Partido Comunista Paraguaio
Este artigo não cita fontes confiáveis. (Julho de 2020) |
O Partido Comunista Paraguaio (Partido Comunista Paraguayo, PCP) é um partido político comunista no Paraguai. O PCP foi fundado em 19 de fevereiro de 1928. Mais tarde foi reconhecido como uma seção da Internacional Comunista.
Partido Comunista Paraguaio Partido Comunista Paraguayo | |
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Secretário-geral | Najeeb Amado |
Sede | Assunção |
Ideologia | Comunismo Marxismo-leninismo Anti-imperialismo |
Espectro político | Extrema-esquerda |
Publicação | Adelante |
Ala de juventude | Juventud Comunista Paraguaya |
País | Paraguai |
Cores | Vermelho Amarelo |
Página oficial | |
https://adelantenoticias.com/ |
O atual secretário-geral do PCP é Najeeb Amado. O órgão juvenil do PCP é a "Juventud Comunista Paraguaya".
"Adelante" é seu jornal mensal, fundado em 1941, podendo ser acessado via seu link web.
História
editarAntecedentes
editarHá registro de um Comitê de Ação Social composto por estudantes e operários em 1924, que havia fundado nesse mesmo ano o jornal comunista "Bandera Roja". Esse Comitê teria formado a Seção Paraguaia da Internacional Comunista em fevereiro de 1924, com o pedreiro Donato Cáceres como secretário-geral, embora não existam muitos dados para corroborar isso.[1] Entre os membros desse Comitê estava Lucas Ibarrola, que representaria o Paraguai na Internacional Comunista em 1926, e que fundaria em 1928 o atual Partido Comunista Paraguaio.
Fundação
editarO PCP (Partido Comunista Paraguaio) foi fundado em 19 de fevereiro de 1928 após uma reunião de 50 militantes. O primeiro secretário-geral do PCP foi Lucas Ibarrola, que já em 1926, como explicado anteriormente, havia ido a Moscou representando o Paraguai no VI Congresso da Internacional Comunista. Também em 1928, com a fundação do PCP, os comunistas decidiram lançar um jornal de propaganda, que se chamaria "Comuneros".[2] O PCP contava em seus primórdios com um "inspetor de impostos, dois joalheiros, um pequeno comerciante, um sapateiro, dois estudantes e um empregado".[3]
O PCP e a Guerra do Chaco
editarAnos antes da Guerra do Chaco, um conflito fronteiriço entre Bolívia e Paraguai ocorrido entre 1932 e 1935, o PCP organizou um "Comitê Anti-Guerra" liderado por Obdulio Barthe e Perfecto Ibarra, com a missão de convencer os operários e trabalhadores de que a guerra iminente era inútil e desnecessária.
O PCP ficou inativo entre 1932 e 1934, pois alguns dos militantes foram combater na frente de batalha e outros partiram para o exílio para evitar serem convocados.
O Congresso dos Lobos
editarEm 1934, aconteceu na Argentina o chamado Congresso de Lobos, onde o PCP retomou suas atividades. A este Congresso compareceram vários novos militantes que depois se tornariam dirigentes, como Oscar Creydt, Obdulio Barthe, Perfecto Ibarra, entre outros, além de um representante da Internacional Comunista. O Bureau Político eleito foi composto por Obdulio Barthe, Perfecto Ibarra, Augusto Cañete, Juan Orué, Marcelina Cáceres, Leonardo Dielma e Aurelio Alcaraz, sendo este último eleito secretário-geral. Cerca de 600 militantes faziam parte do partido na época do Congresso.[3]
Os comunistas no governo febrerista
editarEm 1936, após a Revolução de 17 de fevereiro e com o coronel Rafael Franco no poder, o PCP obteve avanços significativos e pôde participar das conquistas do governo chamado "febrerista", como a lei que instituiu a jornada de trabalho de 8 horas, o regime de salário mínimo, a assistência médica gratuita nos centros hospitalares e a reforma agrária.
O governo febrerista, um ano e meio após a Revolução, caiu após um golpe de Estado, e o PCP voltou à clandestinidade.
O PCP e as ditaduras militares
editarEm 1939, o PCP apoiou o governo de José Félix Estigarribia até que ele proclamou por decreto a Constituição de 1940, de caráter autoritário. A partir desse evento, e especialmente com a ascensão do general Higinio Morínigo, que mantinha boas relações com a Alemanha nazista, os comunistas voltaram à ilegalidade, continuando seus trabalhos organizativos apesar da repressão.
Em junho de 1941, realizou-se o I Congresso do PCP, no qual foi decidida a criação do jornal Adelante, cujo primeiro diretor seria Alfredo Alcorta.
O PCP durante a Primavera Democrática
editarA abertura democrática de 1946 fez com que vários dirigentes do PCP retornassem ao Paraguai, como Óscar Creydt e Obdulio Barthe, que residiam em Buenos Aires. Isso ocorreu em 10 de agosto de 1946, quando mais de 30.000 operários, estudantes e militantes do PCP se reuniram na praça do porto e na rua Colón para receber os membros do Comitê Central mencionados.
