Nascimento de Jesus

episódio bíblico do Novo Testamento
(Redirecionado de Natividade)
 Nota: ""Natividade"" redireciona para este artigo. Para a festa cristã que celebra a Natividade, veja Natal. Para outros significados, veja Natividade (desambiguação).

O Nascimento de Jesus, chamado também de Natividade, é uma referência aos relatos do nascimento de Jesus presentes principalmente nos evangelhos de Lucas e Mateus, mas também em alguns textos apócrifos.

O Nascimento de Jesus
c. 1325. Por Bernardo Daddi

Os evangelhos canônicos de Lucas e Mateus contam que Jesus nasceu em Belém, na província romana da Judeia de uma mãe ainda virgem. No relato do Evangelho de Lucas, José e Maria viajaram de Nazaré para Belém para comparecer a um censo e Jesus nasceu durante a viagem numa simples manjedoura.[1] Anjos o proclamaram salvador de todas as pessoas e pastores vieram adorá-lo. No relato de Mateus, astrônomos seguiram uma estrela até Belém para levar presentes a Jesus, nascido o "rei dos judeus". O rei Herodes ordenou em seguida o massacre de todos os garotos com menos de dois anos da cidade, mas a família de Jesus conseguiu escapar para o Egito e, depois que Herodes morreu, voltou para Nazaré.

Muitos acadêmicos defendem que as duas narrativas são não históricas e contraditórias.[2][3][4][5] Outros estudiosos cristãos defendem o contrário, ou seja, que não há contradição alguma e destacam as similaridades entre os relatos.[6] Finalmente, há os que entendem que a discussão sobre a historicidade dos evangelhos é secundária, argumentando que eles foram escritos como documentos teológicos e não como cronologias históricas.[7][8][9][10]

A principal celebração religiosa entre os membros da Igreja Católica e de diversos outros grupos cristãos é o serviço religioso da Véspera de Natal ou o da manhã do Dia de Natal. Durante os quarenta dias que levam ao Natal, a Igreja Ortodoxa pratica o Jejum da Natividade, enquanto que a maioria das congregações cristãs (incluindo a Igreja Católica, a Comunhão Anglicana, muitas igrejas protestantes e os batistas) iniciam a observância da temporada litúrgica do Advento quatro domingos antes do Natal — para todos, o período é de limpeza e renovação espiritual para a celebração do nascimento de Jesus. Na Igreja Católica, a Natividade de Jesus é o terceiro mistério gozoso do Santo Rosário.

Na teologia cristã, o nascimento é a encarnação de Jesus como segundo Adão, a realização da vontade de Deus com o objetivo de desfazer o dano provocado pela queda do primeiro Adão. As representações artísticas da Natividade tem sido um grande tema para os artistas cristãos desde o século IV. A partir do século XIII, o presépio enfatiza a humildade de Jesus e promove uma imagem mais terna de Jesus, um importante ponto de inflexão em relação às mais antigas imagens do Jesus "Senhor e Mestre", o que acabou por influenciar o ministério pastoral do cristianismo.[11][12][13]

Evangelhos canônicos

editar
Natividade – eventos anteriores
Maria e José buscam um refúgio para o parto

Os relatos sobre o casamento de José e Maria e o nascimento de Jesus aparecem em dois dos quatro evangelhos canônicos, o Evangelho de Lucas e o Evangelho de Mateus.[14] Lucas relata principalmente os eventos que antecedem ao nascimento e se concentra em Maria. Mateus, por outro lado, relata principalmente os eventos posteriores e se concentra em José.[15][16][17] Os dois outros evangelhos canônicos, o Evangelho de Marcos e o Evangelho de João, começam suas narrativas sobre a vida de Jesus com ele já adulto e ambos afirmam que ele teria vindo da Galileia (Marcos 1:9; João 7:41–42; João 7:52). João menciona o nome do pai dele (João 6:42), mas, fora isto, nenhum dos dois apresenta qualquer detalhe anterior.

Contudo, muitos eventos do relato de Lucas não estão em Mateus — por exemplo, a viagem de Nazaré para Belém — e outros aparecem apenas em Mateus, como a Fuga para o Egito.[18][19][20]

Geralmente se considera que o relato da Natividade no Novo Testamento se encerra com a cena de Jesus entre os doutores, anos depois, já depois de a família ter retornado para a Galileia.[14][20]

Evangelho de Lucas

editar

A Natividade é um elemento importante do Evangelho de Lucas e abrange mais de 10% do texto. Seu relato é três vezes mais longo que o de Mateus e maior do que muitos livros do Novo Testamento.[21] Lucas não se apressa para chegar ao nascimento e prepara-se para o evento narrando diversos episódios anteriores[21]: ele é o único a relatar o nascimento de João Batista, um episódio que ele utiliza para traçar paralelos com o nascimento de Jesus,[22] por exemplo, entre a visita do anjo (Lucas 1:5–25) a Zacarias sobre o nascimento de João Batista e a Anunciação a Maria (Lucas 1:26–38) a respeito do nascimento de Jesus ou também entre a Canção de Zacarias (Lucas 1:57–80) sobre João e a Canção de Simeão (Lucas 2:1–40) sobre Jesus.[22] Porém, enquanto Lucas dedica apenas dois versículos (Lucas 1:57–58) ao nascimento de João, o nascimento de Jesus aparecem em vinte (Lucas 2:1–20).[23] Lucas então liga os dois nascimentos no episódio da Visitação[21] e afirma que Maria e Isabel são primas.[24] Não existe menção de parentesco entre João e Jesus nos demais evangelhos e o estudioso Raymond E. Brown afirma que o fato é de "duvidosa historicidade".[25] Géza Vermes o chama de "artificial e indubitavelmente uma criação de Lucas".[26]

Em Lucas, Maria fica sabendo pelo anjo Gabriel que irá ter um filho chamado Jesus. Quando ela pergunta como seria possível, dado que era ainda uma virgem, Gabriel afirma que o Espírito Santo «virá sobre ti [ela]» (Lucas 1:35) e que «nenhuma palavra, vinda de Deus, será impossível» (Lucas 1:37). Sua resposta ficou depois famosa: «Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lucas 1:38). Depois Maria visita uma parente, Isabel, que está grávida de João Batista.

Quando Maria está perto de dar à luz, ela e o marido viajam de Nazaré para a terra ancestral de José em Belém para se registrarem no censo de Quirino (Lucas 2:2). Maria entra em trabalho de parto e, sem conseguir encontrar um lugar para se hospedar, o casal se refugia com o recém-nascido numa manjedoura (Lucas 2:1–7).

Um anjo visita os pastores que estavam nas redondezas e lhes leva «uma boa nova de grande gozo» (Lucas 2:10): «Hoje vos nasceu na cidade de Davi um Salvador, que é Cristo Senhor» (Lucas 2:11). O anjo conta que encontrarão a criança embrulhada em panos e deitada numa manjedoura. Ao anjo se junta uma «multidão da milícia celestial» (Lucas 2:13) que canta «Glória a Deus nas maiores alturas, E paz na terra entre os homens a quem ele quer bem.» (Lucas 2:14) Os pastores correram para o estábulo em Belém e lá encontraram Maria, José e Jesus. Eles repetiram o que ouviram do anjo e depois retornaram aos seus rebanhos (Lucas 2:16–20). Maria e José levaram depois Jesus até Jerusalém para ser circuncidado (Lucas 2:22) antes de retornarem todos para Nazaré (Lucas 2:39).

Evangelho de Mateus

editar

Depois do casamento de José e Maria em Mateus 1:18, José fica muito perturbado pela gravidez de Maria. Contudo, no primeiro dos três sonhos de José, um anjo afirma que ele não deve temer tomar Maria como sua esposa, pois a criança que ela carrega foi concebida pelo Espírito Santo.[27]

A mensagem do anjo a José em Mateus 1:21 inclui a origem do nome Jesus e adquire implicações salvíficas quando o anjo instrui José: «a quem chamarás JESUS; porque ele salvará o seu povo dos pecados deles» (Mateus 1:21).[28][29] É o único ponto de todo o Novo Testamento no qual o termo "salvar [seu povo]" aparece junto com "pecados" criando uma relação de causa e efeito.[30][28][31][32]

Estudiosos há muito debatem se Mateus 1:22–23 foi dito pelo anjo ou por Mateus.[33] Porém, Mateus 1:23 é, sem dúvida, a base para o uso do nome "Emanuel" ("Deus está conosco").[31] O nome Emanuel — das palavras hebraicas אֵל (’El - "Deus") e עִמָּנוּ (ʻImmānū - "conosco") — está relacionado com Isaías 7:14 e esta é mais uma de mais de uma dúzia ocorrências neste evangelho na qual Mateus, enquanto discute Jesus como sendo a realização de antigas profecias, faz referência ao livro de um dos profetas.[31][32]

Em Mateus 2:1–12, a Estrela de Belém revela o local do nascimento de Jesus para um número (tradicionalmente três) dos "magos" (em grego: μάγος; em latim: magi), geralmente traduzido como "magos" ou "sábios",[34][35] que viajaram até Jerusalém vindos de um país desconhecido "no oriente" (Mateus 2:1–4).

Os magos visitaram primeiro Herodes, o Grande, e perguntaram onde poderiam encontrar o recém-nascido "rei dos judeus". Herodes questionou seus conselheiros onde o Messias nasceria e eles responderam que seria em Belém, a terra natal do rei David, citando o profeta Miqueias (Miqueias 5:2–4). Herodes pediu aos magos que seguissem para lá e que depois voltassem para reportar se tinham conseguido encontrar a criança (Mateus 2:4–6).

