Logística/Embalagem/Funções da embalagem

Uma embalagem tem como obrigação cumprir quatro funções vitais que são a protecção, conservação, informação e a função associada ao serviço ou à conveniência na utilização e consumo final do produto (Poças et al., 2003, p. 5-10).

Proteção

Como função primária a embalagem deve proteger o produto dos danos que ocorrem durante o empilhamento dos produtos, como por exemplo: choques, vibração e compressão, danos esses que são designados danos físico-mecânicos, estes têm maior probabilidade de acontecerem no circuito de transporte e distribuição. Tipicamente, estes danos de natureza física e mecânica, não colocam em questão tanto a segurança do produto mas sim a sua qualidade, visto que quando a protecção que a embalagem fornece não é a mais indicada para o produto em questão, existe a hipotese de se perder o produto, parcialmente ou em certos casos a perda completa do produto, que desta maneira se torna improprio para consumo.

Em termos da segurança do produto, a embalagem tem um papel fulcural, visto que previne a adulteração ou perda de integridade do produto, utilizando sistemas que evidenciam a abertura ou intrusão da embalgaem. Erros ou defeitos que são comuns aparecerem durante o processo de embalagem podem levar à perda de integridade do respectivo produto, mas a perda de integridade pode ser causada também pelos motivos mais variados, como a vingança contra uma loja, um produto ou uma pessoa, extorsão ou outro tipo ilegal de ganhar dinheiro, publicidade ou pura maldade. Não existe somente um grupo de produtos que é vitima de adulteração provocada ou violação de produtos, visto que ao longo do tempo se têm registado vários tipos de adulteração em vários grupos de produtos, como, por exemplo: produtos de higiene e médico–farmacêuticos, tais como, comprimidos analgésicos, gotas oftalmológicas, sprays nasais, pasta de dentes; e produtos alimentares, como pacotes de açúcar, chocolates, comida para bebés, snacks, refrigerantes e produtos electrónicos, entre outros.

Desde os anos vinte que são registados casos de adulteração e violação de produtos, o que o transforma num problema reincidente. Mas estas adulterações tornaram-se num problema serio, desde o caso Tylenol, que ocorreu em 1982 nos E.U.A onde várias pessoas faleceram devido ao uso de comprimidos Tylenol que foram corrompidos devido à adulteração. Desde este acidente que os casos registados, falsos alarmes e ameaças de adulteração/violação têm vindo a crescer exponencialmente, o que levou o consumidor a encarar a embalagem com outros olhos. A (FDA) food and drug administration, nos dias de hoje, exige, por lei, que determinados grupos de produtos, especificamente medicamentos de venda livre, que usem embalagens com um sistema «à prova de intrusão» ou com sistemas que evidenciem a sua abertura, como pode ser observado na Figura 1 e na Figura 2. No final do século XX tem se verificado uma tendência exponencial do uso generalizado de sistemas de protecção que evidenciam a abertura da embalagem, com o objectivo de proteger o interior da embalagem e consequentemente proteger a imagem do próprio produto e do fabricante, especificamente no grupos de embalagens de alimentos e de bebidas.

Figura 1. Lata de alumínio com sistema de anilha

A embalagem deve ter um indicador ou barreira, que se quebrada ou estando em falta, deve ser razoável esperar que faça prova visível ou audível para o consumidor, de que a embalagem já foi aberta, Packaging having an indicator or barrier to entry which, if breached or missing, can reasonably be expected to provide visible or audible evidence to consumers that tampering has occurred è desta forma que a FDA define um sistema de embalagem com evidência da abertura. Existem no mercado, diversos sistemas de protecção, como, as fitas de plástico termo-retrácteis direccionadas para garrafas e frascos, embalagens tipo blister(com por exemplo a imagem da Figura 2), tampas metálicas com botão indicador de vácuo, bisnagas com orifício fechado, selos interiores para frascos de vidro e plástico, fitas gomadas especiais para caixas de transporte, e outras

