Andorinha-de-sobre-branco

espécie de ave
(Redirecionado de Tachycineta leucorrhoa)

A andorinha-de-sobre-branco ou andorinha-de-rabadilha-branca (Tachycineta leucorrhoa) é uma espécie de ave da família Hirundinidae. Primeiramente descrita pelo ornitólogo francês Louis Pierre Vieillot, que também deu seu nome binomial em 1817, foi considerada por muitos anos uma subespécie da andorinha-chilena. A espécie é monotípica, sem variações populacionais conhecidas. Tem uma listra supraloral branca, característica que pode ser usada para distingui-la da andorinha-chilena. Os loros, coberturas auriculares, cauda e asas são pretas, com pontas brancas nas rêmiges secundárias, terciárias e nas coberturas maiores das asas. O resto das partes superiores são de um azul brilhante. Suas partes inferiores e coberturas abaixo das asas são brancas, assim como sua rabadilha, como o nome sugere. Os sexos são similares, e os jovens são mais monótonos e marrons com um peito escuro.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaAndorinha-de-sobre-branco
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Cordados
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Família: Hirundinidae
Gênero: Tachycineta
Espécie: T. leucorrhoa
Distribuição geográfica
Distribuição de T. leucorrhoa      Área de residência      Visita para reprodução      Visita ao inverno
Distribuição de T. leucorrhoa

     Área de residência      Visita para reprodução

     Visita ao inverno

Esta espécie constrói geralmente o seu ninho em buracos de árvores ou troncos mortos ou debaixo ou em estruturas artificiais como postes de vedação e beirais de edifícios. A andorinha-de-rabo-branco é solitária e nidifica em pares distribuídos durante a época de reprodução. A época de reprodução vai de outubro a dezembro no Brasil e de outubro a fevereiro na vizinha Argentina. Normalmente, é colocada apenas uma ninhada com quatro a sete ovos, embora ocasionalmente seja colocada uma segunda ninhada. A fêmea incuba os ovos durante um período de 15 a 16 dias, e o nascimento ocorre entre 21 e 25 dias após a eclosão.

É classificada como uma espécie pouco preocupante pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Sua população está aumentando e pode se beneficiar do aumento da disponibilidade de locais de nidificação artificiais. O chupim é um parasita ocasional da ninhada da andorinha-de-sobre-branco.

Taxonomia e etimologia

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A andorinha-de-sobre-branco foi formalmente descrita pela primeira vez como Hirundo leucorrhoa pelo ornitólogo francês Louis Vieillot, em 1817, em Nouveau Dictionnaire d'Histoire Naturelle.[2] Depois foi movida ao seu gênero atual, Tachycineta, que foi criado em 1850 por Jean Cabanis.[3] O nome binomial deriva do grego antigo. Tachycineta é de takhukinetos, "movendo-se rapidamente", e o específico leucorrhoa é de leukos, "branco", e orrhos, "traseira, rabadilha".[4]

A espécie foi anteriormente considerada uma subespécie da andorinha-chilena, provavelmente devido à semelhança na morfologia e no canto. Ocasionalmente é colocada no gênero Iridoprocne com a andorinha-das-árvores, Tachycineta albilinea, andorinha-do-rio e a andorinha-chilena.[5] Um estudo de DNA mitocondrial do gênero Tachycineta apoia esta divisão, ainda que estudos mostrem que a andorinha-de-sobre-branco forma uma superespécie, leucorrhoa, com a andorinha-chilena.[6][7] Esta espécie é monotípica, sem subespécies conhecidas.[5]

Descrição

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Andorinha-de-sobre-branco empoleirada