Conforme os magos viajavam para Belém, a estrela «ia adiante deles» (Mateus 2:9) levando-os para uma casa onde encontraram e adoraram Jesus. Eles lhe deram presentes de ouro, incenso e mirra (Mateus 2:9–11), conforme previsto em Isaías 60, um capítulo que trata da peregrinação apocalíptica dos pagãos a Sião (Zion). No caso de Jesus, era a elite pagã que estava naquele momento com Jesus enquanto a elite do povo escolhido de Israel (os judeus) estava contra ele.[36]

Num sonho, os magos foram alertados por Deus de que Herodes pretendia matar Jesus, a quem ele via como rival, e, por isso, voltaram para casa sem dizer-lhe onde encontrar o menino. Em sonho, um anjo então pede a José que fuja com a família para o Egito. Enquanto isso, Herodes, furioso, ordenou que todos os garotos com menos de dois anos de Belém fossem assassinados, o infame "Massacre dos Inocentes". A afirmação de Herodes em Mateus 2:16–18 sobre garotos com dois anos ou menos sugere que os magos teriam chegado a Belém muitos meses depois do nascimento de Jesus.[37]

Depois da morte de Herodes, a família retornou do Egito, mas ficaram com medo de voltar para Belém por que o filho de Herodes governava a Judeia. Por isso, foram direto para a Galileia e se assentaram em Nazaré, realizando, segundo Mateus, outra profecia: «Ele será chamado Nazareno» (Mateus 2:23).

Análise histórica

editar

A maioria dos estudiosos da corrente principal (mainstream) não acredita que os relatos da Natividade de Lucas e Mateus sejam historicamente factuais.[2][3][4][5][38] Outros acreditam que esta discussão é secundária, pois os evangelhos foram escritos primariamente como documentos teológicos e não como cronologias históricas.[7][8][9][10] Como exemplo, eles citam que Mateus presta muito mais atenção ao nome da criança e às suas implicações teológicas do que ao evento do nascimento em si[31] e, segundo Karl Rahner, os evangelistas demonstram pouco interesse em sincronizar os episódios do nascimento ou da vida posterior de Jesus com a história secular da época.[39]

Como resultado, estudiosos modernos geralmente não fazem uso das narrativas da Natividade como fonte de informações históricas.[5][40] Seja como for, a narrativa do nascimento contém algumas informações biográficas úteis e o fato de ele ter nascido perto do fim do reinado de Herodes ou nome de seu pai (José) são considerados "historicamente plausíveis".[40][41]

Pontos de vista tradicionais

editar

Tradicionalmente, as narrativas bíblicas eram consideradas a Palavra de Deus inerrante. Alguns famosos estudiosos cristãos modernos ainda defendem esta visão, argumentando que os dois relatos são historicamente corretos e não se contradizem entre si, destacando as similaridades entre eles:[6] o nascimento em Belém e o nascimento virginal. Em 1997, uma pesquisa revelou que 31% dos vigários anglicanos na Inglaterra não acreditavam no nascimento virginal,[42] por exemplo.

George Kilpatrick e, separadamente, Michael Patella defendem a mesma tese e acrescentam ainda a infância em Nazaré como similaridade entre os dois. Os dois afirmam que, apesar de haver diferenças entre eles, uma narrativa geral pode ser construída combinando os dois.[43][44]

Nem Lucas e nem Mateus afirmam que suas narrativas sejam baseadas no testemunho direto de Maria ou de José.[45] James Hastings e, separadamente, Thomas Neufeld afirmam que as circunstâncias do nascimento foram mantidas deliberadamente restritas a um pequeno grupo de cristãos e mantidas em segredo por muitos anos depois de sua morte, o que explicaria as variações entre os dois relatos.[46][47]

Daniel J. Harrington afirma que, por conta da escassez de registros antigos, diversos problemas sobre a historicidade de alguns episódios da Natividade jamais poderão ser completamente determinados e que a mais importante tarefa é decidir o que está narrativa significava para as primeiras comunidades cristãs.[48]

Harmonização

editar
 Ver artigo principal: Harmonia evangélica

Diversos estudiosos bíblicos, de Bernard Orchard e Reuben Swanson até Cox e Easley, tentaram demonstrar como os textos das duas narrativas poderiam ser intercalados na forma de uma harmonia evangélica para criar um único relato que começa com a viagem de Nazaré para Belém, continua com o nascimento, a Fuga para o Egito e termina com o retorno a Nazaré.[49][50][51][52][53]

Jeffrey A. Gibbs apresentou uma harmonização diferente, que foca em Mateus 2:7–9. Segundo ele, Herodes e os magos já esperavam que a criança nasceria em Belém, que fica a uns poucos quilômetros ao sul de Jerusalém. A necessidade de uma estrela guiar os magos "sugere que Jesus não estava no lugar esperado".[54] Baseado em Lucas, este local desconhecido fora de Belém poderia ser Nazaré. Sem saber que a estrela levou os magos para lá, Herodes teria ordenado a execução dos meninos de Belém desnecessariamente.[54]

Análise crítica

editar

Muitos estudiosos modernos consideram as narrativas da Natividade como não históricas por estarem repletas de teologia e pelas discrepâncias entre os dois relatos.[40][55] Eles afirmam, por exemplo que o relato de Mateus sobre o aparecimento de um anjo a José num sonho, os magos, o massacre e a fuga para o Egito não tem paralelo em Lucas, que, por sua vez, descreve sozinho a aparição de um anjo a Maria, um censo, o nascimento numa manjedoura e o coro de anjos.[56]

A maioria dos estudiosos modernos aceita a hipótese da prioridade de Marcos, ou seja, que os relatos de Lucas e Mateus teriam se baseado no Evangelho de Marcos, mas que as narrativas da Natividade teriam sido baseadas das fontes independentes de cada um deles — conhecidas como fonte M para Mateus e fonte L para Lucas — e foram adições posteriores.[57]

Além disso, os estudiosos também rejeitam a historicidade dos relatos do nascimento especificamente, narrados de forma diferente e apresentando diferentes genealogias.[3][4][5][40][58] Enquanto Vermes e Sanders descartam o relato completamente como ficções piedosas, Brown acredita que eles foram construídos com base em tradições históricas mais antigas que os evangelhos.[59][60][61]

De acordo com Brown, não há um consenso único entre os estudiosos sobre a historicidade dos relatos e, entre os que acreditam neles, há os que rejeitam o nascimento em Belém defendendo outras cidades, principalmente Nazaré, mas também Cafarnaum e até mesmo a distante Corazim.[62] Bruce Chilton e o arqueólogo Aviram Oshri propuseram um nascimento Belém da Galileia, um local a dez quilômetros de Nazaré onde foram escavados artefatos da época de Herodes, o Grande.[63][64] Armand P. Tarrech afirma que a hipótese de Chilton não tem suporte nas fontes cristãs e nem judaicas, apesar de Chilton aparentemente ter levado a sério o fato de que José «subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém» (Lucas 2:4).[65]

Massacre dos Inocentes

editar
 Ver artigo principal: Massacre dos Inocentes

A maior parte das biografias modernas de Herodes negam que o massacre tenha ocorrido.[66] Steve Mason afirma que, se o Massacre dos Inocentes tivesse ocorrido como relata Mateus, seria muito estranho que Flávio Josefo não o tenha citado, negando por isso a historicidade do evento.[67] Sanders, da mesma forma, caracteriza o estilo de Josefo como convencido da crueldade de Herodes, sugerindo que ele teria incluído o evento em seu relato se ele tivesse ocorrido.[4] Ele prossegue afirmando que, tendo pouca informação de fato histórica, Mateus teria aparentemente baseado sua história no relato do jovem Moisés, que foi ameaçado pela ordem do faraó de matar todos os meninos hebreus e que este tipo de utilização das Escrituras para contar a história do nascimento de Jesus era considerado legítimo para os padrões da época.[4]

Há também aqueles que defendem a historicidade do massacre. R. T. France afirma que o massacre foi um evento de baixo impacto que não teria chamado a atenção de Josefo, apesar de ser típico dele em sua concepção.[68] Paul L. Maier argumenta que Belém era uma cidade pequena e que o massacre seria um evento irrelevante para Josefo, que nasceu, supostamente, mais de quarenta anos depois[69] Paul Barnett e, separadamente, Craig L. Blomberg defendem o mesmo, acrescentando que o número de crianças seria muito pequeno para atrair a atenção dos historiadores.[70][71]

Data do nascimento

editar
 
Mapa da região do Levante na época do Nascimento de Jesus. O domínio de Herodes Antipas em rosa, o de Filipe em verde e em laranja os territórios sob controle direto dos romanos.
 Mais informações : Cronologia de Jesus e Anno Domini

Duas abordagens diferentes tem sido utilizadas para estimar o ano do nascimento de Jesus, uma analisando os relatos da Natividade nos evangelhos de Lucas e Mateus e relacionando-os a outros dados históricos, e a outra vindo de trás para frente a partir da data estimada do início do ministério de Jesus.[72][73]

Abordagem via relatos da Natividade

editar

Os relatos dos evangelhos de Mateus e Lucas não mencionam uma data ou estação do ano para o nascimento de Jesus e Karl Rahner afirma que os evangelhos, de forma geral, não proveem informações cronológicas suficientes para satisfazer as demandas de um historiador moderno.[39] Mas tanto um quanto outro associam o nascimento de Jesus com a época de Herodes, o Grande[39] e, por isso, a maior parte dos estudiosos geralmente assume uma data para o nascimento entre 6 e 4 a.C.[74]

Porém, muitos estudiosos enxergam nos relatos uma contradição, pois enquanto o Evangelho de Mateus localiza o nascimento de Jesus durante o reinado de Herodes, que morreu em 4 a.C., o Evangelho de Lucas o faz dez anos depois da morte dele, durante o censo de Quirino, descrito pelo historiador Josefo.[39] A maioria acredita que Lucas teria simplesmente se enganado,[75] enquanto outros tentaram reconciliar relato com os detalhes fornecidos por ele,[76][77] utilizando abordagens que vão desde "erros gramaticais" — a tradução da palavra grega prote, utilizada em Lucas, deveria ser lida como "registro [censo] antes de Quirino ser governador da Síria" — até argumentos arqueológicos e referências a Tertuliano sugerindo um "censo em duas fases" — que teria envolvido um registro inicial, baseado em Lucas 2:2, que cita um "primeiro recenseamento".[53][78][79][80] Géza Vermes descarta estas tentativas como sendo "acrobacias exegéticas".[81]

Apesar da celebração do Natal em dezembro, nem Lucas e nem Mateus mencionam uma estação do ano para o nascimento de Jesus. Porém, argumentos acadêmicos sobre o realismo dos pastores deixando seus rebanhos pastando no inverno já foram propostos, tanto disputando um nascimento no inverno (no hemisfério norte) para Jesus quanto defendendo-o com base na brandura dos invernos em Israel e nas regras rabínicas sobre ovelhas perto de Belém antes de fevereiro.[82][83][84]