Figura 2. Embalagem do tipo blister.
Conservação

De forma a prolongar a vida-útil e diminuir as perdas de produto por deterioração as embalagens têm que controlar certos factores ambientais, tais como, a humidade, o oxigénio, a luz e barrar com eficiência os microorganismos que se encontram na atmosfera sobre qual a embalagem se encontra envolta, prevenindo desta forma que estes se desenvolvam no produto. Mantendo assim a qualidade e a segurança dos conteúdos das embalagens, prolongando a sua vida-útil e diminuindo as perdas de produto por devido à sua deterioração (Conceitos., 2003, p. 3-4).

De maneira a não por em risco a integridade do consumidor, a embalagem tem que ser fabricada em materiais que não possam ser transferidos para o produto, em quantidades que ponham em risco a saúde dos consumidores, ou que possam alterar as características organolépticas do produto, pelo que no design da embalagem este factor é de grande importância.

Certas tecnologias são da mais alta importância, pelo que a embalagem tem que ser adaptada a essa tecnologia, visto que muitas vezes a embalagem pode ser utilizada como suporte para a preparação e conservação do próprio alimento fornecendo desta forma um papel activo, como por exemplo no processamento térmico, no acondicionamento asséptico e na atmosfera modificada:

  • Processamento térmico: As embalagens devem ser resistentes à temperatura do processo, totalmente herméticas e ao mesmo tempo permitir as variações de volume do produto que podem ocorrer durante o processo, sem o risco de ocorrer uma modificação no aspecto físico da embalagem de forma irreversível e sem por em risco a recontaminação pós-processo da embalagem.
  • Acondicionamento asséptico: A embalagem deve ser desenhada a pensar no processo de esterilização, no enchimento do produto processado e no fecho em condições perfeitamente assépticas, mantendo a integridade e hermeticidade do material e das soldas realizadas durante o processo, visto que, o produto é esterilizado e introduzido assepticamente numa embalagem também previamente estilizada. Na figura 3 temos um exemplo de uma embalagem de acondicionamento asséptico.


  • Embalagem em atmosfera modicada: Trata-se do acondicionamento do produto em uma atmosfera diferente da atmosfera circundante à embalagem, a atmosfera no interior da embalagem normalmente é composta por oxigénio, dióxido de carbono e azoto, mas também se pode usar somente o azoto como gás inerte. A tecnologia utilizada no processo de refrigeração para conservação de produtos requer a utilização de tecnologias de acondicionamento de grande eficiência, e também requer materiais de embalagem com permeabilidade selectiva e controlada, que possibilitam conter a atmosfera gasosa interna, no interior do recipiente, mantendo certas proporções constantes ou limitados a um intervalo previamente determinado dos vários tipos de gases contidos no interior da embalagem, e sempre mantendo em mente o metabolismo activo dos produtos contidos dentro deste tipo de embalagem.

Visto que na industria alimentar a boa qualidade do produto é essencial, foi criado o sistema HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Points) visto que a embalagem pode ser um agente de risco em relação à segurança e qualidade do produto,a embalagem pode ser o agente fornecedor de uma possível contaminação física, química ou ate mesmo de uma contaminação microbiológica. Este sistema foi criado com o objectivo de indicar materiais e sistemas de embalagem, de maneira a evitar os perigos que a embalagem pode causar garantindo desta forma que o produto acondicionado não se transforma numa fonte de risco, Códigos de Boas Práticas tem sido criados por diversas entidades como associações sectoriais, que são adequados às necessidades da sua indústria, de maneira a prevenir perigos associados à embalagem e garantir a segurança do produto acondicionado(Poças et al., 2003, p. 20-21).

  • Guidelines for the Hygienic Production of Plastic Food Packaging elaboradas por European Plastics Converters;
  • CEPI Guide for Good Manufacturing Practice for Paper and Board for Food Contact elaborado pelo Conselho da Europa';
  • Technical Standard and Protocol for Companies Manufacturing and Supplying Food Packaging Materials for Retailer Branded Products elaborado pelo British Retail Consortium (BRC) e pelo Institute of Packaging (IOP).

