Soneto 73
Soneto 73 |
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That time of year thou mayst in me behold |
–William Shakespeare |
O Soneto 73 foi escrito por William Shakespeare e faz parte dos seus 154 sonetos.
O soneto compara o envelhecimento ao outono, ao crepúsculo e a um fogo morrendo, pois as brasas são consideradas "cinzas da juventude", e a vida acaba quando elas se vão. Muito sombrio nos primeiros 12 versos, o clima é elevado no dístico final com uma mudança de foco para o amor.[1]
Descrevendo a passagem do tempo com uma série de metáforas, ele posiciona a morte como um aspecto natural, embora triste, da vida. O dístico final revela o significado do poema e o argumento final do poeta sobre o amor e a morte. [2]
Neste soneto, de grande beleza, Shakespeare se revela o poeta lírico e contemplativo mais penetrante da poesia elisabetana.[3]
Traduções
editarTradução de Milton Lins
editarDurante esta estação, em ti confio,
Quando caem as folhas que restavam
Sobre esses galhos; tremem com o frio
Ninhos nus, onde os pássaros cantavam.
Tu vês em mim o ocaso de tal hora,
Como no pôr do sol sem cor no oeste,
Quando às vezes a luz se vai embora,
Um segundo eu da morte, no que reste.
Em mim vês o fulgor de um fogo tal,
Que repousa nas cinzas juvenis,
Ao pé do leito encontra o seu final,
Consumido na antiga ação nutriz.
Vê que isto faz o teu amor mais forte,
Para gostar de quem foi teu suporte.
Tradução de Carlos de Oliveira
editarEsta estação do ano podes vê-la
em mim: folhas caindo ou já caídas;
ramos que o frémito do frio gela;
árvore em ruína, aves despedidas.
E podes ver em mim, crepuscular,
o dia que se extingue sobre o poente,
com a noite sem astros a anunciar
o repouso da morte, gradualmente.
Ou podes ver o lume extraordinário,
morrendo do que vive: a claridade,
deitado sobre o leito mortuário
que é a cinza da sua mocidade.
Eis o que torna o amor mais forte:
amar quem está tão próximo da morte.
Referências
- ↑ «Sonnet 73 by William Shakespeare:Analysis, Themes & Summary» (em inglês). Consultado em 26 de dezembro de 2024
- ↑ «Sonnet 73» (em inglês). Consultado em 26 de dezembro de 2024
- ↑ SANTOS, Mário Márcio de Almeida. ‘’Prefácio’’ – ‘’in’’: LINS, Milton (tradutor). Sonetos de William Shakespeare. Recife:FacForm, 2005.
- ↑ SHAKESPEARE, William - Sonetos de William Shakespeare / tradutor: Milton Lins. Recife: FacForm, 2005. ISBN 978-85-98896-04-5
- ↑ «Soneto LXXIII de Shakespeare reescrito por Carlos de Oliveira». Vício da Poesia. Consultado em 26 de dezembro de 2024