Segundo Santo Agostinho, em seu livro De Trinitate, 4º volume, a data do Natal foi estabelecida em 7 de Janeiro (hoje em dia modificada para 25 de Dezembro) porque uma tradição afirma que a concepção de Jesus foi no dia 8 de Abril e a gestação ocorreu durante 9 meses exatos. Eis o que diz o Pai da Igreja:

"Octauo enim kalendas apriles conceptus creditur quo et passus; ita monumento nouo quo sepultus est ubi nullus erat positus mortuorum nec ante nec postea congruit uterus uirginis quo conceptus est ubi nullus eminatus est mortalium. Natus autem traditur octauo kalendas ianuarias."[85]

Abordagem de trás para a frente

editar

Uma abordagem para estimar o ano do nascimento de Jesus independente dos relatos da Natividade envolve contar o tempo para trás a partir da afirmação em 3 23: de que Jesus "tinha cerca de trinta anos" quando começou a pregar.[72][86]

Três independentes formas de estimar as datas desta forma foram propostas: a primeira utilizando o «décimo quinto ano do reinado de Tibério César» (Lucas 3:1), a segunda via uma referência durante a disputa entre Jesus e os fariseus em João 2:20 ("Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e tu o levantarás em três dias?") e finalmente a terceira com base na referência de Flávio Josefo à prisão e execução de João Batista.[87] Esta última se relaciona ao período do ministério de Jesus, mas as duas anteriores são referências à data quando ele começou a pregar.

Calculando de trás para a frente desta forma, alguns estudiosos estimaram o ano de 28 d.C. como sendo, a grosso modo, o 32º aniversário de Jesus e, portanto, que ele teria nascido entre 6 e 4 a.C.[72][86][88]

Local de nascimento

editar
 
Igreja da Natividade em Belém, cujo edifício original foi construído por Santa Helena, no século IV, sobre o local onde tradicionalmente se acredita ter nascido Jesus.
 
Mosaicos da Igreja da Natividade
 
Gruta da Igreja da Natividade

Lucas e Mateus afirmam que Jesus nasceu em Belém (Mateus 2:1; Lucas 2:4). Embora Mateus não afirme a origem de José ou onde ele morava antes do nascimento,[89][90] o seu relato deixa a impressão que a família vivia em Belém.[91] Porém, Lucas 1:26–27 claramente afirma que Maria vivia em Nazaré antes do nascimento de Jesus.[90]

O relato de Lucas afirma que Maria deu à luz Jesus e o deitou numa manjedoura «porque não havia lugar para eles na hospedaria» (Lucas 2:7).[92] A palavra grega "kataluma" pode ser trazida tanto como "hospedaria" quanto como "quarto de hóspedes" e alguns estudiosos já propuseram que José e Maria teriam tentado ficar na casa de parentes ao invés de numa hospedaria, mas as encontraram lotadas (e por isso decidiram se abrigar numa sala com uma manjedoura[93]).

No século II, Justino Mártir afirmou que Jesus teria nascido numa caverna fora da cidade em linha com o apócrifo Protoevangelho de Tiago, que relata um nascimento lendário numa caverna próxima.[94][95] A Igreja da Natividade, em Belém, foi construída por Santa Helena e está sobre o local tradicional da caverna/manjedoura venerado como local de nascimento de Jesus e que pode ter sido no passado um santuário do deus Tamuz.[96] Em "Contra Celso" 1.51, Orígenes, que viajou pela Palestina a partir de 215, escreveu sobre a "manjedoura de Jesus".[97]

Sanders considera que o censo de Lucas, no qual todos teriam sido obrigados a voltar para sua terra natal, como sendo historicamente pouco crível, dado que era contrário à prática dos romanos, que não teriam obrigado seus súditos a abandonarem suas casas para voltarem às suas terras natais para um simples registre e que as pessoas eram incapazes de retraçar suas linhagens quarenta e duas gerações para trás.[4]

Temas e analogias

editar

Análise temática

editar

Helmut Koester afirma que a narrativa de Mateus se formou num ambiente bíblico enquanto que a de Lucas tinha como objetivo ser atrativa no mundo greco-romano.[98] Particularmente, segundo ele, enquanto os pastores eram vistos com ressalvas pelos judeus na época de Jesus, na cultura greco-romana eles eram considerados como "símbolos de uma era de ouro quando deuses e homens viviam em paz e a natureza estava em harmonia".[98] Porém, C. T. Ruddick, Jr. afirma que as narrativas da Natividade de Lucas (tanto de Jesus quanto de João) foram baseadas em Gênesis 27:43.[99] Seja como for, o relato de Lucas representa Jesus como salvador de todo o povo e sua genealogia retrocede até Adão, demonstrando sua humanidade em comum conosco, assim como seu nascimento em circunstâncias pouco nobres. Escrevendo para uma audiências de gentios, Lucas retrata Jesus como salvador de gentios e judeus.[100] Mateus utiliza cotações das Escrituras judaicas, cenas reminiscentes da vida de Moisés e um padrão numérico em sua genealogia para identificar Jesus como um "filho de David" e de Abraão. O seu prelúdio é muito maior que o de Mateus, enfatizando a era do Espírito Santo e a chegada de um salvador para todos os povos, gentios e judeus.[101]

Acadêmicos da corrente principal (mainstream) interpretam o relato de Mateus sobre a Natividade como representando Jesus como um novo Moisés, com uma genealogia que retrocede até Abraão.[102][103]

Segundo estes estudiosos, Mateus coloca Jesus no papel de um segundo Moisés: como ele, Jesus é salvo de um tirano assassino e foge de seu país natal até que seu perseguidor esteja morto e depois volta para casa como salvador de seu povo.[104]

Paralelos com o Antigo Testamento

editar

Acadêmicos há muito debatem se Mateus 1:22 e Mateus 2:23 são uma referência a passagens específicas do Antigo Testamento. O versículo em Mateus 1:22, "Ora tudo isto aconteceu, para que se cumprisse o que dissera o Senhor pelo profeta", não menciona o profeta Isaías em documentos do século IV (como o Codex Sinaiticus), mas alguns manuscritos dos séculos V e VI (como o Codex Bezae), já apresentam a forma "Isaías, o profeta".[105] «Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho» (Mateus 1:23) utiliza o termo grego "parthenos" como "virgem" como o trecho de Isaías na Septuaginta, ao passo que o mesmo trecho no muito mais antigo texto massorético utiliza a palavra hebraico "almah", que pode significar "donzela", "jovem mulher" ou "virgem".[106]

Já o versículo em Mateus 2:23, "para se cumprir o que foi dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno", não faz menção a uma passagem específica do Antigo Testamento e há diversas interpretações acadêmicas sobre ao que o trecho se refere.[107] B. Aland e outros estudiosos consideram o grego Ναζωραιος, utilizado para "nazareno", como de origem e etimologia incerta,[108] mas M. Menken afirma que trata-se do gentílico dos "habitantes de Nazaré".[109] Ele também afirma que o trecho pode ser uma referência a Juízes 13:5–7.[110] Gary Smith afirma que "nazireu" pode significar "aquele consagrado a Deus", ou seja, um asceta, ou pode ser uma referência a Isaías 11:1.[111]

Teologia cristã

editar
 
Queda do homem. Segundo o apóstolo Paulo, Jesus nasceu como um "novo Adão" ou "segundo homem", para redimir a herança de desobediência deixada pelo "primeiro homem", Adão

A Natividade tem importância central na doutrina cristã, desde a época patrística até os tempos atuais.[112][113][114] O primeiro a endereçar as questões teológicas do evento foi Paulo de Tarso e o debate continuou, dando origem a importantes diferenças cristológicas e mariológicas entre os cristãos que resultaram os primeiros cismas da Igreja no início do século V.

Nascimento de um novo homem

editar

Paulo considerava o nascimento de Jesus como um modelo para toda a criação e sua doutrina sobre a questão está em Colossenses 1:15–16: "[Ele] é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação. Pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, quer sejam tronos quer dominações quer principados quer potestades; todas as coisas têm sido criadas por ele e para ele".[115][116][117][118]

Além disso, Paulo entendia o nascimento de Jesus como um evento de importância cósmica que deu origem ao "novo homem" que desfez o dano provocado pela queda do primeiro homem, Adão. Da mesma forma que a visão joanina de Jesus como o Logos encarnado proclama a relevância universal de seu nascimento, a perspectiva paulina enfatiza o nascimento de um novo homem e de um novo mundo no nascimento de Jesus.[119] Na doutrina de Paulo, Adão se posiciona como o primeiro homem e Jesus, o segundo: o primeiro, tendo se corrompido por sua desobediência, infectou também a humanidade e a deixou com uma maldição como herança. A visão escatológica de Paulo, o nascimento de Jesus, por outro lado, contrabalançou a queda de Adão, trazendo a redenção e reparando o dano feito por ele.[120][119]

Na teologia patrística, o contraste paulino de Jesus como novo homem versus Adão foi o ponto de partida para a discussão sobre a singularidade do nascimento de Jesus e dos eventos de sua vida. A Natividade passou a ser o início da "cristologia cósmica" na qual o nascimento, a vida e a ressurreição de Jesus tem implicações universais.[119][121][122] O conceito de Jesus como "novo homem" repete o ciclo de nascimento e renascimento de Jesus, de seu nascimento até sua ressurreição: depois do nascimento, por sua moralidade e obediência ao Pai, Jesus deu início a uma "nova harmonia" na relação entre Deus Pai e o homem. Desta forma, os dois eventos deram origem ao autor e ao exemplo a ser seguido de uma nova humanidade.[123]

No século II, Ireneu de Lyon escreveu:

Quando Ele se encarnou e foi feito homem, começou de novo uma longa linhagem de seres humanos e nos deu, de maneira rápida e abrangente, a salvação; para que o que havíamos perdido em Adão — existir de acordo com a imagem e semelhança de Deus — possamos recuperar em Cristo Jesus.
 

