor, na questão 1009, pode-se encontrar uma mensagem atribuída a Lammenais.

Ver também

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Referências

  1. a b «La tombe de Lamennais». L'Intermédiaire des chercheurs et curieux (em francês). LXXVIII (1486). 1 de janeiro de 1918. p. 167. Consultado em 9 de dezembro de 2023 
  2. a b Cárcel, Vicente (2009). Historia de la Iglesia. III: La Iglesia en la época contemporánea 3ª ed. Madrid: Palabra. p. 82. ISBN 978-84-9840-290-2 
  3. a b Lemaître, Nicole; Quinson, Marie-Therese; Sot, Véronique (1999). Dicionário cultural do cristianismo. São Paulo: Loyola. p. 179. ISBN 978-85-15-01330-2 
  4. «Lamennais (1782 - 1854)» (em francês). Herodote.net. Consultado em 9 de dezembro de 2023 
  5. a b c d Cook, Bernard (20 de outubro de 2004). «Lamennais, Hugues-Félicité Robert de (1782-1854)». Ohio University (em inglês). Consultado em 9 de dezembro de 2023 
  6. Gregório XVI (25 de junho de 1834). «Singulari Nos». Papal Encyclicals (em inglês). Consultado em 9 de dezembro de 2023 
  7. «La Mennais, Félicité de (1782-1854)». BnF Catalogue général (em francês). Consultado em 9 de dezembro de 2023 
  8. «Félicité Robert de Lamennais». Assemblée Nationale (em francês). Consultado em 9 de dezembro de 2023 
  9. Lamennais, Félicité Robert de (1895). Essay on Indifference in Matters of Religion (em inglês). Traduzido por Stanley of Alderley. Londres: John McQueen. Prefácio do tradutor 
  10. a b Faure, Philippe Amedee (1859). Journal d'un combattant de février (em francês). Jersey: C. Le Feuvre. p. 165 

Ligações externas

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