Também durante esse período, o PCP obteve pela primeira vez em sua história a personalidade jurídica.[4] Assim, pela primeira vez, pôde instalar livremente sua sede na rua Aquidabán (hoje Manuel Domínguez) em Assunção, onde funcionava o Comitê Central, enquanto a sede do Comitê Local da Capital ficava nas ruas Azara.[5]
Entre agosto de 1946 e janeiro de 1947, quando ocorreu outro golpe de Estado pelo movimento dos "Guiones Rojos" (movimento interno do Partido Colorado), com características fascistas, o PCP realizou uma intensa campanha de filiação, chegando a ter cerca de 10.000 militantes. [6] Lembrando que, entre 1947 e 1963, o Partido Colorado foi o único partido legal e, portanto, única organização que podia apresentar candidatos em qualquer processo eleitoral. [7]
O PCP e a guerra civil
editarA Guerra Civil de 1947 foi desencadeada após o golpe de 13 de janeiro de 1947, realizado pelos Guiones Rojos com o patrocínio do presidente da República, Higinio Morínigo. Esse golpe pôs fim à "primavera democrática" que estava ocorrendo desde junho de 1946, um período de total liberdade de expressão, imprensa e movimento, onde até mesmo os comunistas puderam obter sua legalidade.
Em 7 de março, jovens febreristas tomam o Quartel da Polícia, e um dia depois, em 8 de março, jovens militares institucionalistas se rebelam em Concepción, exigindo a realização de uma Assembleia Nacional Constituinte tão esperada há vários anos. Os militares institucionalistas receberam apoio do PCP, do Partido Liberal e da Concentración Revolucionaria Febrerista.[8]
Vários pelotões foram liderados tanto por comunistas quanto por liberais e febreristas. Em agosto de 1947, a guerra civil termina com um resultado de mais de 30.000 vítimas fatais e a vitória militar dos colorados, o que resultou no exílio de muitos comunistas.
Perseguição na ditadura e formação de guerrilhas
editarDurante a ditadura de Alfredo Stroessner, que durou de 1954 a 1989, os militantes do PCP foram perseguidos, torturados e em alguns casos, assassinados.
Também os estudantes que faziam parte do Frente Estudantil Democrático Revolucionário (FEDRE), que era a frente estudantil dos comunistas paraguaios, foram brutalmente perseguidos e encarcerados.
Em 1958, o PCP, junto com o Partido Revolucionário Febrerista (PRF) e outros partidos de esquerda, apoiou uma greve geral contra a ditadura militar. No entanto, essa greve foi duramente reprimida pelo regime e representou um golpe duro para a esquerda.
No final de 1959, Óscar Creydt, então secretário-geral do PCP, assinou um documento incentivando a criação de um movimento armado para realizar uma revolução democrática e derrubar a ditadura. Luis Casabianca e Carmen Soler, entre outros, foram os responsáveis pela organização do Frente Unida de Libertação Nacional (FULNA), uma frente político-militar que, além do Partido Comunista, contava com militantes do febrerismo de esquerda e alguns liberais. Várias colunas guerrilheiras foram criadas, mas a única que sobreviveu à repressão de 1960 foi a chamada Coluna Mariscal López, liderada por Arturo López Areco, que sob o pseudônimo de Agapito Valiente se tornaria uma figura mítica até sua morte em 1970.
Em 1965, com a saída de Creydt da secretaria-geral do PCP, "o grupo de Barthe" e o "grupo de Creydt" entraram em disputa. Os últimos representavam uma linha de sustentação da luta armada dentro do PCP, enquanto o outro grupo propunha suspender as ações armadas. Essa fração, sob a liderança de Creydt e com o apoio de Agapito Valiente (Arturo López Areco), criticou bastante a nova direção do PCP, chamando-os de "revisionistas", entre outras coisas.
Durante a década de 1970, vários militantes do PCP foram assassinados, incluindo o secretário-geral da época, Miguel Ángel Soler, e o secretário-geral da JCP, Derlis Villagra.[9]
Reorganização e transição
editarEm fevereiro de 1989, a ditadura cai, e o organismo partidário é reestruturado lentamente após décadas de clandestinidade forçada. Tanto é assim que, em 4 de dezembro de 1989, o PCP realiza oficialmente um ato público na Casa do Povo do PRF, após quatro décadas de perseguição policial.[10]
No final de 2002, ele faz parte da "Izquierda Unida", uma coalizão de partidos e setores sociais progressistas, apresentando-se em uma lista única para as eleições gerais de 2003.[11]
Apoio a Fernando Lugo nas eleições de 2008
editarEm 2008, o PCP apresentou seu líder histórico, Ananías Maidana, como candidato a deputado, e para presidente, apoiou Fernando Lugo, que venceu as eleições presidenciais.