Ireneu foi também um dos primeiros teólogos a utilizar a analogia do "segundo Adão" e da "segunda Eva", que, segundo ele, era a Virgem Maria. Em sua obra, Ireneu afirma que Maria "desatou o nó do pecado atado pela virgem Eva" e que, assim como Eva havia tentado Adão a desobedecer a Deus, Maria abriu o caminho de obediência para o "segundo Adão" (Jesus), da Anunciação até o Calvário, para que ele pudesse nos salvar, desfazendo o dano feito por Adão.[124]

No século IV, esta singularidade nas circunstâncias relativas à Natividade de Jesus e suas inter-relações com o mistério da encarnação tornou-se o elemento central tanto da teologia quanto hinódia de Santo Efrém da Síria. Para ele, à esta singularidade se somou o sinal de majestade do Criador, claramente perceptível pela habilidade de um Deus todo-poderoso de entrar neste mundo como um pequeno recém-nascido.[125] De Paulo, Agostinho citava «Pois assim como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos serão vivificados» (I Coríntios 15:22).[126]

Esta teologia persistiu durante a Reforma Protestante e o "segundo Adão" era um dos seis modos de expiação discutidos por João Calvino.[127] No século XX, o proeminente teólogo Karl Barth continuou a mesma linha de raciocínio e propôs que a Natividade de Jesus seria o nascimento de um novo homem que sucedeu Adão. Porém, na teologia de Barth, Jesus, ao contrário de Adão, serviu como um Filho obediente na realização da vontade divina e era, portanto, livre do pecado e capaz, por isso, de revelar a justiça de Deus Pai e de salvar o homem.[112]

Cristologia da Natividade

editar
 
Mosaico da Teótoco na Igreja de Chora, em Istambul. Uma das grandes controvérsias do cristianismo primitivo tratou do título de Teótoco dado Virgem Maria, que significa "portadora/mãe de Deus". A confusão teológica sobre a relação entre as naturezas divina e humana em Jesus encarnado — e delas com Maria — só se resolveu definitivamente no Concílio de Calcedônia em 451, à custa de um cisma que perdura até hoje (vide Igrejas ortodoxas orientais).

A Natividade de Jesus teve importantes consequências para o debate cristológico sobre a pessoa de Cristo desde os primeiros dias do cristianismo. A cristologia de Lucas está centrada na dialética das duas naturezas das manifestações divina e terra da existência de Cristo, ao passo que a de Mateus se foca na missão de Jesus e no seu papel como salvador da humanidade.[128][129]

A crença na divindade de Jesus levou à questão de se Jesus era um homem nascido de uma mulher ou Deus nascido de uma mulher. Diversas hipóteses e crenças sobre a natureza de seu nascimento circularam nos primeiros quatro séculos do cristianismo. O debate sobre o título Teótoco ("portadora/mãe de Deus") dado à Virgem Maria é um exemplo do impacto da mariologia na cristologia na época. Algumas destas hipóteses e doutrinas foram finalmente consideradas heresias — o nestorianismo, por exemplo — enquanto outras levaram a cismas e à formação de novos ramos da Igreja — a Igreja Assíria do Oriente, que existe até hoje.[130][131][132][133]

A ênfase salvífica de Mateus 1:21 impactou muito depois o debate teológico e a devoção ao Santo Nome de Jesus.[29][134][135] Mateus 1:23 é fonte da "Cristologia de Emanuel" no Novo Testamento. Começando com este versículo, Mateus demonstra um claro interesse em revelar Jesus como "o Senhor entre nós" ("Emanuel") e em desenvolver a caracterização de Jesus como "Emanuel" em pontos chave de seu evangelho.[136] O nome em si não aparece mais nenhuma vez no Novo Testamento, mas Mateus parte dele em Mateus 28:20 ("Eis que eu estou convosco todos os dias até o fim do mundo") para indicar que Jesus estará com os fiéis no fim dos tempos.[136][137] Ulrich Luz vai mais longe e afirma que o tema de "Emanuel" está presente em todo o Evangelho de Mateus entre 1:23 e 28:20, aparecendo implícita ou explicitamente em diversos outros versículos.[138]

Diversos concílios ecumênicos se reuniram nos séculos IV e V para lidar com estes temas. O Concílio de Éfeso debateu a união hipostática das naturezas humana e divina versus o monofisismo (uma única natureza), o miafisismo (duas naturezas unidas como uma só) e o nestorianismo (duas naturezas distintas).[139][140] O Concílio de Calcedônia (451) foi muito influente e um ponto de inflexão nos debates cristológicos da época, pois, ao encerrar definitivamente a discussão iniciada em Éfeso, provocou uma grande divisão na Igreja — as Igrejas ortodoxas orientais, que existem até hoje. Em Calcedônia, a união hipostática foi decretada parte do credo e doutrina oficial da Igreja.[141][142][143][144]

No século V, papa Leão Magno utilizou a Natividade como elemento principal de sua teologia. Ele compôs dez sermões sobre o tema, dos quais sete sobreviveram, e o que ele proferiu no natal de 451 demonstra sua preocupação com o aumento da importância dada à festa do natal e enfatiza as duas naturezas de Cristo em linha com a doutrina cristológica da união hipostática.[145] Leão frequentemente utilizava estes sermões para atacar os pontos de vista contrários, mas sem declarar nominalmente seus adversários, utilizando assim a festa da Natividade para deixar claras as fronteiras do que seria considerado herético sobre o nascimento e a natureza de Cristo.[130]

No século XIII, São Tomás de Aquino tratou da questão sobre se o "nascimento" deveria ser aplicado à pessoa (o Verbo) ou apenas à natureza humana assumida. O assunto foi tratado em oito artigos distintos da Suma Teológica, cada um propondo uma questão diferente: "Deve a Natividade considerar a natureza ao invés da Pessoa?", "Deve uma Natividade temporal ser atribuída a Cristo?", "Deve a Santa Virgem Maria ser chamada de Mãe de Cristo?", "Deve a Santa Virgem Maria ser chamada de Mãe de Deus?" e assim por diante.[146] Aquino distingui entre a pessoa nascida e a natureza na qual o nascimento se realiza,[147] resolvendo a questão argumentando que, segundo a união hipostática, Cristo tem completamente duas naturezas, uma recebida do Pai, eterna e divina, e outra de sua mãe, temporal e humana. Esta abordagem resolveu o problema mariológico de Maria ter recebido o título de Teótoco, pois ela seria de fato a "mãe de Deus" (Jesus) em sua natureza humana.[147]

Durante a Reforma Protestante, João Calvino argumentou que Jesus não foi santificado como "Deus manisfestado encarnado" (em latim: Deus manifestatus in carne) apenas por causa de seu nascimento virginal, mas através da ação do Espírito Santo "no instante de seu nascimento". Assim, Calvino argumenta que Jesus estava livre do pecado original e foi santificado quando nasceu para que sua geração fosse sem mácula, como era a geração antes da queda de Adão.[148]

Impacto no cristianismo

editar

Festas e elementos litúrgicos

editar
 
Cena da Natividade num sarcófago romano do século IV.
Palazzo Massimo alle Terme, em Roma.

Nos séculos I e II, o Dia do Senhor (domingo), a mais antiga celebração cristã, reunia diversos temas teológicos. No século II, a Ressurreição de Jesus se separou na festa da Páscoa e, no mesmo século, a Epifania começou a ser celebrada no oriente em 6 de janeiro.[149] A festa dos magos ("Dia de Reis") em 6 de janeiro pode estar relacionada à celebração pré-cristã da benção do Nilo no Egito, que se realizava em 5 de janeiro, mas não é certo.[150] A festa da Natividade, que transformar-se-ia no Natal, era uma festa do século IV no cristianismo ocidental, particularmente em Roma e no norte da África, embora não se saiba ao certo quando e nem onde ela foi celebrada primeiro.[151]

A primeira fonte citando 25 de dezembro como data do nascimento de Jesus foi Hipólito de Roma (170–236), que escreveu no início do século III e se baseou na premissa de que a concepção de Jesus se deu no equinócio da primavera no hemisfério norte, que ele datou em 25 de março, nove meses antes do nascimento.[152] Há evidências históricas de que, em meados do século IV, as igrejas cristãs do oriente celebrassem o nascimento e o Batismo de Jesus no mesmo dia, em 6 de janeiro, enquanto que as do ocidente celebravam o nascimento em 25 de dezembro (provavelmente influenciadas pelo solstício do inverno no hemisfério norte). É certo também que, nesta época, os calendários de ambas incluíam as duas festas.[153] A mais antiga sugestão de uma festa do Batismo de Jesus em 6 de janeiro vem de Clemente de Alexandria, mas não existe nenhuma outra menção ao evento até 361, quando conta-se que o imperador Juliano teria participado de uma.[153]

O manuscrito iluminado "Cronografia de 354", compilado em Roma, inclui uma referência à celebração do Natal.[154] Num sermão em Antioquia em 25 de dezembro de c. 386, São João Crisóstomo oferece informações mais específicas sobre a festa lá, afirmando que ela era celebrada havia apenas dez anos.[153] Por volta de 385, a festa do nascimento de Jesus foi separada do Batismo e passou a ser celebrada em 25 de dezembro em Constantinopla, Níssa e Amaseia. Num sermão em 386, Gregório de Níssa relacionou especificamente a festa da Natividade com a véspera do martírio de Santo Estêvão, celebrada no dia 26 de dezembro. Em 390, a festa já era realizada também em Icônio no mesmo dia.[153]

Papa Leão Magno oficializou a festa em sua obra "Mistério da Encarnação" no século V. Papa Sisto III depois instituiu a prática da missa à meia-noite dá véspera.[155] No século VI, o imperador Justiniano declarou o Natal como feriado legal.[156]

Nos séculos XIV e XV, a importância teológica da Natividade de Jesus foi ligada à crescente importância da natureza amorosa da devoção do Menino Jesus nos sermões de importantes figuras como Jean Gerson. Em seus sermões, além da natureza amorosa, Gerson destacava ainda o plano cósmico de Jesus para a salvação da humanidade.[157]

Na primeira parte do século XX, o Natal tornou-se uma "assinatura cultural" do cristianismo e de toda a cultura ocidental, mesmo em países como os Estados Unidos, que são oficialmente não religiosos. No início do século XXI, estes países começaram a prestar mais atenção aos sentimentos dos não cristãos durante as festas de Natal, abrindo espaço para manifestações de outras religiões.[158]

Transformando a imagem de Jesus

editar
 
Imagem contemporânea de Cristo como Kyrios, "o Senhor", a forma mais comum de representar Jesus antes do século XIII.
Catedral de Itapeva, São Paulo, Brasil.

