Mordedura de serpente
Uma mordedura de serpente é uma lesão causada pela mordedura de uma serpente, particularmente a de uma serpente venenosa. Um dos sinais mais evidentes de que a mordedura foi feita por uma serpente é a presença na ferida de dois orifícios causados pelas presas do animal.[1] Em alguns casos o animal injeta veneno durante a mordedura.[3] A injeção de veneno pode causar vermelhidão, inchaço e dor intensa no local, sintomas que geralmente se manifestam no prazo de uma hora.[1][2] Estes sintomas podem ser acompanhados de vómitos, formigueiro dos membros e suores.[1][2] A maior parte das mordeduras acontece nas mãos e nos braços.[2] É também comum a sensação de medo, ritmo cardíaco acelerado e sensação de desmaio.[2] O veneno pode causar hemorragias, insuficiência renal, uma reação alérgica grave, morte dos tecidos à volta da ferida ou problemas respiratórios.[1][3] As mordeduras podem ainda resultar em amputação ou outros problemas crónicos.[3] O prognóstico depende da espécie de serpente, da área do corpo mordida, da quantidade de veneno injetada e do estado de saúde da pessoa mordida.[5] Os problemas são geralmente mais graves em crianças do que em adultos, devido ao seu menor tamanho.[3][6][7]
Mordedura de serpente | |
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Mordedura de cascavel no pé de criança com 9 anos | |
Especialidade | Medicina de emergência |
Sintomas | Ferida com dois orifícios, vermelhidão, dor intensa no local[1][2] |
Complicações | Hemorragia, insuficiência renal, reação alérgica grave, morte dos tecidos à volta da ferida, problemas respiratórios, amputação[1][3] |
Causas | Serpentes[1] |
Fatores de risco | Trabalho manual no exterior (agricultura, florestas, construção)[1][3] |
Prevenção | Calçado de proteção, evitar áreas onde as serpentes vivem, não manusear serpentes[1] |
Tratamento | Lavar a ferida com sabão e água, antivenenos[1][4] |
Prognóstico | Depende do tipo de serpente[5] |
Frequência | Até 5 milhões por ano[3] |
Mortes | 110 000 por ano[3] |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | T63.0, T14.1, W59 (não venenosas), X20 (venenosas) |
CID-9 | 989.5, E905.0, E906.2 |
CID-11 | 234436746 |
DiseasesDB | 29733 |
MedlinePlus | 000031 |
eMedicine | med/2143 |
MeSH | D012909 |
Leia o aviso médico |
As serpentes mordem tanto para caçar como para se proteger.[8] Entre os fatores de risco estão trabalhos manuais no exterior, como no caso de profissões ligadas à agricultura, floresta e construção.[1][3] As mordeduras de serpentes mais comuns são as causadas por alepídeos (como as cobras, mambas e Bungarus), víboras e cobras de água.[4] A maioria das espécies de serpentes não tem veneno e mata as presas sufocando-as.[2] As serpentes venenosas estão presentes em todos os continentes, exceto na Antártida.[8] Em muitos casos não é possível determinar que tipo de serpente causou a mordedura.[4] A Organização Mundial de Saúde afirma que as mordeduras de serpente são um problema de saúde pública negligenciado em muitos países tropicais e sub-tropicais.[7]
