Nacionalismo cristão

Nacionalismo cristão é o nacionalismo religioso filiado ao cristianismo.[1] Os nacionalistas cristãos se concentram principalmente na política interna, como a aprovação de leis que refletem sua visão do cristianismo e seu papel na vida política e social. Nos países com uma igreja estatal, os nacionalistas cristãos, ao buscarem preservar o status de um Estado cristão, defendem uma posição em que uma igreja estatal (a "igreja estabelecida") deve continuar a receber o patrocínio do governo, em vez de ser desestabelecida (antidisestablishmentarian [en]).[2][3][4]

Os nacionalistas cristãos apoiam a presença de símbolos e estátuas cristãs em praças públicas, bem como o patrocínio estatal para a exibição da religião, como por oração nas escolas, a exibição de presépios durante a época de Natal ou a cruz cristã na Sexta-feira Santa.[5][6]

Os nacionalistas cristãos obtêm apoio de uma direita cristã mais ampla.[7]

Por país

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Brasil

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Descrito como "nacionalismo cristão tupiniquim", o governo de Jair Bolsonaro — cujo slogan é "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos" — e suas políticas foram descritas como sendo inclinadas ao nacionalismo cristão.[8][9] A influência religiosa no Brasil de Bolsonaro vai desde as pautas de comportamento ditadas pelo Palácio do Planalto até a indicação de cargos por critérios religiosos.[10] Para se estabelecer no governo, Jair Bolsonaro precisou da bancada evangélica e do apoio evangélico, formando seu "populismo evangélico".[11]

Canadá

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A pandemia do COVID-19 viu um aumento na atividade nacionalista cristã com muitos grupos usando sentimentos anticonfinamento para expandir seu alcance a mais pessoas.[12] O grupo Liberty Coalition Canada conquistou o apoio de muitos políticos eleitos em todo o Canadá.[13] Em seus documentos fundadores, eles argumentam que "é somente nas nações cristianizadas que a liberdade religiosa floresceu".[14] Este grupo recebeu apoio de vários outros grupos, incluindo de apoiadores de grupos de ódio de extrema-direita. Seus comícios atraíram apoiadores de Alex Jones e Canada First, um spin-off do grupo de Nick Fuentes, America First.[15] Muitos dos líderes da Liberty Coalition Canada são pastores que acumularam milhões em possíveis multas por violar os protocolos da COVID e alguns deles expressam visões ultraconservadoras.[16]

Estados Unidos

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 Ver artigo principal: Trumpismo#Trumpismo cristão
 
Monumento dos Dez Mandamentos no Capitólio Estadual do Texas

O Partido da Liberdade Cristã (Christian Liberty Party) é um partido político que vê os Estados Unidos como um país cristão.[17]

Os nacionalistas cristãos acreditam que os EUA devem ser uma nação cristã e querem "recuperar" os EUA para Deus.[18] Especialistas dizem que o apoio associado aos cristãos a políticos e políticas sociais de direita, como legislações relacionada à imigração, controle de armas e pobreza, é melhor entendido como nacionalismo cristão e não como evangelicalismo per se.[18][19] Alguns estudos sobre evangélicos brancos mostram que, entre as pessoas que se identificam como cristãs evangélicas, quanto mais frequentam a igreja, mais oram, e quanto mais leem a Bíblia, menos apoio elas tem para políticas nacionalistas (embora não as socialmente conservadoras).[19] Os evangélicos não nacionalistas concordam ideologicamente com os nacionalistas cristãos em áreas como políticas patriarcais, papéis de gênero e sexualidade.[19]

A congressista Marjorie Taylor Greene referiu-se a si mesma como uma nacionalista cristã. As colegas congressistas Lauren Boebert e Mary Miller também expressaram apoio ao nacionalismo cristão.[20][21] Kris Kobach se descreveu como um nacionalista cristão. O nacionalista branco Nick Fuentes expressou apoio ao nacionalismo cristão.[22] Nos Estados Unidos, há preocupações de críticos do racismo e sentimentos antidemocráticos associados ao movimento nacionalista cristão branco.[23][24]

Como consequência da invasão de 6 de janeiro ao Capitólio, o termo "nacionalismo cristão" tornou-se sinônimo de política identitária cristã branca, um sistema de crenças que se afirma como parte integrante da identidade americana em geral.[25] O The New York Times observa que, historicamente, "o nacionalismo cristão na América [...] abrangeu ideologias extremistas".[25] Os críticos levantaram preocupações sobre tendências racistas, violência masculina e sentimento antidemocrático que é frequentemente associado ao movimento nacionalista cristão branco moderno.[23][24]

Iugoslávia

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O Movimento Nacional Iugoslavo fascista (1935–1945) foi descrito como nacionalista cristão.[26][27]

Rússia

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi descrito como um líder global dos movimentos nacionalistas cristãos e da direita cristã.[28][29] Como presidente, Putin aumentou o poder da Igreja Ortodoxa Russa e demonstrou sua firme crença na Ortodoxia Oriental,[30] bem como mantendo contatos próximos com os Patriarcas de Moscou e Toda Rússia Alexo II e Cirilo.