Os primeiros cristãos viam Jesus como "o Senhor" a e palavra "Kyrios" aparece mais de 700 vezes no Novo Testamento como referência a ele[159] e seu uso na Septuaginta é também uma forma de atribuir a Jesus os atributos típicos de um Deus onipotente do Antigo Testamento.[159] O uso do termo é anterior à época de Paulo de Tarso, mas ele expande e elabora sobre o tema eu suas epístolas.[159]

As obras paulinas consolidaram entre os primeiros cristãos a imagem do "Kyrios" e seus atributos referentes não apenas à sua vitória escatológica, mas à sua "imagem divina" (em grego: εἰκών; romaniz.: eikōn), a partir de cuja face brilha a Glória de Deus. Esta imagem persistiu entre os cristãos como a percepção predominante de Jesus por muitos séculos.[160] Mais do que qualquer outro título, "Kyrios" definiu a relação entre Jesus e os que acreditavam nele como Cristo: Jesus era o Senhor e Mestre que deveria ser servido com todo coração e que viria um dia para julgar suas ações.[161]

Os atributos de senhor associados com a imagem de "Kyrios" de Jesus também implicavam em seu poder sobre toda a criação (Filipenses 2:10).[162] Paulo em seguida analisou o passado e propôs que o domínio final de Jesus fora preparado já desde o princípio, começando com a pré-existência e a Natividade, com base em sua obediência como imagem de Deus.[163] Com o tempo, principalmente por influência de Anselmo de Cantuária, Bernardo de Claraval e outros, esta imagem "Kyrios" de Jesus começou a ser suplantada por "uma imagem mais terna de Jesus", para cuja consolidação teve um papel fundamental a abordagem piedosa popular praticada pelos franciscanos.[162]

O século XIII testemunhou um importante ponto de inflexão no desenvolvimento desta nova "imagem terna" de Jesus no cristianismo, pois os franciscanos começaram a enfatizar principalmente a humildade de Jesus, tanto no nascimento quanto na morte. A construção do presépio por São Francisco de Assis foi instrumental para retratar essa nova imagem de Jesus mais suave que contrastava com a poderosa e radiante imagem da Transfiguração (e a imagem "Kyrios") e enfatizava o caminho da humildade escolhido por Deus para realizar seu próprio nascimento.[11] Conforme a Peste Negra devastava a Europa medieval, duas ordens mendicantes — franciscanos e beneditinos — ajudavam os fieis a liderem com a tragédia. Um elemento da abordagem franciscana era a ênfase na humildade de Jesus e na pobreza de seu nascimento: a imagem de Deus era a imagem de Jesus e não um Deus severo e punitivo, ele próprio humilde no nascimento e sacrificado na morte.[12] O conceito de que um Criador onipotente poderia se despir de todo poder para conquistar o coração dos homens pelo amor e que pudesse ser colocado indefeso numa manjedoura era maravilhosa e tão tocante para os fiéis quanto o sacrifício da morte na cruz no Calvário.[13]

Assim, já no século XIII, as ternas alegrias da Natividade de Jesus foram acrescentadas à agonia de sua crucificação e um novo e amplo repertório de emoções religiosas oficialmente aprovadas foi apresentado aos fiéis, com significativos impactos culturais sentidos nos séculos seguintes.[13] Os franciscanos abordavam as duas extremidades deste espectro emotivo. Por um lado, a introdução do presépio encorajou a imagem terna de Jesus enquanto, por outro, o próprio Francisco de Assis tinha uma profunda devoção pelos sofrimentos de Jesus na Cruz e disse ter recebido seus estigmas como expressão do amor que tinha. A natureza dual da piedade franciscana, baseada na alegria da Natividade e no sacrifício da Crucificação tinham um profundo apelo para as populações urbanas e, conforme os frades franciscanos viajavam, estas emoções se espalharam pelo mundo, transformando a imagem "Kyrios" de Jesus definitivamente numa outra, mais terna, amorosa e misericordiosa.[13] Estas tradições não se limitaram à Europa e logo se espalharam para outras partes do mundo, como a América Latina, as Filipinas e os Estados Unidos.[164][165]

De acordo com o arcebispo de Cantuária Rowan Williams, esta transformação, acompanhada pela proliferação da imagem terna de Jesus na imagem da Madona com o Menino teve um importante impacto no ministério cristão ao permitir que os cristãos sentissem a presença viva de Jesus como uma figura amorosa "quem está sempre ali para abrigar e cuidar dos que se voltam para ele em busca de ajuda".[166][167]

Hinos, arte e música

editar
Festas e tradições

Cânticos na narrativa de Lucas

editar

A narrativa da Natividade em Lucas deu origem a quatro cânticos muito conhecidos: o "Benedictus" ("Canção de Zacarias") e o "Magnificat" no primeiro capítulo e o "Gloria in Excelsis Deo" e o "Nunc Dimittis" ("Canção de Simeão") no segundo.[22] Estes "cânticos evangélicos" são atualmente parte integral da tradição litúrgica cristã.[168] A estrutura paralelizada da narrativa de Lucas sobre os nascimentos de Jesus e João Batista passa por três dos quatro cânticos, com exceção do "Gloria".[169]

O "Magnificat" (Lucas 1:46–55) é a resposta de Maria ao anjo na Anunciação, um dos oito hinos cristãos mais antigos e provavelmente o mais antigo hino mariano.[170] O "Benedictus" (Lucas 1:68–79) foi dito por Zacarias e o "Nunc Dimittis", por Simeão.[171] Finalmente, o "Gloria in Excelsis" tradicional é mais longo que a linha de abertura que aparece em Lucas 2:14 e é chamado geralmente de "Canção dos Anjos", pois foi por eles cantado durante a Anunciação aos pastores.[172]

Os três primeiros, se não forem da autoria do próprio Lucas, podem ter sua origem nos primeiros ritos litúrgicos ainda em Jerusalém, mas a origem exata deles permanece obscura.[173]

Artes visuais

editar
 Ver artigo principal: Natividade de Cristo na arte

As mais antigas representações artísticas da Natividade de Jesus estão nas catacumbas e sarcófagos em Roma. Como visitantes gentios, os magos eram populares nestas cenas, que também traziam o ciclo do nascimento e morte de Jesus e ressaltavam sua importância cósmica representando Adão e Eva. Porém, a mensagem inerente de pobreza e humildade da Natividade não caía bem com alguns romanos mais ricos, que embelezavam tanto a cena a ponto de algumas mostrarem Maria sentada num trono quando os magos chegaram.[174] No século XIV, começaram a aparecer imagens de Maria que combinavam atributos humildes terrenos com outros dignos de uma rainha no céu, como por exemplo as representações da Madona da humildade.[175]

Representações da Natividade são atualmente um componente normal das sequências ilustrando tanto ciclos da Vida de Cristo quanto da Vida da Virgem. Os ícones da Natividade também trazem em si uma mensagem de redenção: a unificação de Deus com a matéria forma o mistério da Encarnação, um ponto de inflexão na perspectiva cristã sobre a salvação.[176]

Na Igreja Ortodoxa, os ícones da Natividade geralmente correspondem a hinos marianos específicos, como o contácio: "A Virgem hoje deu à luz o Transubstancial e a terra ofereceu uma caverna ao Inaproximável...".[177] Em muitos ícones ortodoxos (geralmente acompanhados de seus respectivos hinos), dois elementos básicos são enfatizados. Primeiro, o evento retrata o mistério da Encarnação como a fundação da fé cristã e a natureza combinada de Cristo como Deus e homem. Segundo ele relaciona o evento à vida natural do mundo e suas consequências para a humanidade. De acordo com Gregório de Níssa, a festa do Natal na Igreja Ortodoxa não é um festival da Criação, mas da Recriação e da Renovação.[177]

Hinos, música e teatro

editar
 Ver artigos principais: Canção de Natal e Peça de Natal

Como os judeus do século I, os primeiros cristãos rejeitavam o uso de instrumentos musicais em cerimônias religiosas e se contentavam com cantos e cantochões, levando finalmente à utilização do termo a cappella ("na capela") para este tipo de canto sem instrumentos.

Um dos primeiros hinos sobre a Natividade foi "Veni redemptor gentium", composto por Santo Ambrósio, em Mediolano (moderna Milão), no século IV. No início do século seguinte, o poeta hispânico Prudêncio escreveu "Do Coração do Pai", que contém nove stanza dedicadas à Natividade e representou Jesus como criador do universo. No mesmo século, o poeta gaulês Sedúlio compôs "Das Terras Que Veem o Sol Nascer", sobre a humildade de Jesus.[174] O "Magnificat" é provavelmente o mais antigo hino mariano e se baseia na narrativa da Anunciação no Evangelho de Lucas.[170][171]

São Romano, o Melodista, teve um sonho da Virgem Maria na noite anterior à festa da Natividade e, quando acordou no dia seguinte, compôs seu primeiro hino "Sobre a Natividade" e continuou compondo hinos (provavelmente algumas centenas) até o final de sua vida.[178] Peças sobre a Natividade passaram a fazer parte do tropário, hinos na liturgia das igrejas de rito bizantino, a partir São Sofrônio no século VII.[179] No século XIII, os franciscanos já tinham encorajado a formação de uma forte tradição popular de canções de Natal nas diversas línguas da Europa.[180]

A maior parte das narrativas musicais da Natividade, com exceção dos hinos, não tem origem bíblica e não existiam até a música eclesiástica assimilar a ópera no século XVII. Depois, houve uma explosão de novas músicas, como a "História de Natal" (1660), de Schutz, "Christus", de Liszt, e o "Oratório de Natal", de Bach, no século seguinte.[181] O poema clássico de John Milton, "Ode à Manhã do Nascimento de Cristo" (1629)", foi utilizado por John McEwan em 1901.[181]

