Stanhopea
Stanhopea é um género botânico pertencente à família das orquídeas (Orchidaceae). Foi proposto por Hooker utilizando-se de material de J.Frost em Botanical Magazine 56: t. 2948, em 1829. A Stanhopea insignis Frost ex W. Hooker é a espécie tipo deste gênero. O nome do gênero é uma homenagem a Lord Philipp Henry Stanhope, orquidófilo inglês.[1]
Stanhopea | |||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Espécies | |||||||||||||||
Plantas relativamente difíceis de cultivar, são muito ornamentais pelas suas grandes e complicadas flores perfumadas, que entretanto duram apenas dois ou três dias. As principais diferenças para distingui-las residem no formato do labelo e número de flores.
Distribuição
editarStanhopea agrupa cerca de cinqüenta espécies epífitas, eventualmente rupícolas, de crescimento cespitoso, distribuídas do México ao sul do Brasil, normalmente crescendo à sombra das matas úmidas ou sobre rochas abrigadas, onde há grande depósito de detritos.
A maioria das espécies, incluindo as mais extravagantes e coloridas, concentram-se no México, América Central, Colômbia e Equador, apenas seis espécies existem Brasil, podendo chegar a oito, conforme o autor que consultemos. Suas espécies são bastante variáveis, parecidas, e difíceis de descrever de modo que o número de espécies consideradas aceitas não é consenso.
Descrição
editarAs Stanhopea podem ser divididas em três grandes grupos, um que sempre apresenta inflorescências com duas flores, de labelo mais inteiro e sistema de polinização mais simples; outro com inflorescências bastante floribundas e polinização mais complicada, onde o inseto, como em Coryanthes, cai dentro da flor e labelos mais complexos divididos em três partes bem distintas; e o último, ao qual pertencem quase todas as espécies Brasileiras.
São plantas grandes, com pseudobulbos ovóides mais tarde sulcados longitudinalmente, agregados, verde escuros, unifoliados, na base guarnecidos por Baínhas. As folhas são pecioladas, herbáceas, plicadas, e apresentam diversas nervuras dorsalmente salientes. A inflorescência pendente brota da base do pseudobulbo, crescendo para baixo, e comporta de duas a dez flores grandes, de estranha estrutura, cujo ovário normalmente esta recoberto por ampla bráctea.
A flores possuem sépalas grandes largas e côncavas, de consistência carnosa e aparência cerosa. A sépala dorsal parecido porém algo menor. As pétalas são pequenas, por vezes onduladas, e muito curvadas sobre a sépala dorsal. O labelo por vezes é bastante complexo, carnoso, rígido, com hipoquílio, ou a parte do labelo próxima da coluna, muito carnoso e côncavo, mesoquílio, ou a parte intermediária do labelo, e epiquílio, ou extremidade do labelo, largo por vezes com dois apêndices em forma de cornos. A coluna em regra é longa e carnosa, arqueada de modo a ficar com a antera e o estigma sobre o epiquílio, atenuada para a base, com duas grandes asas na extremidade. antera terminal uniloculada com duas polínias cerosas.
Espécies
editarStanhopea insignis
Stanhopea gravelens
Stanhopea guttulata
Stanhopea jenischiana
Stanhopea litzei
Stanhopea tigrina. Sinônimos: Stanhopea nigroviolacea, Stanhopea expansa, Epidendrum fragrantissimum.
Cultivo
editarPela maneira como cresce sua inflorescência é recomendado cultiva-las em gaiolas de madeira. Ao acrescentar-se um pouco de areia e madeira podre ao substrato serão obtidos melhores resultados. Por serem plantas que ocupam considerável espaço, e cujas flores duram muito pouco, muitos orquidófilos deixam de cultiva-las, preferindo ocupar o espaço com espécies de gêneros menores, com flores mais duráveis.
Bioquímica e propriedades farmacológicas
editarSão raros os estudos fitoquímicos com espécies do gênero Stanhopea. O estudo químico de Stanhopea lietzei levou à identificação de diterpenos, triterpenos, flavonoide e um raro bifenantreno em seus tecidos.[2][3] O bifenantreno 2,2′,7,7′-tetrametoxi-4,4′,6,6′-tetrahidroxi-(1,1′)-bifenantreno apresenta atividade contra células de câncer de pulmão do tipo NCI-H460.[4] A presença de triterpenos cicloartânicos e bifenantreno sugerem uma proximidade quimiotaxonômica com espécies das subtribos Maxilariinae e Cyrtopodiinae.[2]
Ver também
editarReferências
editar- ↑ «Stanhopea — World Flora Online». www.worldfloraonline.org. Consultado em 19 de agosto de 2020
- ↑ a b Lucca, Diego L.; Sá, Giovanna P.; Polastri, Leonardo R.; Ghiraldi, Denise M. B.; Ferreira, Nagela P.; Chiavelli, Lucas U. R.; Ruiz, Ana L. T. G.; Garcia, Francielle P.; Paula, Jessica C. (1 de abril de 2020). «Biphenanthrene from Stanhopea lietzei (Orchidaceae) and its chemophenetic significance within neotropical species of the Cymbidieae tribe». Biochemical Systematics and Ecology. 104014 páginas. ISSN 0305-1978. doi:10.1016/j.bse.2020.104014. Consultado em 24 de novembro de 2024
- ↑ Pomini, Armando Mateus; Sahyun, Sandra Aparecida; Oliveira, Silvana Maria De; Faria, Ricardo Tadeu De (25 de agosto de 2023). «Bioactive natural products from orchids native to the Americas - A review». Anais da Academia Brasileira de Ciências (em inglês): e20211488. ISSN 0001-3765. doi:10.1590/0001-3765202320211488. Consultado em 24 de novembro de 2024
- ↑ Li, Xuejiao; Zhao, Chengcheng; Jing, Songsong; Sun, Jiachen; Li, Xia; Man, Shuli; Wang, Ying; Gao, Wenyuan (1 de agosto de 2017). «Novel phenanthrene and isocoumarin from the rhizomes of Dioscorea nipponica Makino subsp. rosthornii (Prain et Burkill) C. T. Ting (Dioscoreaceae)». Bioorganic & Medicinal Chemistry Letters (15): 3595–3601. ISSN 0960-894X. doi:10.1016/j.bmcl.2017.03.095. Consultado em 24 de novembro de 2024
Ligações externas
editar- (em inglês) Orchidaceae in L. Watson and M.J. Dallwitz (1992 onwards). The Families of Flowering Plants: Descriptions, Illustrations, Identification, Information Retrieval.
- (em inglês) Catalogue of Life
- (em inglês) Angiosperm Phylogeny Website
- (em inglês) GRIN Taxonomy of Plants
- (em inglês) USDA
Referências
editar- L. Watson and M. J. Dallwitz, The Families of Flowering Plants, Orchidaceae Juss.