Públio Cornélio Sula

Públio Cornélio Sula (em latim: Publius Cornelius Sulla; m. 45 a.C.) foi um político da gente Cornélia na República Romana. Era sobrinho do ditador Lúcio Cornélio Sula.[1] É possível que Lúcio Cornélio Sula Fausto, cônsul em 5 a.C., tenha sido seu filho.[2]

Primeiros anos

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Públio e seu irmão Sérvio era filhos de Sérvio Cornélio Sula, um irmão sobre o qual nada se sabe de Lúcio Cornélio Sula.[3][1] Apesar disto, Públio não parece ter tido um papel preponderante nem na guerras civis de Sula e nem na ditadura de seu tio mais famoso. Porém, é possível que ele tenha servido sob seu comando como um oficial júnior juntamente com o jovem Lúcio Sérgio Catilina, que certamente serviu com destaque nas guerras civis. Mais tarde, Públio se tornou um aliado próximo de Catilina e é possível que tenha sido durante as guerras civis que os dois se conheceram.

Em 81 a.C., durante a ditadura do tio, Cícero conta que Públio utilizava sua influência para conseguir o perdão de diversos dos proscritos e que conseguiu que muitos fossem de fato salvos.[4] Depois da morte do tio, em 78 a.C., Públio provavelmente herdou parte de seu patrimônio.

Escândalo

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Depois de ocupar os postos do cursus honorum que são requisitos para o consulado (questor e pretor), Sula foi candidato na eleição de 66 a.C. para o consulado de 65 a.C.. Ele foi eleito por unanimidade por todas as centúrias com Públio Autrônio Peto como seu colega.[5] Porém, os dois não puderam gozar da vitória por muito tempo pois dois candidatos derrotados, Lúcio Mânlio Torquato e Lúcio Aurélio Cota, os acusaram de suborno. Impedidos de tomar posse, Sula e Autrônio foram julgados, condenados e, nos termos da Lex Acilia Calpurnia, os dois perderam o mandato e foram expulsos do Senado Romano.[6][7]

Uma segunda eleição foi realizada e tanto Torquato quanto Cota acabaram eleitos no lugar dos dois que eles próprios ajudaram a derrubar. Foi neste contexto que nasceu a Primeira Conspiração Catilinária.

Primeira Conspiração Catilinária

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 Ver artigo principal: Primeira Conspiração Catilinária

Salústio afirma que Lúcio Sérgio Catilina, amigo de Sula e de Autrônio, tentou participar da segunda eleição contra Torquato e Cota, mas foi impedido por ter saído recentemente de um julgamento de extorsão — apesar de ter sido absolvido, sua candidatura foi impedida por que um prazo de três semanas não havia sido observado. Esta foi a segunda ocasião que Catilina se viu impedido de concorrer ao consulado e, furioso, ele teria formado uma conspiração com os dois cônsules depostos e com Cneu Calpúrnio Pisão. Aparentemente, o plano consistia no assassinato dos dois cônsules-eleitos no primeiro dia do novo mandato, 1 de janeiro de 65 a.C., e na tomada do poder por eles próprios.[6] Porém, o plano foi adiado para fevereiro e depois abandonado, encerrando a conspiração.[8]

Há muitas dúvidas sobre a própria existência desta conspiração e alega-se que ela teria sido inventada por Salústio para sujar ainda mais o nome de Catilina depois da Segunda Conspiração Catilinária. Um ponto de vista alternativo defende que o próprio Catilina não estaria envolvido, apenas Sula e Autrônio. Seja como for, nenhuma tentativa de assassinar Cota e Torquato foi registrada.

Segunda Conspiração Catilinária

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 Ver artigo principal: Segunda Conspiração Catilinária

Condenado e expulso do Senado, a reputação e a carreira de Sula foram completamente destruídas. Humilhado e empobrecido, é possível e provável que Sula tenha de fato se juntado ao círculo de nobres descontentes de Catilina, algo que mais tarde ele foi acusado de fazer. Os dois irmãos Sula e Autrônio foram implicados na conspiração, mas é impossível saber se eles de fato participaram dos eventos. No ano seguinte à morte de Catilina, Sula foi acusado de ser um cúmplice dele pelo filho de Torquato, Lúcio Mânlio Torquato, pretor em 49 a.C., e processado. Sula contratou os dois maiores advogados e oradores de seu tempo para liderarem sua defesa, Cícero e Quinto Hortênsio Hórtalo, e foi absolvido.[9] Foi nesta ocasião que Sula proferiu um de seus famosos discursos, "Pro Sulla". Porém, nem o irmão de Sula, Sérvio, e nem Autrônio tiveram tanta sorte, pois Cícero acreditava que os dois eram culpados e se recusou a defendê-los.[10]

Guerra Civil de César

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Em 49 a.C., quando Júlio César cruzou o Rubicão e deu início a uma guerra civil, Sula escolheu apoiá-lo, ao contrário de seu primo, Fausto Cornélio Sula, que se juntou à facção senatorial liderada por Pompeu. Depois de receber um comando no exército de César, Sula o acompanhou em sua campanha na Grécia. Na Batalha de Dirráquio, Sula comandou o acampamento de César e conseguiu repelir com sucesso um ataque pompeiano que havia ultrapassado a murada enquanto o resto do exército estava ocupado com César.[11] Depois de repelir os pompeianos, Sula ordenou que não houvesse uma perseguição e se manteve na defesa do acampamento. César comenta em "De Bello Civili" que se Sula tivesse perseguido e aproveitado sua vitória, toda a guerra civil poderia ter terminado naquele mesmo dia. Porém, ele não culpa a conduta precavida de Sula e nem sua decisão de se manter no acampamento que era sua missão proteger.[11]

Sula comandou a ala direita do exército cesariano na Batalha de Farsalos.[12] Na batalha, os cesarianos foram vitoriosos e o derrotado Pompeu fugiu para o Egito, onde foi assassinado. Sua reputação indubitavelmente se recuperou da desgraça na década de 60 a.C. por seus êxitos na guerra civil.

Públio Cornélio Sula morreu em 45 a.C..

Referências

  1. a b Dião Cássio, História Romana 36.42.3
  2. Eck, Werner. New Pauly. Cornelius [II 58] (em inglês) online ed. [S.l.]: Brill 
  3. Salústio, Conspiração de Catilina 17.
  4. Cícero, Pro Sulla 26.
  5. Cícero, Pro Sulla 32.
  6. a b Dião Cássio, História Romana 36.44.3
  7. Salústio, Conspiração de Catilina 18.2
  8. Salústio, Conspiração de Catilina 18.
  9. Cícero, Pro Sulla
  10. Cícero, Pro Sulla 2.
  11. a b Júlio César, De Bello Civili 3.51
  12. Júlio César, De Bello Civili 3.89
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