Ver também

editar
 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Nascimento de Jesus

Referências

  1. "biblical literature." Encyclopædia Britannica. Encyclopædia Britannica Online. Encyclopædia Britannica, 2011. Web.[1].
  2. a b The Gospel of Matthew by Daniel J. Harrington 1991 ISBN 0-8146-5803-2 p. 47
  3. a b c Vermes, Géza (2 de novembro de 2006). The Nativity: History and Legend. [S.l.]: Penguin Books Ltd. p. 64. ISBN 0-14-102446-1 
  4. a b c d e f Sanders, E. P. The historical figure of Jesus. Penguin, 1993. pp. 85–88.
  5. a b c d Jeremy Corley New Perspectives on the Nativity Continuum International Publishing Group, 2009 p. 22.
  6. a b Mark D. Roberts Can We Trust the Gospels?: Investigating the Reliability of Matthew, Mark, Luke and John Good News Publishers, 2007 p. 102
  7. a b Interpreting Gospel Narratives: Scenes, People, and Theology by Timothy Wiarda 2010 ISBN 0-8054-4843-8 pp. 75–78
  8. a b Jesus, the Christ: Contemporary Perspectives by Brennan R. Hill 2004 ISBN 1-58595-303-2 p. 89
  9. a b The Gospel of Luke by Timothy Johnson 1992 ISBN 0-8146-5805-9 p. 72
  10. a b Recovering Jesus: the witness of the New Testament Thomas R. Yoder Neufeld 2007 ISBN 1-58743-202-1 p. 111
  11. a b The image of St Francis by Rosalind B. Brooke 2006 ISBN 0-521-78291-0 pp. 183–184
  12. a b The tradition of Catholic prayer by Christian Raab, Harry Hagan, St. Meinrad Archabbey 2007 ISBN 0-8146-3184-3 pp. 86–87
  13. a b c d The vitality of the Christian tradition by George Finger Thomas 1944 ISBN 0-8369-2378-2 pp. 110–112
  14. a b A Dictionary of Biblical Tradition in English Literature by David L. Jeffrey 1993 ISBN 0-8028-3634-8 pp. 538–540
  15. Mercer dictionary of the Bible by Watson E. Mills, Roger Aubrey Bullard 1998 ISBN 0-86554-373-9 p. 556
  16. Jesus and the Gospels by Clive Marsh, Steve Moyise 2006 ISBN 0-567-04073-9 p. 37
  17. The Gospel according to Matthew by Leon Morris ISBN 0-85111-338-9 p. 26
  18. Steven L. Cox, Kendell H Easley, 2007 Harmony of the Gospels ISBN 0-8054-9444-8 pp. 30–37
  19. Who's Who in the New Testament by Ronald Brownrigg, Canon Brownrigg 2001 ISBN 0-415-26036-1 pp. 96–100
  20. a b The Birth of Jesus According to the Gospels by Joseph F. Kelly 2008 ISBN pp. 41–49
  21. a b c The people's New Testament commentary by M. Eugene Boring, Fred B. Craddock 2004 ISBN 0-664-22754-6 p. 177
  22. a b c An Introduction to the Bible by Robert Kugler, Patrick Hartin ISBN 0-8028-4636-X p. 394
  23. Luke by Robert A. Stein, Robert H. Stein 1993 ISBN 0-8054-0124-5 p. 103
  24. Recovering Jesus Thomas R. Yoder Neufeld 2007 ISBN 1-58743-202-1 pp. 113–114
  25. Brown, Raymond Edward (1973), The Virginal Conception and Bodily Resurrection of Jesus, Paulist Press, p. 54
  26. Vermes, Geza. The Nativity, p. 143.
  27. Matthew by Charles H. Talbert 2010 ISBN 0-8010-3192-3 p. 29
  28. a b Bible explorer's guide by John Phillips 2002 ISBN 0-8254-3483-1 p. 147
  29. a b All the Doctrines of the Bible by Herbert Lockyer 1988 ISBN 0-310-28051-6 p. 159
  30. The Westminster theological wordbook of the Bible 2003 by Donald E. Gowan ISBN 0-664-22394-X p. 453
  31. a b c d Matthew by Thomas G. Long 1997 ISBN 0-664-25257-5 pp. 14–15
  32. a b The Gospel of Matthew by Rudolf Schnackenburg 2002 ISBN 0-8028-4438-3 p. 9
  33. Matthew by David L. Turner 2008 ISBN 0-8010-2684-9 p. 68
  34. Brown, Raymond Edward (novembro de 1988). An Adult Christ at Christmas: Essays on the Three Biblical Christmas Stories. Collegeville, Minn.: Liturgical Press. p. 11. ISBN 0-8146-0997-X 
  35. Freedman, David; Myers, Allen C.; Beck, Astrid B. (novembro de 2000). Eerdman's Dictionary of the Bible. Grand Rapids, MI.: Eerdmans. p. 844. ISBN 0-8028-2400-5 
  36. Ulrich, Theology of the Gospel of Matthew, p. 27
  37. The New Testament by Bart D. Ehrman 1999 ISBN 0-19-512639-4 p. 109
  38. Marcus Borg, 'The Meaning of the Birth Stories' in Marcus Borg, N T Wright, The Meaning of Jesus: Two Visions (Harper One, 1999) page 179
  39. a b c d Encyclopedia of theology: a concise Sacramentum mundi by Karl Rahner 2004 ISBN 0-86012-006-6 p. 731
  40. a b c d The New Interpreter's Dictionary of the Bible: Volume 3 Abingdon Press, 2008. pp. 42, 269–70.
  41. Bruce M. Metzger, Michael D. Coogan, The Oxford Guide to People & Places of the Bible. Oxford University Press US, 2004. p. 137
  42. Cloud, David (7 de agosto de 2003). «Fifty years of anglican liberalism». Way of Life Literature. Fundamental Baptist Information Service, P.O. Box 610368, Port Huron, MI 48061, 866-295-4143, fbns@wayoflife.org. Consultado em 30 de janeiro de 2011. Arquivado do original em 21 de março de 2011 
  43. The Origins of the Gospel According to St. Matthew by George Dunbar Kilpatrick 2007 ISBN 0-86516-667-6 p. 54
  44. The Gospel according to Luke by Michael Patella 2005 ISBN 0-8146-2862-1 pp. 9–10
  45. Lord Jesus Christ by Larry W. Hurtado 2005 ISBN 0-8028-3167-2 p. 322
  46. A Dictionary of Christ and the Gospels: Volume II by James Hastings 2004 ISBN 1-4102-1788-4 p. 805
  47. Recovering Jesus: the witness of the New Testament Thomas R. Yoder Neufeld 2007 ISBN 1-58743-202-1 pp. 116–123
  48. Daniel J. Harrington 1991 The Gospel of Matthew ISBN 0-8146-5803-2 pp. 45–49
  49. The International Standard Bible Encyclopedia by Geoffrey W. Bromiley 1988 ISBN 0-8028-3785-9 p. 685
  50. John Bernard Orchard, 1983 Synopsis of the Four GospelsISBN 0-567-09331-X pp. 4–12
  51. The horizontal line synopsis of the Gospels by Reuben J. Swanson 1984 ISBN 0-87808-744-3 page xix
  52. Gospel Parallels by Burton H. Throckmorton 1992 ISBN 0-8407-7484-2 pp. 2–7
  53. a b Steven L. Cox, Kendell H Easley, 2007 Harmony of the Gospels ISBN 0-8054-9444-8 pp. 289–290
  54. a b Jeffrey A. Gibbs, 2006 Concordia Commentary: Matthew 1:1–11:1 ISBN 0-7586-0318-5 em Mateus 2:12–23
  55. Brown, Raymond Edward (18 de maio de 1999). The Birth of the Messiah: A Commentary on the Infancy Narratives in the Gospels of Matthew and Luke (The Anchor Yale Bible Reference Library). [S.l.]: Yale University Press. p. 36. ISBN 0-300-14008-8 
  56. Crossan, John Dominic; Watts, Richard J. (outubro de 1999). Who Is Jesus?: Answers to Your Questions About the Historical Jesus. Louisville, Ky.: Westminster John Knox Press. pp. 11–12. ISBN 0-664-25842-5 
  57. Funk, Robert W. e o Jesus Seminar. The acts of Jesus: the search for the authentic deeds of Jesus. HarperSanFrancisco. 1998. "Birth & Infancy Stories" pp. 497–526.
  58. Wright, Tom (março de 2004). Luke for Everyone. London: Westminster John Knox Press. p. 39. ISBN 0-664-22784-8 
  59. Vermes, Géza (2 de novembro de 2006). The Nativity: History and Legend. [S.l.]: Penguin Books Ltd. p. 22. ISBN 0-14-102446-1 
  60. Sanders, Ed Parish (1993). The Historical Figure of Jesus. London: Allen Lane. p. 85. ISBN 0-7139-9059-7 
  61. Hurtado, Larry W. (junho de 2003). Lord Jesus Christ: Devotion to Jesus in Earliest Christianity. Grand Rapids, Mich.: W.B. Eerdmans. pp. 319–320. ISBN 0-8028-6070-2 
  62. The birth of the Messiah by Raymond Brown 1993 ISBN 0-385-47202-1 p. 513
  63. Oshri, Aviram (novembro–dezembro de 2005). «Where was Jesus Born?». Archaeological Institute of America. Archaeology. 58 (6). Consultado em 24 de novembro de 2012 
  64. Chilton, Bruce (2006), «Recovering Jesus' Mamzerut», in: Charlesworth, James H., Jesus and Archaeology, ISBN 9780802848802, William B. Eerdmans Publishing Company, pp. 95–96 
  65. Handbook for the Study of the Historical Jesus edited by Tom Holmen and Stanley E. Porter (Jan 12, 2011) ISBN 9004163727 pages 3411–3412
  66. Paul L. Maier, "Herod and the Infants of Bethlehem", in Chronos, Kairos, Christos II, Mercer University Press (1998), p. 170
  67. Josephus and the New Testament by Steve Mason 2003 ISBN 1-56563-795-X p. 160
  68. The Gospel of Matthew by R. T. France 2007 ISBN 0-8028-2501-X pp. 43 and 83
  69. Paul L. Maier, Herod and the Infants of Bethlehem in "Chronos, Kairos, Christos 2" by Ray Summers, Jerry Vardaman ISBN 0-86554-582-0 pp. 169–179
  70. Jesus & the Rise of Early Christianity: A History of New Testament Times by Paul Barnett 2002 ISBN 0-8308-2699-8 p. 85
  71. Jesus and the Gospels: An Introduction and Survey by Craig L. Blomberg 2009 ISBN 0-8054-4482-3 p. 244
  72. a b c Paul L. Maier "The Date of the Nativity and Chronology of Jesus" in Chronos, kairos, Christos: nativity and chronological studies by Jerry Vardaman, Edwin M. Yamauchi 1989 ISBN 0-931464-50-1 pp. 113–129
  73. New Testament History by Richard L. Niswonger 1992 ISBN 0-310-31201-9 pp. 121–124
  74. Dunn, James DG (2003). «Jesus Remembered». Eerdmans Publishing: 324 
  75. Raymond Brown, An Adult Christ at Christmas: Essays on the Three Biblical Christmas Stories, (Liturgical Press, 1988), p. 17: "most critical scholars acknowledge a confusion and misdating on Luke's part."
    Por exemplo, Dunn, James Douglas Grant (2003), Jesus Remembered, Eerdmans. p. 344. ISBN 0-8028-3931-2 Similarly, Erich S. Gruen, 'The expansion of the empire under Augustus', in The Cambridge ancient history Volume 10, p. 157.
    Geza Vermes, The Nativity, Penguin 2006, p. 96.
    W. D. Davies and E. P. Sanders, 'Jesus from the Jewish point of view', in The Cambridge History of Judaism ed William Horbury, vol 3: the Early Roman Period, 1984
    Anthony Harvey, A Companion to the New Testament (Cambridge University Press 2004), p. 221.
    Meier, John P., A Marginal Jew: Rethinking the Historical Jesus. Doubleday, 1991, v. 1, p. 213.
    Brown, Raymond E. The Birth of the Messiah: A Commentary on the Infancy Narratives in Matthew and Luke. London: G. Chapman, 1977, p. 554.
    A. N. Sherwin-White, pp. 166, 167.
    Fergus Millar Millar, Fergus (1990). «Reflections on the trials of Jesus». A Tribute to Geza Vermes: Essays on Jewish and Christian Literature and History (JSOT Suppl. 100) [eds. P.R. Davies and R.T. White]. Sheffield: JSOT Press. pp. 355–81  repr. in Millar, Fergus (2006), «The Greek World, the Jews, and the East», University of North Carolina Press, Rome, the Greek World and the East, 3: 139–163 
  76. Archer, Gleason Leonard (abril de 1982). Encyclopedia of Bible Difficulties. Grand Rapids, Mich.: Zondervan Pub. House. p. 366. ISBN 0-310-43570-6 
  77. Frederick Fyvie Bruce, The New Testament Documents: Are They Reliable? (1943; republished Eerdman, 2003), pp. 87–88.
  78. Nikos Kokkinos, 1998, in Chronos, kairos, Christos 2 by Ray Summers, Jerry Vardaman ISBN 0-86554-582-0 pp. 121–126
  79. C.F. Evans, Tertullian's reference to Sentius Saturninus and the Lukan Census in the Journal of Theological Studies (1973) XXIV(1): 24–39
  80. The Life of Jesus of Nazareth by Rush Rhees 2007 ISBN 1-4068-3848-9 Section 54
  81. Geza Vermes (2 de novembro de 2006). The Nativity: History and Legend. [S.l.]: Penguin Books Limited. pp. 28–30. ISBN 978-0-14-191261-5 
  82. "New Testament History" by Richard L. Niswonger 1992 ISBN 0-310-31201-9 pp. 121–124
  83. Luke: an introduction and commentary by Leon Morris 1988 ISBN 0-8028-0419-5 p. 93
  84. Stories of Jesus' Birth by Edwin D. Freed 2004 ISBN 0-567-08046-3 pp. 136–137
  85. Santo Agostinho. «Livro 4º do Tratado da Trindade». Consultado em 22 de dezembro de 2014 