A prevenção de mordeduras de serpente consiste em usar calçado protetor, evitar áreas de habitat das serpentes e evitar o manuseamento de serpentes.[1] O tratamento depende em parte do tipo de serpente.[1] É recomendado lavar a ferida com água e sabão e manter imobilizado o membro afetado.[1][4] Não é recomendado tentar sugar o veneno, cortar a ferida com uma faca ou aplicar um torniquete.[1] Os antivenenos são eficazes para prevenir a morte por mordeduras, embora em muitos casos estejam associados a efeitos secundários.[3][9] O tipo de antiveneno a ser administrado depende da serpente.[4] Quando se desconhece o tipo de serpente, geralmente são administrados antivenenos para os tipos de serpente mais comuns na região.[4] Em algumas regiões do mundo pode ser difícil obter o antiveneno mais adequado, o que contribui para que em alguns casos não sejam eficazes.[3] Outro problema é o elevado custo associado a estes medicamentos.[3] Os antivenenos têm pouco efeito na área que envolve a própria ferida.[4] Em alguns casos mais graves pode ser necessária ventilação mecânica.[4]
O número de mordeduras de serpentes venenosas em cada ano pode chegar aos cinco milhões.[3] Destes casos, cerca de 2,5 milhões são mordeduras venenosas responsáveis por 20 000–125 000 mortes.[3][8] A frequência e gravidade das mordeduras varia significativamente entre as diversas regiões do mundo.[8] As mordeduras são mais comuns em África, na Ásia e na América Latina,[3] principalmente nas áreas rurais.[3][7] As mortes são relativamente raras na Austrália, Europa e América do Norte.[8][9][10] Por exemplo, nos Estados Unidos são mordidas por serpentes venenosas cerca de sete a oito mil pessoas por ano, mas apenas morrem cerca de cinco pessoas (1 em cada 65 milhões).[1]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p «Venomous Snakes». U.S. National Institute for Occupational Safety and Health. 24 de fevereiro de 2012. Consultado em 19 de maio de 2015. Cópia arquivada em 29 de abril de 2015
- ↑ a b c d e f Gold, Barry S.; Richard C. Dart; Robert A. Barish (1 de abril de 2002). «Bites of venomous snakes». The New England Journal of Medicine. 347 (5): 347–56. PMID 12151473. doi:10.1056/NEJMra013477
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p «Animal bites: Fact sheet N°373». World Health Organization. Fevereiro de 2015. Consultado em 19 de maio de 2015. Cópia arquivada em 4 de maio de 2015
- ↑ a b c d e f g h «Neglected tropical diseases: Snakebite». World Health Organization. Consultado em 19 de maio de 2015. Cópia arquivada em 30 de setembro de 2015
- ↑ a b Marx, John A. (2010). Rosen's emergency medicine : concepts and clinical practice 7 ed. Philadelphia: Mosby/Elsevier. p. 746. ISBN 9780323054720. Cópia arquivada em 21 de maio de 2015
- ↑ Peden, M. M. (2008). World Report on Child Injury Prevention (em inglês). [S.l.]: World Health Organization. p. 128. ISBN 9789241563574. Cópia arquivada em 2 de fevereiro de 2017
- ↑ a b c «Snake antivenoms: Fact sheet N°337». World Health Organization. Fevereiro de 2015. Consultado em 16 de maio de 2017. Cópia arquivada em 18 de abril de 2017
- ↑ a b c d e Kasturiratne, A.; Wickremasinghe, A. R.; de Silva, N; Gunawardena, NK; Pathmeswaran, A; Premaratna, R; Savioli, L; Lalloo, DG; de Silva, HJ (4 de novembro de 2008). «The global burden of snakebite: a literature analysis and modelling based on regional estimates of envenoming and deaths». PLOS Medicine. 5 (11): e218. PMC 2577696 . PMID 18986210. doi:10.1371/journal.pmed.0050218
- ↑ a b Gutiérrez, José María; Bruno Lomonte; Guillermo León; Alexandra Rucavado; Fernando Chaves; Yamileth Angulo (2007). «Trends in Snakebite Envenomation Therapy: Scientific, Technological and Public Health Considerations». Current Pharmaceutical Design. 13 (28): 2935–50. PMID 17979738. doi:10.2174/138161207782023784
- ↑ Chippaux, J. P. (1998). «Snake-bites: appraisal of the global situation». Bulletin of the World Health Organization. 76 (5): 515–24. PMC 2305789 . PMID 9868843
Ligações externas
editar- Picadas de cobra no Manual Merck
- Base de dados de antivenenos da Organização Mundial de Saúde