Ver também

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Referências

  1. «Save the Economy, Liberty, and Yourself: Christian Nationalism and Americans' Views on Government COVID-19 Restrictions». Oxford and New York City: Oxford University Press on behalf of the Association for the Sociology of Religion. Sociology of Religion. 82 (4): 426–446. Inverno de 2021. ISSN 1759-8818. doi:10.1093/socrel/sraa047   Texto "New York]]" ignorado (ajuda); |nome2= sem |sobrenome2= em Editors list (ajuda)
  2. Bloomberg, Charles (1989). Christian Nationalism and the Rise of the Afrikaner Broederbond in South Africa, 1918-48. New York: Springer. ISBN 978-1-349-10694-3 
  3. Jenkins, Jack (2 de agosto de 2019). «Christian leaders condemn Christian nationalism in new letter». Religion News Service. Consultado em 14 de março de 2020 
  4. Kymlicka, Will (19 de abril de 2018). «Is there a Christian Pluralist Approach to Immigration?». Comment Magazine. Consultado em 14 de março de 2020 
  5. Perry, Samuel L.; Whitehead, Andrew L. (2020). Taking America Back for God: Christian Nationalism in the United States. Oxford and páginas=7–10 |isbn=978-0-19-005789-3 |New York: Oxford University Press 
  6. Bean, Lydia (2016). The Politics of Evangelical Identity: Local Churches and Partisan Divides in the United States and Canada. Princeton, New Jersey and Woodstock, Oxfordshire: Princeton University Press. ISBN 978-0-691-17370-2 
  7. Greenberg, Udi (22 de outubro de 2019). «Can Christian Democracy Save Us?». Boston Review. Consultado em 5 de agosto de 2020 
  8. de Bolle, Monica, ed. (6 de dezembro de 2019). «Nacionalismo cristão tupiniquim». Época. Consultado em 25 de setembro de 2022. (pede subscrição (ajuda)) 
  9. Ronilso Pacheco (5 de dezembro de 2021). «Como nasce o nacionalismo cristão - parte 1». Uol. Consultado em 25 de setembro de 2022 
  10. Gonçalves, Eduardo (8 de janeiro de 2021). «A efervescente mistura entre Estado e religião no Brasil de Bolsonaro». VEJA. Consultado em 25 de setembro de 2022 
  11. Oliveira, Fábio Falcão. «Governo Bolsonaro e o apoio religioso como bandeira política». Revista Brasileira de História das Religiões. doi:10.4025/rbhranpuh.v13i37.52231. Consultado em 25 de setembro de 2022 
  12. «COVID-19 conspiracy theories are spreading online like a virus. An inside look at a dangerous misinformation movement that's spilling into the real world». thestar.com (em inglês). 22 de julho de 2021. Consultado em 23 de julho de 2021 
  13. «End the Lockdowns Caucus | Liberty Coalition Canada». Liberty Coalition (em inglês). Consultado em 12 de novembro de 2021 
  14. «FAQ». Niagara Declaration (em inglês). Consultado em 23 de julho de 2021 
  15. «Canada First Exposed: Months Inside One of Canada's Biggest, Youngest, and Newest White Supremacist Chatrooms». Canadian Anti-Hate Network (em inglês). Consultado em 23 de julho de 2021 
  16. «Excommunicated Politicians Partner With Christian Nationalists In COVID Conspiracy Movement». Canadian Anti-Hate Network (em inglês). Consultado em 23 de julho de 2021 
  17. McKeen, Leah A D, "Canadian Christian Nationalism?: The Religiosity and Politics of the Christian Heritage Party of Canada" (2015). Theses and Dissertations (Comprehensive). 1740.
  18. a b Bailey, Sarah Pulliam (26 de outubro de 2020). «Seeking power in Jesus' name: Trump sparks a rise of Patriot Churches». Washington Post (em inglês). ISSN 0190-8286. Consultado em 12 de novembro de 2020 
  19. a b c Sutton, Matthew Avery (16 de julho de 2020). «The Truth About Trump's Evangelical Support». The New Republic. ISSN 0028-6583. Consultado em 12 de novembro de 2020 
  20. Tyler, Amanda (27 de julho de 2022). «Opinion: Marjorie Taylor Greene's words on Christian nationalism are a wake-up call». CNN. Consultado em 29 de julho de 2022 
  21. Predefinição:Bare URL inline
  22. «They Love Jesus, Bon Iver, and Incels. Inside America's New Ultranationalist Youth Movement». Vice.com. Consultado em 13 de agosto de 2022 
  23. a b Jones, Sarah (4 de junho de 2022). «White Christian Nationalism 'Is a Fundamental Threat to Democracy'». Intelligencer (em inglês). Consultado em 22 de agosto de 2022 
  24. a b CNN, Analysis by John Blake. «An 'imposter Christianity' is threatening American democracy». CNN. Consultado em 22 de agosto de 2022 
  25. a b Dias, Elizabeth (8 de julho de 2022). «The Far-Right Christian Quest for Power: 'We Are Seeing Them Emboldened'». The New York Times. Consultado em 20 de setembro de 2022. Arquivado do original em 20 de setembro de 2022 
  26. Rebecca Haynes; Martyn Rady (30 de novembro de 2013). In the Shadow of Hitler: Personalities of the Right in Central and Eastern Europe. [S.l.]: I. B. Tauris. ISBN 978-1-78076-808-3 
  27. Jovan Byford (2008). Denial and Repression of Antisemitism: Post-communist Remembrance of the Serbian Bishop Nikolaj Velimirović. [S.l.]: Central European University Press. ISBN 978-963-9776-15-9 
  28. Stanley, Jason (26 de fevereiro de 2022). «The antisemitism animating Putin's claim to 'denazify' Ukraine». The Guardian. Consultado em 7 de março de 2022 
  29. Michel, Casey (9 de fevereiro de 2017). «How Russia Became the Leader of the Global Christian Right». Politico. Consultado em 7 de março de 2022 
  30. Paterson, Tom (9 de novembro de 2021). «Why Putin Goes to Church». The Cambridge Language Collective. Consultado em 7 de março de 2022 

Leitura adicional

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