  86. a b The Cradle, the Cross, and the Crown: An Introduction to the New Testament by Andreas J. Köstenberger, L. Scott Kellum 2009 ISBN 978-0-8054-4365-3 p. 114
  87. Flávio Josefo. Antiguidades Judaicas Arquivado em 19 de abril de 2007, no Wayback Machine. XVIII, v, 2.
  88. Christianity and the Roman Empire: background texts by Ralph Martin Novak 2001 ISBN 1-56338-347-0 pp. 302–303
  89. Virgin Birth of Chris by J Gresham Machen 1987 ISBN 0-227-67630-0 p. 193
  90. a b Matthew by David L. Turner (Apr 15, 2008) ISBN 0801026849 page 98
  91. Joseph F. Kelly (2008). The Birth of Jesus According to the Gospels. [S.l.]: Liturgical Press. 43 páginas. ISBN 978-0-8146-2948-2 
  92. Brown, Raymond Edward (1977). The Birth of the Messiah: A Commentary on the Infancy Narratives in Matthew and Luke. Garden City, N.Y.: Doubleday. p. 401. ISBN 0-385-05907-8 
  93. Witherington, Ben (9 de dezembro de 2007). «No Inn in the Room: a Christmas Sermon on Lk 2.1–7» 
  94. Taylor, Joan E. (1993). Christians and the Holy Places: The Myth of Jewish-Christian Origins. Oxford: Clarendon Press. pp. 99–102. ISBN 0-19-814785-6 
  95. Protoevangelium 18; Justin Martyr, Dialogue with Trypho; cf. Orígenes, Contra Celso 1.2.
  96. Taylor, Joan E. (1993). Christians and the Holy Places: The Myth of Jewish-Christian Origins. Oxford: Clarendon Press. pp. 99–100. ISBN 0-19-814785-6 
  97. Eerdmans Dictionary of the Bible 2000 ISBN 90-5356-503-5 p. 173
  98. a b Helmut Köster, "Ancient Christian gospels: their history and development", Continuum International Publishing Group, (2004). pp. 307–308
  99. C. T. Ruddick, Jr. (1970) "Birth Narratives in Genesis and Luke" Novum Testamentum 12(4):343–348.
  100. Harris, Stephen L., Understanding the Bible. Palo Alto: Mayfield. 1985. "Luke" pp. 297–301
  101. "Jesus Christ." Cross, F. L., ed. The Oxford dictionary of the Christian church. New York: Oxford University Press. 2005
  102. Harris, Stephen L., Understanding the Bible. Palo Alto: Mayfield. 1985. "Matthew" pp. 272–285
  103. Brown, Raymond Edward (1977). The Birth of the Messiah: A Commentary on the Infancy Narratives in Matthew and Luke. Garden City, N.Y.: Doubleday. pp. 104–121. ISBN 0-385-05907-8 
  104. and Muddiman, John, "The Oxford Bible Commentary", (Oxford University Press, 2001) p. 850
  105. Veja Aland, op.cit., p. 3.
  106. Brown, Raymond E.; Achtemeier, Paul J. (1978). Mary in the New Testament: A Collaborative Assessment by Protestant and Roman Catholic Scholars. Paulist Press. p. 92. ISBN 0-8091-2168-9.
  107. Matthew's Bible: the Old Testament text of the evangelist by M. J. J. Menken 2004 ISBN 90-429-1419-X p. 161
  108. Aland, Barbara; Aland, Kurt; Martini, Carlo M.; Karavidopoulos, Johannes; Metzger, Bruce M. (dezembro de 1983). Novum Testamentum Graece Et Latine—Greek/Latin New Testament. [S.l.]: American Bible Society. p. 5. ISBN 3-438-05401-9 
  109. Matthew's Bible: the Old Testament text of the evangelist by M. J. J. Menken 2004 ISBN 90-429-1419-X p. 164
  110. Menken, Maarten J. J. "The Sources of the Old Testament Quotation in Matthew 2:23" Journal of Biblical Literature120:3 (451–68), 467–8.
  111. Smith, Gary (30 de agosto de 2007). The New American Commentary: Isaiah 1–33, Vol. 15A (New American Commentary). [S.l.]: B&H Publishing Group. p. 268. ISBN 0-8054-0115-6 
  112. a b Church dogmatics, Volume 4, Part 1 by Karl Barth, Geoffrey William Bromiley, Thomas Forsyth Torrance 2004 ISBN 0-567-05129-3 pp. 256–259
  113. a b An introduction to the early history of Christian doctrine by James Franklin Bethune-Baker 2005 ISBN 1-4021-5770-3 p. 334
  114. a b A History of the Christian Church by Williston Walker 2010 ISBN 1-4400-4446-5 pp. 65–66
  115. The International Standard Bible Encyclopedia by Geoffrey W. Bromiley 1988 ISBN 0-8028-3785-9 page 308
  116. An introductory dictionary of theology and religious studies by Orlando O. Espín, James B. Nickoloff 2007 ISBN 0-8146-5856-3 p. 238
  117. Mercer dictionary of the Bible by Watson E. Mills, Roger Aubrey Bullard 1998 ISBN 0-86554-373-9 p. 712
  118. Basic Theology: by Charles Caldwell Ryrie 1999 ISBN 0-8024-2734-0 p. 275
  119. a b c Systematic Theology, Volume 2 by Wolfhart Pannenberg 2004 0567084663 ISBN pp. 297–303
  120. An exposition of the epistle of Saint Paul to the Philippians by Jean Daille 1995 ISBN 0-8028-2511-7 pp. 194–195
  121. Christ in Christian Tradition: From the Apostolic Age to Chalcedon by Aloys Grillmeier, John Bowden 1975 ISBN 0-664-22301-X pp. 15–19
  122. The Witness of Jesus, Paul and John: An Exploration in Biblical Theology by Larry R. Helyer 2008 ISBN 0-8308-2888-5 p. 282
  123. Encyclopedia of theology: a concise Sacramentum mundi by Karl Rahner 2004 ISBN 0-86012-006-6 pp. 474 and 1434
  124. Burke, Raymond L.; et al. (2008). Mariology: A Guide for Priests, Deacons, Seminarians, and Consecrated Persons ISBN 978-1-57918-355-4 pp. 613–614
  125. The Early Christian World, Volumes 1–2 by Philip Francis Esler 2004 ISBN 0-415-33312-1 p. 452
  126. Orthodox readings of Augustine by George E. Demacopoulos, Aristotle Papanikolaou 2008 ISBN 0-88141-327-5 pp. 92–96
  127. The theology of John Calvin by Charles Partee 2008 ISBN 0-664-23119-5 p. 159
  128. Theology of the New Testament by Georg Strecker 2000 ISBN 0-664-22336-2 pp. 401–403
  129. Matthew by Grant R. Osborne 2010 ISBN 0-310-32370-3 lxxix
  130. a b Toward the origins of Christmas by Susan K. Roll 1995 ISBN 90-390-0531-1 pp. 208–211
  131. McGrath, Alister E. (2007), Christian theology: an introduction, ISBN 1-4051-5360-1, Malden, Mass.: Blackwell, p. 282 
  132. Ehrman, Bart D. (1993), The Orthodox corruption of scripture: the effect of early Christological controversies on the text of the New Testament, ISBN 978-0-19-510279-6, New York: Oxford University Press 
  133. Mary and the Saints by James P. Campbell 2005 0829417257 pp. 17–20
  134. Matthew 1–13 by Manlio Simonetti 2001 ISBN 0-8308-1486-8 p. 17
  135. Matthew 1-2/ Luke 1–2 by Louise Perrotta 2004 ISBN 0-8294-1541-6 p. 19
  136. a b Matthew's Emmanuel by David D. Kupp 1997 ISBN 0-521-57007-7 pp. 220–224
  137. Who do you say that I am?: essays on Christology by Jack Dean Kingsbury, Mark Allan Powell, David R. Bauer 1999 ISBN 0-664-25752-6 p. 17
  138. The theology of the Gospel of Matthew by Ulrich Luz 1995 ISBN 0-521-43576-5 p. 31
  139. Nicene and Post-Nicene Fathers, 2nd series, Vol XIV p. 207, translated edition by H.R. Percival. http://www.fordham.edu/halsall/basis/ephesus.html
  140. The Seven Ecumenical Councils of the Undivided Church, trans H. R. Percival, in Nicene and Post-Nicene Fathers, 2nd Series, ed. P. Schaff and H. Wace, (repr. Grand Rapids MI: Wm. B. Eerdmans, 1955), XIV, pp. 192–242
  141. The acts of the Council of Chalcedon by Council of Chalcedon, Richard Price, Michael Gaddis 2006 ISBN 0-85323-039-0 pp. 1–5
  142. The creed: the apostolic faith in contemporary theology by Berard L. Marthaler 2007 ISBN 0-89622-537-2 p. 114
  143. Essential theological terms by Justo L. González 2005 ISBN 0-664-22810-0 p. 120
  144. Doctrine and practice in the early church by Stuart George Hall 1992 ISBN 0-8028-0629-5 pp. 211–218
  145. Leo the Great by Pope Leo I, Bronwen Neil 2009 ISBN 0-415-39480-5 pp. 61–62
  146. Summa Theologica, Volume 4 (Part III, First Section) by St Thomas Aquinas 207 Cosimo Classics ISBN 1-60206-560-8 pp. 2197–2211
  147. a b Aquinas on doctrine: a critical introduction by Thomas Gerard Weinandy, John Yocum 2004 ISBN 0-567-08411-6 p. 98
  148. Calvin's Catholic Christology by E. David Willis 1966 Published by E.J. Brill, Netherlands, p. 83
  149. An introductory dictionary of theology and religious studies by Orlando O. Espín, James B. Nickoloff 2007 ISBN 0-8146-5856-3 p. 237
  150. The journey of the Magi: meanings in history of a Christian story by Richard C. Trexler 1997 ISBN 0-691-01126-5 p. 9
  151. Christian worship in Reformed Churches past and present by Lukas Vischer 2002 ISBN 0-8028-0520-5 pp. 400–401
  152. Mills, Watson E.; Edgar V. McKnight; Roger Aubrey Bullard (1990). Mercer Dictionary of the Bible. [S.l.]: Mercer University Press. p. 142. ISBN 0-86554-373-9. Consultado em 10 de julho de 2012 
  153. a b c d Aspects of the liturgical year in Cappadocia (325–430) by Jill Burnett Comings 2005 ISBN 0-8204-7464-9 pp. 61–71
  154. Faith & philosophy of Christianity by Maya George 2009 ISBN 81-7835-720-8 p. 287
  155. Sacred Christmas Music by Ronald M. Clancy 2008 ISBN 1-4027-5811-1 pp. 15–19
  156. The Feast of Christmas by Joseph F. Kelly 2010 ISBN 0-8146-3325-0 pp. 331–391
  157. Pastor and laity in the theology of Jean Gerson by Dorothy Catherine Brown 1987 ISBN 0-521-33029-7 p. 32
  158. The Feast of Christmas by Joseph F. Kelly 2010 ISBN 0-8146-3325-0 pp. 112–114
  159. a b c Mercer dictionary of the Bible by Watson E. Mills, Roger Aubrey Bullard 1998 ISBN 0-86554-373-9 pp. 520–525
  160. Lord Jesus Christ: Devotion to Jesus in Earliest Christianity by Larry W. Hurtado 2005 ISBN 0-8028-3167-2 pp. 113 and 179
  161. II Corinthians: a commentary by Frank J. Matera 2003 ISBN 0-664-22117-3 pp. 11–13
  162. a b Christology: Biblical And Historical by Mini S. Johnson, 2005 ISBN 81-8324-007-0 pp. 74–76
  163. Christology: Biblical And Historical by Mini S. Johnson ISBN p. 211
  164. La vida sacra: contemporary Hispanic sacramental theology by James L. Empereur, Eduardo Fernández 2006 ISBN 0-7425-5157-1 pp. 3–5
  165. Philippines by Lily Rose R. Tope, Detch P. Nonan-Mercado 2005 ISBN 0-7614-1475-4 p. 109
  166. Christology: Key Readings in Christian Thought by Jeff Astley, David Brown, Ann Loades 2009 ISBN 0-664-23269-8 p. 106
  167. Williams, Rowan Ponder these things 2002 ISBN 1-85311-362-X p. 7
  168. Mercer dictionary of the Bible by Watson E. Mills, Roger Aubrey Bullard 1998 ISBN 0-86554-373-9 p. 396
  169. Sanctity of time and space in tradition and modernity by Alberdina Houtman, Marcel Poorthuis, Joshua Schwartz 1998 ISBN 90-04-11233-2 pp. 61–62
  170. a b The History and Use of Hymns and Hymn-Tunes by David R Breed 2009 ISBN 1-110-47186-6 p. 17
  171. a b Favourite Hymns by Marjorie Reeves 2006 ISBN 0-8264-8097-7 pp. 3–5
  172. All the music of the Bible by Herbert Lockyer 2004 ISBN 1-56563-531-0 p. 120
  173. Music of the Middle Ages, Volume 1 by Giulio Cattin, F. Alberto Gallo 1985 ISBN 0-521-28489-9 p. 2
  174. a b The Feast of Christmas by Joseph F. Kelly 2010 ISBN 0-8146-3325-0 pp. 22–31
  175. Renaissance art: a topical dictionary by Irene Earls 1987 ISBN 0-313-24658-0 p. 174
  176. The mystical language of icons by Solrunn Nes 2005 ISBN 0-8028-2916-3 p. 43
  177. a b The meaning of icons by Leonide Ouspenski, Vladimir Lossky 1999 ISBN 0-913836-77-X p. 157
  178. Church Fathers and Teachers: From Saint Leo the Great to Peter Lombard by Pope Benedict XVI 2010 ISBN 1-58617-317-0 p. 32
  179. Wellesz, Egon (1947). «The Nativity Drama of the Byzantine Church». Society for the Promotion of Roman Studies. Journal of Roman Studies. 37: 145–151. JSTOR 298465. doi:10.2307/298465 
  180. Miles, Clement, Christmas customs and traditions, Dover 1976, ISBN 0-486-23354-5, pp. 31–37
  181. a b Jesus in history, thought, and culture: an encyclopedia, Volume 1 by James Leslie Houlden 2003 ISBN 1-57607-856-6 pp. 631–635