A andorinha-de-sobre-branco mede 13 centímetros de comprimento e pesa de 17 a 21 gramas. Em média, tem 115,7 milímetros de envergadura. Tem uma listra supraloral branca,[5] uma listra branca acima de seu olho, e loros cobertura dos ouvidos pretos. Os loros e coberturas dos ouvidos têm um brilho verde-azulado. Tem asas pretas, com pontas brancas nas rêmiges secundárias e terciárias, e nas coberturas maiores das ases. As pontas brancas correm-se com a idade. A cauda é preta e tem uma bifurcação rasa. Tem uma rabadilha branca, como diz um dos nomes por que é conhecida.As demais partes superiores são de um azul brilhante. Estas características, quando o pássaro não está procriando, são mais azul-esverdeadas. As partes inferiores e coberturas abaixo da asa são brancas.[6] O bico, as pernas e pés são pretos, e as íris são marrons. Os sexos são similares, e os jovens podem ser distinguidos pelo seu peito escuro e pelo fato de que são mais monótonos e marrons.[5][8]

Esta andorinha é semelhante à andorinha-chilena, mas pode ser diferenciada pela falta de uma faixa branca supraloral na andorinha-chilena.  A andorinha-chilena também parece manter suas partes superiores azuis brilhantes quando não está se reproduzindo.[9]  A andorinha-de-rabadilha-branca é, além disso, maior que a andorinha-chilena.[8]

O canto da andorinha-de-dorso-branco é frequentemente descrito como um gorgolejo suave[5] ou um gorjeio quebrado. Geralmente canta enquanto voa ao amanhecer.[8]  A chamada é descrita como um zzt rápido e sem tom.[10]  A nota de alarme que ele usa é curta e áspera.[8]

Distribuição

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Esta andorinha é nativa da Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai, Peru e Uruguai.[1] Habita campos abertos e semiabertos perto da água, da margem da floresta, e dos assentamentos humanos.[5] Também habita savanas secas, florestas degradadas, e pastagens inundadas sazonalmente tanto tropicais quanto subtropicais.[1] Além disso, é sabido que habita os pampas da Argentina e Uruguai. Durante o inverno austral, os pássaros na população do sul geralmente deslocam-se para as partes mais ao norte da área que habita.[9] Este pássaro pode ser encontrado em altitudes que variam desde o nível do mar a 1 100 metros (3 600 pés).[1]

Comportamento

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Após a época de reprodução, a andorinha-de-rabadilha-branca forma bandos que às vezes consistem em centenas de indivíduos.[5] Esses bandos freqüentemente consistem tanto na andorinha-de-rabadilha-branca quanto em outras espécies de andorinhas.[11]

Reprodução

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Utilizar o ninho abandonado do joão-de-barro

A andorinha-de-sobre-branco constrói seus ninhos em buracos, fendas em uma árvore ou tronco morto. Também os constrói em estruturas artificiais, como buracos em postes de cerca ou sob beirais, normalmente sob os de edifícios abandonados.[12]  Esta andorinha às vezes reutiliza locais de nidificação favoráveis, o que tem um efeito positivo na sobrevivência dos filhotes.[13] Ocasionalmente, nidifica em ninhos abandonados do espinheiro-lenhador. Os ninhos em si são geralmente feitos de fibras vegetais e forrados com pelos e penas. Esta andorinha é solitária e a época de reprodução, está espalhada em pares.[12]  Os pares podem ser vistos lutando e perseguindo uns aos outros no local do ninho.[11]

Esta andorinha exibe o comportamento de prospecção de ninhos, visitando potenciais locais de nidificação futuros. A prospecção de ninhos é um comportamento registrado em indivíduos reprodutores e não reprodutores e ocorre após o fracasso ou sucesso de um ninho e enquanto a ave está nidificando ativamente. Após uma falha no ninho, a distância média que um indivíduo percorre durante uma visita de prospecção aumenta drasticamente, de cerca de 121 metros (397 pés) para cerca de 5,1 quilômetros (3,2 milhas). A prospecção de ninhos parece ocorrer com mais frequência em indivíduos com menor tamanho de ninhada. As visitas dos machos a outros ninhos podem ser para cuidar de filhotes extra-pares, embora não explique as visitas das fêmeas.  Filhotes extra-par, ou jovens com pais fora do casal reprodutor, representam cerca de 56% de todos os descendentes.[14]