O documento Technical Standard and Protocol for Companies Manufacturing and Supplying Food Packaging Materials for Retailer Branded Products foi criado devido à falta de requisitos que os comerciantes e retalhistas do Reino Unido, em relação à higiene e segurança dos seus produtos de marca própria, e como resultado a falta de normas directivas para as embalagens dos produtos respectivos. Foi criado um referencial comum para auditorias de higiene e segurança que foram criados para serem dirigidas aos fornecedores de embalagens. O referencial foi criado a partir de um protocolo entre o BRC e o IOP, que reuniu representantes da cadeia de produção da embalagem representantes esses que iam desde os responsáveis das próprias matérias-primas utilizadas nas embalagens, até aos representantes de enchimento do produto. O formato final ficou-se como uma norma técnica que apresenta como requisitos base.

  • Sistema de análise de perigos/riscos.
  • Controlo de requisitos específicos a nível de ambiente, produto, processo e pessoal.

Produtores começaram a usar a norma que define certos procedimentos a ser utilizados, tais como a gestão da higiene a ser usada pelos próprios produtores, mas também pelos fornecedores de sistemas de embalagem e de matérias primas, que pode ser aplicado a:

  • À produção e fornecimento de embalagens para serem usadas no enchimento e acondicionamento de produtos alimentares.
  • Para demonstração da implementação de procedimentos para garantia da higiene e segurança e controlo do processo a produtores de embalagem, enchedores e embaladores dos produtos alimentares e retalhistas.
Informação

O Local onde toda a informação referente ao produto se encontra, é na embalagem, informação essa como: informação de distribuição, venda e informação para o próprio consumidor.Respectivamente à informação destinada ao consumidor, a informação requerida pela legislação da rotulagem alimentar, tem que estar incluída na embalagem, como a designação e tipo do produto, o responsável pela colocação no mercado, a lista de ingredientes e a quantidade líquida, a data de consumo, a identificação do lote, as condições de conservação e de preparação ou utilização (Poças et al., 2003, p. 7-9). Como pode ser observado na Figura 4 que nos fornece informação sobre, uma embalagem selada de carne de porco da Tesco, que mostra o tempo de cozedura, numero de doses, peso em KG, data de validade, preço em relação ao peso, informação sobre a armazenamento a frio, um autocolante de informação que diz: sem hidratos de carbono, contem também um selo de controlo de qualidade e com um código de barras. No caso da informação referente a informação de distribuição, a informação tem maior incidência sobre a gestão de stocks, preço, identificação e rastreabilidade do produto e instruções para o armazenamento e manuseamento do produto.(Wikipedia., 2010,).


De forma a garantir a qualidade e segurança do produto, é importante referenciar em termos da segurança alimentar as informações sobre o armazenamento do produto, respectivamente a sua conservação, informação essa que vai ajudar no bom emprego do produto, que vai por sua vez contribuir para a utilização do produto no prazo e em condições. De forma a não se colocar em risco a segurança do consumidor, tem que se ter em atenção a informação fornecida na embalagem que permita saber de onde veio o produto, essa informação pode ser fornecida por exemplo pelo nº de lote que vai auxiliar, no caso de ocorrer um problema com as matérias-primas, processo, entre outros, de fornecer a localização, de forma a que esse produto possa ser recolhido (Poças et al., 2003, p. 7-9).