Bibliografia

editar
  • Albright, W.F. and C.S. Mann. "Matthew." The Anchor Bible Series. New York: Doubleday & Company, 1971.
  • Brown, Raymond E. The Birth of the Messiah: A Commentary on the Infancy Narratives in Matthew and Luke. London: G. Chapman, 1977.
  • Calkins, Robert G. Illuminated Books of the Middle Ages. Ithaca, New York: Cornell University Press, 1983.
  • Carter, Warren. Matthew and Empire. Harrisburg: Trinity Press International, 2001.
  • France, R.T. The Gospel According to Matthew: an Introduction and Commentary. Leicester: Inter-Varsity, 1985.
  • Gundry, Robert H. Matthew a Commentary on his Literary and Theological Art. Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing Company, 1982.
  • Gundry, Robert H. "Salvation in Matthew." Society of Biblical Literature – 2000 Seminar Papers. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2000.
  • Hill, David. The Gospel of Matthew. Grand Rapids: Eerdmans, 1981
  • Jones, Alexander. The Gospel According to St. Matthew. London: Geoffrey Chapman, 1965.
  • Levine, Amy-Jill. "Matthew." Women's Bible Commentary. Carol A. Newsom and Sharon H. Ringe, eds. Louisville: Westminster John Knox Press, 1998.
  • Schaberg, Jane. Illegitimacy of Jesus: A Feminist Theological Interpretation of the Infancy Narratives (Biblical Seminar Series, No 28) Sheffield Academic Press (March 1995) ISBN 1-85075-533-7
  • Schweizer, Eduard. The Good News According to Matthew. Atlanta: John Knox Press, 1975
  • Vermes, Geza "The Nativity: History and Legend". Penguin (2006) ISBN 0-14-102446-1

Ligações externas[1]

editar
Nascimento de Jesus
Precedido por:
Maria visita Isabel
Novo Testamento
Eventos
Sucedido por:
Anunciação aos pastores
  1. «ONDE NASCEU JESUS?». O Recanto do Príncipe. 14 de agosto de 2016. Consultado em 19 de setembro de 2016 
  NODES
INTERN 5
todo 23