Peridotito

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Peridotito é uma rocha ígnea mantélica ultramáfica, holocristalina, de grão grosseiro, composta sobretudo por olivinas (peridoto) associadas a outros silicatos ferro-magnesianos, com destaque para as piroxenas, e acompanhados por outros minerais máficos como anfíbolas ou olivinas, alguma anortite (em baixas concentrações) e pouco ou nenhum feldspato.[2] Pertencentes ao mesmo grupo das rocha basálticas, são o principal constituinte do manto superior da Terra e de boa parte da astenosfera, formando-se por fracionamento magmático (a partir de um líquido toleítico, por exemplo).[3] Estas rochas devem o seu nome ao peridoto, os fenocristais de olivina que constituem a maior parte do seu volume e que frequentemente conferem a estas rochas uma coloração esverdeada ou amarelo-esverdeada.

Peridotito
Rocha ígnea
Peridotito
Peridotito.
Composição
Classe Rocha ígnea mantélica
Série ígnea Subalcalina, alcalina
Protolito Pirólito
Composição essencial Olivina, piroxenas e anfíbolas.
Composição secundária Granadas, espinelas (cromite), plagioclases, anfíbolas e flogopites.
Características físicas
Cor Cinzento-escuro.
Textura Grão grosseiro
Peridotito com crisótilo. A coloração escura revela a falta de quartzo (La Rioja, Argentina).
Peridotito (San Carlos, SW dos Estados Unidos).
Diagrama de classificação dos peridotitos e dos piroxenitos com base nas proporções ponderais de olivina e de piroxenas. A zona em verde-claro corresponde à composição dos peridotitos mais comuns à superfície do manto terrestre.[1]

Descrição

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O peridotito é uma rocha ígnea mantélica de elevada densidade e de coloração escura. Acredita-se ser a rocha maioritária na composição da parte superior do manto terrestre.

Os peridotitos são principalmente constituídos por olivinas (peridoto) acompanhadas por piroxenas e anfíbolas. Em menores proporções, e em função das condições de temperatura, pressão e de hidratação no período de solidificação, estas rochas podem igualmente conter granadas, espinelas (cromite), plagioclases, anfíbolas e flogopites.

Alguns tipos de peridotito são o piroxenito, composto quase por completo por piroxena, o hornblendito, variedade rara com predomínio de hornblendas, o dunito, composta quase exclusivamente de olivinas, e o kimberlito, variedade que pode conter diamantes. O peridotito é a fonte mais importante de minérios de cromo. Estas diferenças permitem distinguir os diversos tipos de peridotito em função das proporções volúmicas de olivinas, ortopiroxenas e clinopiroxenas:

  • Dunito : constituído por mais de 90 % de olivina, tipicamente com uma relação Mg/Fe de 9:1;
  • Wehrlito : constituído sobretudo por olivinas mas com significativo teor de clinopiroxenas;[4]
  • Harzburgito : constituído maioritariamente por olivinas, mas com presença significativa de ortopiroxenas e de constituintes do tipo basáltico;
  • Lherzólito : composto principalmente por olivina, ortopiroxenas (geralmente enstatite) e clinopiroxenas, mas apresenta uma alta proporção de compostos do tipo basáltico (granadas e clinopiroxenas). A fusão parcial dos materiais lherzolíticos e a extracção da parte líquida pode deixar um resíduo sólido do tipo harzburgito, rico em olivinas e relativamente rico em ortopiroxenas, mas pobre em clinopiroxenas. Estas abundâncias relativas resultam das clinopiroxenas fundirem a temperatura mais baixa do que as ortopiroxenas ou a olivina. Continuando o processo de fusão parcial, o resultado é uma rocha composta quase exclusivamente por olivina, o dunito (a temperatura continuou a subir e ortopiroxena fundiu por sua vez).

Estudos recentes atribuem a esta rocha a capacidade de absorver dióxido de carbono.[5]

Do ponto de vista da sua formação, não é fácil classificar os peridotitos utilizando a clássica trilogia «sedimentar-magmática-metamórfica», pois os peridotitos são rochas mantélicas, isto é originadas a partir das camadas superficiais do manto terrestre, que, ao contrário do que acontece com as rochas magmáticas plutónicas, não é originado pela subida de um magma resultando a sua presença à superfície de fenómenos de obducção. Mais fácil seria a inclusão destas rochas entre as rochas metamórficas, pois a subida à superfície induz a formação de minerais secundários que as diferenciam substancialmente das rochas que permanecem em profundidade.[6] Apesar disso, a tradição é considerar estas rochas como plutónicas, já que cristalizaram em profundidade.

A metamorfização dos peridotitos pode conduzir à formação de serpentinite, sob os efeitos cominados do calor e da hidratação, o que tipicamente resulta do metamorfismo hidrotermal. O peridotito pode igualmente ser transformado em eclogito sob o efeito de um metamorfismo de alta pressão e temperatura mediana. A altas pressões e baixas temperaturas o peridotito produz os glaucofano.

Apenas os peridotitos do manto superior podem produzir por fusão parcial um líquido mais rico em sílica que o peridotito inicial. Os materiais de fusão assim formados originam magmas andesíticos.

Ocorrência

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Existem grandes depósitos de peridotitos na região de Omã, nas ilhas da Papua Nova Guiné e da Nova Caledónia, bem como ao longo das costas do Chipre, Grécia e oeste da Península Balcânica. Pequenos depósitos também ocorrem no oeste do Estados Unidos e em muitos outros lugares do mundo.[7]

Estudos realizados ao largo da Costa Rica, do Hawaii e da Baja California revelaram importantes depósitos peridotíticos. Nestes locais, a camada de sedimentos marinhos é fina e o manto terrestre suficientemente frio para permitir uma intrusão de peridotito na crusta. No entanto, o fundo do mar está a cerca de 4000 metros de profundidade, exigindo operações de perfuração de profundidade excepcional.

Também ocorre uma grande concentração de peridotitos e serpentinitos na região de Morais, Macedo de Cavaleiros (Portugal), que terão aflorado à superfície devido à ocorrência de uma obducção, quando parte da crusta oceânica ou de rochas do manto foram arrastadas para cima de crusta continental num limite de placas convergente que existiu naquela região.

O processo de afloramento pode dar-se também se o peridotito subir à superfície como um xenólito de um rocha encaixante.[3]

Referências

  1. Bodinier, J.-L. & Godard, M. (2004). "Orogenic, Ophiolitic, and Abyssal Peridotites". In: Treatise on Geochemistry. Holland, H.D. & Turrekian, K.K. (editores), Elsevier, Amsterdam, The Netherlands. 2: 103-170.
  2. "Peridotito" no Banco de Dados da UNESP-Campus de Rio Claro Arquivado em 25 de novembro de 2015, no Wayback Machine..
  3. a b Andrade, Pedro (25 de maio de 2011). «Mais profundos que o fundo dos oceanos – a história dos peridotitos ofiolíticos de Morais». vidaterra.wordpress.com. Consultado em 9 de setembro de 2015 
  4. James E. Wright, John W. Shervais (2008). Ophiolites, Arcs, and Batholiths: A Tribute to Cliff Hopson. [S.l.: s.n.] 572 páginas. ISBN 9780813724386 
  5. Sampedro, Javier (2008). «La roca que convierte el CO2 en cuarzo» (em espanhol). Consultado em 24 de Novembro de 2008 
  6. «Comment présenter les péridotites ?». Consultado em 8 de dezembro de 2015 
  7. «Une roche capable d'absorber de vastes quantités de CO2». LaPresse.ca. 7 de Novembro de 2008 

Ligações externas

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