Musonycteris harrisoni

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O morcego-da-banana (Musonycteris harrisoni) é uma espécie de morcego nectarívoro da família Phyllostomidae ameaçada de extinção. É também comumente conhecido como morcego-de-nariz-de-trombeta[2] ou morcego-de nariz-longo-de-Colima.[3] É a unica espécie no gênero Musonycteris.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaMusonycteris harrisoni
Taxocaixa sem imagem
Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável (IUCN3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Chiroptera
Família: Phyllostomidae
Subfamília: Glossophaginae
Gênero: Musonycteris
Espécie: M. harrisoni
Nome binomial
Musonycteris harrisoni
Schaldach & McLaughlin, 1960
Distribuição geográfica

Descrição

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Musonycteris harrisoni é um morcego de tamanho médio (machos de 12,6 g, fêmeas de 10,9 g) com um focinho extremamente longo, orelhas pequenas e arredondadas e uma cauda curta totalmente contida no uropatágio. O rostro constitui aproximadamente metade do comprimento total do crânio. A coloração da pelagem deste morcego é marrom acinzentado. A base de cada pelo dorsal individual é branca com o ápice marrom.[2]

Distribuição e habitat

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Esta espécie foi descoberta pela primeira vez em uma plantação de bananas. Musonycteris harrisoni é endêmica ao México. A principal parte de sua distriuição está no sudoeste do país, nos estados de Colima, Michoacán e Guerrero. Este morcego é um dos morcegos filostomídeos com menor área de distribuição, ocorrendo ao longo de aproximadamente 20.000 km2.[4] Seu habitat natural é matagal seco tropical ou subtropical. A espécie astá ameaçada principalmente pela perda de habitat . A altitude máxima registrada para a espécie é superior a 1.700 m.[2]

Filogenia

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Esta espécie de morcego pertence à subfamilia Glossophaginae da família Phyllostomidae. Os morcegos neotropicais que se alimentam de néctar compreendem mais de 40 espécies, classificadas em duas subfamílias, Glossophaginae e Lonchophyllinae.[4]

As populações de Musonycteris harrisoni podem ser agrupadas em dois clados geograficamente restritos, representando a porção norte e sul da distribuição da espécie. A diferença genética entre os dois clado é de 41%, o que é considerado alto. O clado norte é restrito pela cordilheira de Sierra Madre ao longo da costa do Pacífico do México.[5]

Os morcegos da espécie M. harrisoni são nectarívoros. Este morcego consome em sua dieta espécies de plantas florestais e cultivadas. A principal dieta vegetal do morcego-banana consiste em néctar e pólen de plantas dos gêneros Cleome, Pseudobombax, Crataeva, Agave, Helicteres e Pachycereus, mas as espécie já foi registradas visitando outros tipos de plantas. Mesmo com seu longo rostro, a espécie não têm relações estreitas com flores de tubos longos.[4] O pólen coletado nos pelos de M. harrisoni constitui uma das únicas fontes constantes de nitrogênio para o morcego.[6] Muitas outras espécies de morcegos nectarívoros podem consumir insetos ou frutos durante parte do ano, para complementar o déficit de proteínas, porém M. harrisoni não consegue fazer isso devido às suas mandíbulas longas.[7]

Com base em 84 amostragens de pólen, M. harrisoni visita ao menos 14 espécies de plantas durante o ano. Esse morcegos também foram registrado visitando flores de bananas cultivadas (Musa) que não produziam pólen.[4]

Comportamento

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Um estudou registrou oito fêmeas lactantes durante a estação seca, entre meados de março e meados de abril. Fêmeas capturadas entre julho e setembro não estavam com sinais de gestação avançada ou lactação, indicando que M. harrisoni se reproduz uma vez ao ano durante a estação seca. As recapturas de animais de estudo foram sempre inferiores a 1 km de distância; a maioria estava a 100 m do local original de captura.[4]

Apesar de viver em ambientes com recursos florais vaiáveis ao longo do ano, M. harrisoni se estabeleceu durante todo o ano no mesmo local de estudo, o que pode estar relacionado a seu pequeno tamanho corporal. As espécie nectarívoras que migram, seguem a disponibilidade regional de néctar[8] e são feitas por espécies maiores de glossofagíneos, como Leptonycteris, Choeronycteris mexicana e, em menor extensão, Anoura geoffroyi.[9][10][11]