A época de reprodução da andorinha-de-sobre-branco é de outubro a dezembro no Brasil e de outubro a fevereiro na Argentina.[5] Durante este período, uma ninhada é geralmente colocada, embora ocasionalmente coloque uma segunda ninhada.[15]  Em média, 58% dos ninhos emplumam pelo menos um filhote.[5]

A ninhada é geralmente de quatro a sete ovos que passam de branco-rosado quando colocados para branco puro. Os ovos medem 19,6 por 13,7 milímetros (0,77 pol× 0,54 pol.) e pesam 1,9 gramas (0,067 onças) em média.[11]  Observa-se que o tamanho da ninhada e o tamanho do ovo geralmente diminuem à medida que a estação de reprodução avança. Os filhotes do final da temporada também pesam menos do que os filhotes do início da temporada.[15]  Leva de 15 a 16 dias para a fêmea incubar a ninhada.[5]  Cerca de 58% das ninhadas eclodem de forma síncrona, embora a eclosão às vezes dure mais de quatro dias.[15]  Em média, 78% dos ovos eclodirão. O período de ninhada é de 21 a 25 dias, com cerca de 95% dos filhotes emplumados.[5]  A andorinha-de-rabadilha-branca, em média, vive 2,12 anos. O macho vive um pouco mais do que a fêmea.[16]

 
Juvenis a serem alimentados por um adulto num voo

A andorinha-de-sobre-branco é um insetívoro aéreo que geralmente se alimenta sozinho ou em pequenos grupos, alimentando-se de moscas, besouros, formigas voadoras, Orthoptera e lepidópteros. Geralmente se alimenta perto da água, pastagens e florestas abertas. Ocasionalmente deslizando pelo solo, seu vôo é rápido e direto. Segue humanos e outros animais[5] e geralmente pode ser visto perto de humanos e animais que são insetos perturbadores.[11]

Parasitas

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O chupim é um parasita de ninhada que ocasionalmente põe seus ovos no ninho da andorinha-de-sobre-branco. Depois que um chupim empluma-se, exibe um comportamento que faz com que seja alimentado muito mais que os filhotes da andorinha. Este tipo de parasitismo ocorre em seis porcento dos ninhos.[17] Esta andorinha é conhecida por perder ninhos para a curruíra.[5]

Estado de conservação

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A andorinha-de-rabadilha-branca é classificada como espécie pouco preocupante pela UICN. Isto é devido à sua grande área de distribuição, estimada em 5,580,000 de quilômetros quadrados (2,150,000 sq mi), seu aumento populacional, e sua grande população.[1] O aumento da disponibilidade de ninhos artificiais pode beneficiar este pássaro,[5] e pode ser um fator que contribui para o crescimento de sua população.[1] É descrito como sendo bastante comum em sua área.[5]