Nesse mesmo ano, o PCP também comemorou seus 80 anos de existência com atividades culturais e homenagens aos militantes que lutaram contra a ditadura de Stroessner. Em 2009, o PCP fez parte do Espacio Unitario - Congreso Popular (EUCP), juntamente com outros partidos de esquerda.
Em 2010, o PCP, junto ao EUCP e outros partidos de esquerda, fundou o Frente Guasu, uma coalizão de partidos progressistas com foco nas eleições municipais de 7 de novembro daquele ano.
Ruptura com o governo de Fernando Lugo
editarEm 18 e 19 de dezembro de 2010, o Comitê Central do PCP se reuniu e decidiu retirar o "apoio crítico" que haviam dado à administração de Fernando Lugo, concedido a ele em 2008. A ruptura ocorreu devido às políticas "conservadoras" adotadas pelo governo, além de sua colaboração com Álvaro Uribe, então presidente da Colômbia, e com os Estados Unidos, por meio do Plano Umbral (Plan Umbral), entre outras questões.[12]
Secretários Gerais
editarN.º | Secretário | Mandato | ||
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Início | Fim | |||
1 | Lucas Ibarrola | 1928 | 1934 | |
2 | Enriqueta de Cáceres | 1934 | 1934 | |
3 | Aurelio Alcaraz | 1934 | 1940 | |
4 | Augusto Cañete | 1940 | 1947 | |
5 | Alberto Candia | 1947 | 1948 | |
6 | Antonio Gamarra | 1948 | 1953 | |
7 | Oscar Creydt | 1953 | 1965 | |
9 | Miguel Ángel Soler | 1967 | 1975 | |
10 | Antonio Maidana | 1975 | 1978 | |
11 | Obdulio Barthe | 1978 | 1981 | |
12 | Julio Rojas | 1981 | 1989 | |
13 | Ananías Maidana | 1989 | 2007 | |
14 | Najeeb Amado | 2007 |
Congressos do PCP
editar- Congresso fundacional, (Assunção, 19 de fevereiro de 1928)
- Congresso reorganizativo, (Lobos, 1934)
- I Congresso, (Assunção, 21 de junho de 1941)
- Congresso Nacional, (Assunção, 1945)
- II Congresso, (Assunção, agosto de 1949)
- III Congresso, (Buenos Aires, 1953)
- Congresso Nacional Extraordinário, (Assunção, fevereiro de 1955)
- Congresso Nacional, (1967)
- Congresso Extraordinário, (Assunção, abril de 1971)
- IV Congresso, (Assunção, 1989)
- V Congresso, (Assunção, 17 e 18 de fevereiro de 2001)
- VI Congresso, (Assunção, 21 e 22 de abril de 2007)
- VII Congresso, (Assunção, 29 e 30 de julho de 2011)
- VIII Congresso, (Assunção, 20 e 21 de fevereiro de 2016)
- IX Congresso, (Assunção, 25 a 27 de julho de 2021)
Referências
editar- ↑ Introducción a la historia gremial y social del Paraguay, Francisco Gaona, pp.83 y 84, RP Ediciones
- ↑ RIVAROLA, Milda, "Partido Socialista Paraguayo (1914 - 1928)", en G. de BOSIO, Beatriz, y DEVES-VALDES, Eduardo, "Pensamiento Paraguay del siglo XX", Intercontinental Editora, Asunción, 2006, p. 124
- ↑ a b JEIFETS, Victor, JEIFETS, Lazar "La Comintern y el Partido Comunista del Paraguay, una historia de desencuentros". Izquierdas, no.45 Santiago feb. 2019; Fonte: https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718-50492019000100160#fn1
- ↑ BONZI, Antonio: Proceso histórico del Partido Comunista Paraguayo (Un itinerario de luces y sombras), Arandura Editorial, Asunción 2001, p. 139
- ↑ BONZI, Antonio: Proceso histórico del Partido Comunista Paraguayo (Un itinerario de luces y sombras), Arandura Editorial, Asunción 2001, p. 145
- ↑ BONZI, Antonio: Proceso histórico del Partido Comunista Paraguayo (Un itinerario de luces y sombras), Arandura Editorial, Asunción 2001, p. 151
- ↑ Partido Colorado (Paraguai)
- ↑ BONZI, Antonio: Proceso histórico del Partido Comunista Paraguayo (Un itinerario de luces y sombras), Arandura Editorial, Asunción 2001, p. 160
- ↑ Informe final: anive haguã oiko. T. 7: Algunos casos paradigmáticos 1. ed ed. [S.l.: s.n.] 2008. ISBN 978-99953-883-6-2 Parâmetro desconhecido
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ignorado (ajuda); - ↑ decidamos, ed. (16 de diciembre de 2009). «Cronología de la Transición» Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ antiimperialista.org, ed. (16 de diciembre de 2002). «Lanzamiento de la Izquierda Unida» Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ https://prensapartidocomunistaparaguayo.blogspot.com/2010/12/el-pcp-retira-el-apoyo-critico-fernando.html