O Elixir da Longa Vida
L'Élixir de longue vie é uma novela fantástica de Honoré de Balzac, integrado em A Comédia Humana. Essa versão do mito de Don Juan surgiu em pré-publicação na Revue de Paris, em 1830, sob o título de Festin[1] et Fin; em seguida em 1846 na edição Furne. Figura nos Estudos filosóficos da Comédia Humana.
L'Élixir de longue vie | |||||||
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O Elixir da Longa Vida | |||||||
Autor(es) | Honoré de Balzac | ||||||
Idioma | Francês | ||||||
País | França | ||||||
Gênero | Literatura fantástica | ||||||
Série | Études philosophiques | ||||||
Localização espacial | Ferrara | ||||||
Editora | La Revue de Paris | ||||||
Lançamento | 1846 | ||||||
Edição portuguesa | |||||||
Tradução | Ana Moura | ||||||
Editora | Estampa | ||||||
Lançamento | 1973 | ||||||
Páginas | 234 | ||||||
Edição brasileira | |||||||
Tradução | João Henrique C. Lopes | ||||||
Editora | Globo | ||||||
Cronologia | |||||||
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Um dos primeiros textos assinados com o nome do autor: Honoré de Balzac, esse conto está entre os menos conhecidos do grande público, como lamenta Bernard Guyon[2]. O texto parece artificialmente ligado aos Estudos filosóficos por um aviso "Ao Leitor" um tanto forçado.[3] Aqui se vê claramente a influência de Ernest Theodor Amadeus Hoffmann e de seu O elixir do diabo, que Balzac certamente leu.[4] [5]
Essa novela se passa em um palácio de Ferrara: o jovem Don Juan Belvidéro (Dom João na tradução da edição brasileira organizada por Paulo Rónai) e o príncipe da casa d'Este estão reunidos para um festim acompanhados de sete jovens e belas cortesãs. Os jovens discutem e Don Juan reclama da longevidade de seu pai, Bartholoméo (Bartolomeu) Belvidéro, um riquíssimo nonagenário que sempre lhe permitiu viver em um grande luxo sem jamais impedi-lo de fazer qualquer coisa. Então, eles são interrompidos por um velho servidor que avisa o jovem de que o velho está para morrer, e Don Juan se dirige ao leito de seu pai, que lhe revela que está em posse de um frasco contendo um líquido que permitirá ressuscitá-lo. Para tanto, ele necessita da ajuda de seu filho que deve esfregá-lo por seu corpo todo após a morte. Diante do cadáver do pai, Don Juan não chega a se submeter à sua última vontade. Os servos começam a embalsamar o corpo. Vinda a noite, Don Juan decide embeber com o elixir o olho de seu pai, que imediatamente dá sinais de vida. Estupefato pela ação do misterioso líquido, Don Juan decide esmagar o olho do velho, cometendo assim um parricídio. Para não levantar suspeitas, ele enterra o pai com todo o fausto permitido e manda erguer uma estátua majestosa sobre a tumba do defunto.
Don Juan torna-se riquíssimo e verdadeiramente poderoso. Ele pode, então, se entregar livremente aos prazeres da vida e à conquista das sociedades mais altas. Ele adquire uma grande popularidade diante da sociedade mundana e mesmo do papa, e conservará por toda sua vida o frasco para assegurar sua própria ressurreição. Quando se torna, por sua vez, um homem velho e vulnerável, retira-se para um castelo não longe da cidade de San Lucar e desposa uma jovem andaluza dedicada e graciosa, chamada Dona Elvire (Elvira). Totalmente diferente de seu pai, o filho de Don Juan, Phillipe (Filipe) Belvidéro, é virtuoso e piedoso, e Dona Elvire e ele tomam conta do velho até seu último dia. Don Juan, sentindo a morte chegar, chama seu filho e pede-lhe o mesmo favor que seu pai anos atrás, mas sem lhe revelar as virtudes do líquido do frasco. Phillipe executa as instruções de seu pai e devolve pouco a pouco vida ao seu rosto, depois ao seu braço direito, com o qual o velho aperta fortemente o pescoço do jovem, que deixa cair o frasco, deixando escapar o precioso líquido. Em poucos instantes, uma multidão se forma em volta do corpo do velho, que recuperou o rosto de jovem. Diante desse "milagre", os eclesiásticos e outras testemunhas decidem canonizar Don Juan. Uma multidão acorre para a "cerimônica da apoteose", mas durante o cântico do Te Deum , Don Juan emitiu um "bramido ao qual se juntaram as mil vozes do Inferno", passando a proferir injúrias e blasfêmias, até que sua cabeça, soltanto-se do corpo, mordeu o cérebro de um padre, matando-o. Segundo Paulo Rónai, um final "disparatado e desconexo, lembrando as produções mais horripilantes do baixo romantismo".[7]
Referências
- ↑ Alusão ao título de Molière : Dom Juan ou le Festin de pierre.
- ↑ Le Don Juan de Balzac. l'Année balzacienne. 1977, p. 9-28
- ↑ Pierre-Georges Castex, Le Conte fantastique en France, de Nodier à Maupassant, José Corti, 1951, p. 196.
- ↑ L'Élixir de longue vie. Histoire du texte, La Pléiade, p. 1424-1425
- ↑ René Guise, « Balzac , lecteur des Elixirs du diable. », l'Année balzacienne, 1972. p. 57-67.
- ↑ Honoré de Balzac. "A comédia humana". Org. Paulo Rónai. Porto Alegre: Editora Globo, 1954. Volume XVI.
- ↑ Paulo Rónai, Introdução a O Elixir da Longa Vida. Mas Rónai reconhece que "não se pode negar a este escrito, com todas as suas extravagâncias, certa originalidade na gradação dos horrores, certa força na utilização dos símbolos".
Bibliografia
editar- (fr) Pierre Brunel, « Variations balzaciennes sur Don Juan », l'Année balzacienne, 1996, no 17, p. 73-94.
- (fr) Jacques Dürrenmatt, « Des enjeux contrastés de l’ellipse dans trois nouvelles romantiques : Dumas, Marie (1826)-Balzac, L’Élixir de longue vie (1830)-Stendhal, Le Philtre (1830) », Stendhal, Balzac, Dumas : un récit romantique ?, Toulouse, PU du Mirail, 2006, p. 179-92.
- (fr) Kyoko Murata, « Don Juan et Balzac », Études de langue et littérature françaises, mar. 1996, no 68, p. 85-97.
- (fr) L’Œuvre fantastique de Balzac, Éditions Didier, 1972, p. 146-7.
- (en) Bruce Tolley, « The Source of Balzac’s Élixir de longue vie », Revue de littérature comparée, 1963, no 37, p. 91-97.
- (pt) Honoré de Balzac. "A comédia humana". Org. Paulo Rónai. Porto Alegre: Editora Globo, 1954. Volume XVI.
Ligações externas
editar- Fac-símile em francês no site da Biblioteca Nacional da França.