Referências

  1. a b c d e f BirdLife International (2016). «Tachycineta leucorrhoa». IUCN. IUCN Red List of Threatened Species. 2016: e.T22712068A94317424. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22712068A94317424.en. Consultado em 1 de maio de 2017 
  2. Vieillot, Louis Jean Pierre (1817). Nouveau Dictionnaire d'Histoire Naturelle, nouvelle édition (em francês). 14. [S.l.: s.n.] p. 519 
  3. Cabanis, Jean (1850). Museum Heineanum : Verzeichniss der ornithologischen Sammlung des Oberamtmann Ferdinand Heine auf Gut St. Burchard vor Halberstatdt (em alemão). 1. [S.l.]: Independently commissioned by R. Frantz. p. 48 
  4. Jobling, James A. (2010). The Helm Dictionary of Scientific Bird Names. [S.l.]: Christopher Helm. pp. 225, 377. ISBN 978-1-4081-2501-4 
  5. a b c d e f g h i j k l m n o Turner, Angela (2017). del Hoyo, Josep; Elliott, Andrew; Sargatal, Jordi; Christie, David A.; de Juana, Eduardo, eds. «White-rumped Swallow (Tachycineta leucorrhoa. Handbook of the Birds of the World Alive. Lynx Edicions. Consultado em 14 de janeiro de 2017. (pede subscrição (ajuda)) 
  6. a b Whittingham, Linda A.; Slikas, Beth; Winkler, David W.; Sheldon, Frederick H. (2002). «Phylogeny of the tree swallow genus, Tachycineta (Aves: Hirundinidae), by Bayesian analysis of mitochondrial DNA sequences». Molecular Phylogenetics and Evolution. 22 (3): 430–441. PMID 11884168. doi:10.1006/mpev.2001.1073 
  7. Dor, Roi; Carling, Matthew D.; Lovette, Irby J.; Sheldon, Frederick H.; Winkler, David W. (2012). «Species trees for the tree swallows (Genus Tachycineta): An alternative phylogenetic hypothesis to the mitochondrial gene tree». Molecular Phylogenetics and Evolution. 65 (1): 317–322. PMID 22750631. doi:10.1016/j.ympev.2012.06.020 
  8. a b c d Turner, Angela; Rose, Chris (30 de junho de 2010). A Handbook to the Swallows and Martins of the World. [S.l.]: Bloomsbury Publishing. pp. 106–108. ISBN 978-1-4081-3172-5 
  9. a b Ridgely, Robert S.; Guy, Tudor (1989). The Birds of South America: Volume 1: The Oscine Passerines. [S.l.]: University of Texas Press. p. 55. ISBN 978-0-292-70756-6 
  10. Perlo, Ber van (8 de novembro de 2018). A Field Guide to the Birds of Brazil (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press 
  11. a b c d Turner, Angela; Rose, Chris (30 de junho de 2010). A Handbook to the Swallows and Martins of the World (em inglês). [S.l.]: A&C Black 
  12. a b Ridgely, Robert S.; Guy, Tudor (1989). The Birds of South America: Volume 1: The Oscine Passerines (em inglês). [S.l.]: University of Texas Press 
  13. Miño, Carolina Isabel; Massoni, Viviana (3 de abril de 2017). «Sexual differences in the effect of previous breeding performance on nest-box reuse and mate retention in White-rumped Swallows ( Tachycineta leucorrhoa )». Emu - Austral Ornithology (em inglês) (2): 130–140. ISSN 0158-4197. doi:10.1080/01584197.2017.1282827. Consultado em 19 de setembro de 2024 
  14. Ferretti, V.; Massoni, V.; Bulit, F.; Winkler, D. W.; Lovette, I. J. (2011). «Heterozygosity and fitness benefits of extrapair mate choice in White-rumped Swallows (Tachycineta leucorrhoa. Behavioral Ecology. 22 (6). pp. 1178–1186. ISSN 1045-2249. doi:10.1093/beheco/arr103 . hdl:11336/68659  
  15. a b c Massoni, Viviana; Bulit, Florencia; Reboreda, Juan Carlos (janeiro de 2007). «Breeding biology of the White‐rumped Swallow Tachycineta leucorrhoa in Buenos Aires Province, Argentina». Ibis (em inglês) (1): 10–17. ISSN 0019-1019. doi:10.1111/j.1474-919X.2006.00589.x. Consultado em 19 de setembro de 2024 
  16. Bulit, Florencia; Massoni, Viviana (janeiro de 2011). «Apparent survival and return rate of breeders in the southern temperate White‐rumped Swallow Tachycineta leucorrhoa». Ibis (em inglês) (1): 190–194. ISSN 0019-1019. doi:10.1111/j.1474-919X.2010.01079.x. Consultado em 19 de setembro de 2024 
  17. Massoni, Viviana; Winkler, David W.; Reboreda, Juan C. (março de 2006). «Brood parasitism of White-rumped Swallows by Shiny Cowbirds». Journal of Field Ornithology (em inglês) (1): 80–84. ISSN 0273-8570. doi:10.1111/j.1557-9263.2006.00027.x. Consultado em 19 de setembro de 2024 
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