Os TTI, são indicadores de tempo e integradores de temperatura, que fornecem informação sobre as condições de temperatura ás quais o produto esteve sujeito, durante o processo de distribuição. Os produtos que se encontram refrigerados ou congelados, e que circulam no processo de distribuição\comercialização são óptimos candidatos para o uso destes TTI, visto que, os TTI indicados para estes produtos funcionam como sensores, que devido a uma mudança no seu aspecto, nomeadamente mudanças na sua cor, forma ou imagem, representam uma resposta ao historial de temperatura sobre qual o sensor esteve exposto durante o processo de transporte. Normalmente o sensor têm a forma de uma [w:etiqueta|etiqueta]] ou também pode se encontrar dentro da própria embalagem de maneira a controlar as variações de temperatura a que o conteúdo dessa embalagem se encontra sujeito durante o transporte, distribuição e armazenamento. Os TTI são divididos em três grandes grupos distintos entre si de acordo com a forma como reagem à temperatura:

  • História total: quando respondem à temperatura em função do tempo logo após activação.
  • História parcial: quando respondem à temperatura em função do tempo mas só a partir do ponto em que determinada temperatura é atingida
  • Abuso: quando respondem só à temperatura, exibindo resposta quando determinado valor é atingido independentemente do tempo que o produto permanece a essa temperatura.

Os TTI funcionam devido a mecanismos de natureza físico-química, como reacções de fusão ou de polimerização, de natureza enzimática ou microbiológica. As principais características que os TTI têm que ter são as seguintes:

  • facilidade de activação;
  • resposta exacta, rápida e irreversível à temperatura ou ao efeito cumulativo e combinado do tempo e da temperatura;
  • resposta correlacionada com o mecanismo de deterioração do alimento;

Visto que quando um sensor exibe uma determinada mudança visível, quando uma certa temperatura foi registada pelo sensor, ou quando uma certa temperatura se fixou por um certo período de tempo podem, desta forma, tornar-se numa fonte de auxilio direccionada para o serviço de segurança dos produtos, visto que permitem ao consumidor saber as condições do produto, quando estes exibem essas mudanças físicas no seu aspecto.

Visto que certos aspectos ainda não se encontram solucionados(como o custo e a relação entre a informação que o indicador dá com a indicação legal da data de consumo) e apesar dos TTI terem inúmeras vantagens, ainda não podem ser usados em larga escala.

No design da embalagem de consumo deve se tem em consideração que esta deve ser direccionada para a conveniência do consumidor, ser apelativa ao consumidor e ter boa arrumação nas prateleiras dos supermercados. A embalagem de produtos destinados ao consumo necessita de chamar a atenção no local de venda, manter informação sobre as características e atributos do produto e de activar o desejo de consumo no consumidor. Se a embalagem falha nesta função o produto arrisca-se a desaparecer do mercado (Wikipedia., 2010).

Conveniência ou serviço

Na utilização e consumo final do produto a embalagem tem uma grande responsabilidade . Visto que a embalagem além de fornecer segurança ao produto, não deve ser ela própria uma fonte de perigo para o consumidor e deve ser projectada com de acordo com este factor. Em baixo apresentam-se alguns exemplos de questões ligadas à função de serviço da embalagem (Poças et al., 2003, p. 9-10):


  • A abertura-fácil exemplo na Figura 5 tampos metálicos das latas de conservas.
  • A possibilidade de fechar e abrir a embalagem entre utilizações, como na Figura 5 o sistema de abertura de uma garrafa de ketchup que vai fornece uma melhor conservação do produto quando este não é finalizado após a sua abertura.
  • O facto de se poder aquecer ou mesmo cozinhar o respectivo conteúdo da embalagem dentro da própria e a aplicação da mesma em fornos microondas, que trás ao de cimo novas incógnitas, a nível dos materiais da embalagem em contacto com o produto, visto que são atingidas altas temperaturas dentro dos fornos.
  • No caso de garrafas em vidro de bebidas carbonadas a possibilidade de acontecer ruptura da embalagem devido à elevada pressão interna que podem ser um agente perigo para o utilizador, é importante referenciar a importância do uso de tipo manga de plástico que fornece uma certa protecção de estilhaços provenientes da garrafa.
  • O facto de poder ocorrer uma contaminação química ou microbiológica na reutilização de embalagens.
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