Fisiologia

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Por se alimentar de néctar, M. harrisoni possui algumas adaptações especiais. Um exempl são as escamas dos pelos que se espalham em um ângulo em relação ao eixo principal. Isso é único, pois os pelos da maioria dos morcegos são relativamente lisos. Essas escamas permitem capturas grãos pólen que serão consumidos pelo animal.[6] O pólen capturado nos pelos é uma fonte útil de nitrogênio e também irá favorecer a polinização cruzada de plantas. Uma das espécies polinizadas por M. harrisoni é Ceiba aesculifolia.[3]

Outra adaptação para a nectarivoria é a habilidade de realizar um voo pairado, como o dos beija-flores. Indivíduos da espécie também têm uma língua longa que pode ter até dois terços do comprimento do corpo.[4] A língua de um indivíduo capturado media 76 mm da ''abertura da mandíbula até a ponta esticada''.[2]

Referências

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  1. Arroyo-Cabrales, J.; Ospina-Garces, S. (2015). «Musonycteris harrisoni». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2015: e.T14003A22099002. doi:10.2305/IUCN.UK.2015-4.RLTS.T14003A22099002.en . Consultado em 18 November 2021  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  2. a b c d Tellez, Guillermo; Ortega, Jorge (3 de dezembro de 1999). «Musonycteris harrisoni» (PDF). Mammalian Species (622): 1–3. JSTOR 3504527. doi:10.2307/3504527 . Consultado em 19 de novembro de 2015. Cópia arquivada (PDF) em 10 de dezembro de 2016 
  3. a b Stoner, Kathryn E.; Quesada, Mauricio; Rosas-Guerrero, Victor; Lobo, Jorge A. (1 de setembro de 2002). «Effects of Forest Fragmentation on the Colima Long-nosed Bat (Musonycteris harrisoni) Foraging in Tropical Dry Forest of Jalisco, Mexico». Biotropica. 34 (3): 462–467. ISSN 1744-7429. doi:10.1111/j.1744-7429.2002.tb00562.x 
  4. a b c d e f Tschapka, Marco; Sperr, Ellen B.; Caballero-Martínez, Luis Antonio; Medellín, Rodrigo A. (2008). «Diet and Cranial Morphology of Musonycteris harrisoni, a Highly Specialized Nectar-Feeding Bat in Western Mexico». Journal of Mammalogy. 89 (4): 924–932. doi:10.1644/07-MAMM-A-038.1  
  5. Ortega, Jorge; Tschapka, Marco; González-Terrazas, Tania P.; Suzán, Gerardo; Medellín, Rodrigo A. (1 de dezembro de 2009). «Phylogeography of Musonycteris harrisoni Along the Pacific Coast of Mexico». Acta Chiropterologica. 11 (2): 259–269. ISSN 1508-1109. doi:10.3161/150811009X485503 
  6. a b Howell, D. J.; Hodgkin, N. (1976). «Feeding adaptations in the hairs and tongues of nectar-feeding bats». Journal of Morphology. 148 (3): 329–39. PMID 1255733. doi:10.1002/jmor.1051480305 
  7. Aguirre, L. F.; Herrel, A.; Van Damme, R.; Matthysen, E. (2003). «The implications of food hardness for diet in bats». Functional Ecology. 17 (2): 201–212. doi:10.1046/j.1365-2435.2003.00721.x  
  8. Fleming, Theodore H.; Nuñez, Robert A.; Sternberg, Leonel da Silveira Lobo (1993). «Seasonal changes in the diets of migrant and non-migrant nectarivorous bats as revealed by carbon stable isotope analysis». Oecologia. 94 (1): 72–75. PMID 28313861. doi:10.1007/BF00317304 
  9. Arroyo-Cabrales, Joaquín; Hollander, Robert R.; Jones, J. Knox (1987). «Choeronycteris mexicana». Mammalian Species (291): 1–5. JSTOR 3503823. doi:10.2307/3503823  
  10. Galindo-Galindo, C.; Castro-Campillo, A.; Salame-Méndez, A.; Ramírez-Pulido, J. (2000). «Reproductive events and social organization in a colony of Anoura geoffroyi (Chiroptera: Phyllostomidae) from a temperate Mexican cave». Acta Zoológica Mexicana. 80 (80): 51–68. doi:10.21829/azm.2000.80801891  
  11. Ramírez-Pulido, José; Galindo-Galindo, Cristóbal; Castro-Campillo, Alondra; Salame-Méndez, Arturo; Armella, Miguel Angel (2001). «Colony Size Fluctuation of Anoura geoffroyi (Chiroptera: Phyllostomidae) and Temperature Characterization in a Mexican Cave». The Southwestern Naturalist. 46 (3): 358–362. JSTOR 3672433. doi:10.2307/3672433 
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