Ácido glutâmico
Ácido glutâmico Alerta sobre risco à saúde | |
---|---|
Nome IUPAC | (2S)-2-aminopentanedioic acid |
Identificadores | |
Número CAS | |
PubChem | |
ChemSpider | |
SMILES |
|
Propriedades | |
Fórmula química | C5H9NO4 |
Massa molar | 147.11 g mol-1 |
Compostos relacionados | |
Outros catiões/cátions | Glutamato monossódico Glutamato dissódico |
Aminoácidos relacionados | Ácido aspártico (2-aminobutanodioico) Glutamina (carboxila do carbono 5 trocada por uma amida) Ácido alfa-amino-adípico (2-amino-hexanodioico) |
Compostos relacionados | Ácido glutárico (pentanodioico) Ácido alfacetoglutárico (2-oxo-pentanodioico) Ácido alfa-hidroxi-glutárico |
Página de dados suplementares | |
Estrutura e propriedades | n, εr, etc. |
Dados termodinâmicos | Phase behaviour Solid, liquid, gas |
Dados espectrais | UV, IV, RMN, EM |
Exceto onde denotado, os dados referem-se a materiais sob condições normais de temperatura e pressão Referências e avisos gerais sobre esta caixa. Alerta sobre risco à saúde. |
O ácido glutâmico é um aminoácido não essencial, um dos 20-22 aminoácidos proteinogênicos. Seus códons são GAA e GAG.
O ânion carboxilato e os sais do ácido glutâmico são conhecidos como glutamatos. O glutamato é um importante neurotransmissor, que desempenha um papel chave na potenciação de longa duração e é importante para o aprendizado e a memória.[1]
Nomenclatura | Ácido glutâmico ou glutamato |
Símbolo | Glu ou E |
Nome químico | Ácido 2-aminoglutárico |
Classificação | Aminoácido polar ácido |
Estrutura Linear | |
Estrutura Tridimensional |
Estrutura
editarComo o seu nome indica, possui um ácido carboxílico como grupo funcional na sua cadeia lateral.C5H9NO4 é sua molécula
Biossíntese
editarReacção | Enzimas |
---|---|
Glutamina + H2O → Glu + NH3 | GLS, GLS2 |
Ácido N-acetilglutâmico + H2O → Glu + Acetato | (desconhecida) |
α-cetoglutarato + NADPH + NH4+ → Glu + NADP+ + H2O | GLUD1, GLUD2 |
α-cetoglutarato + α-aminoácido → Glu + α-oxoácido | transaminase |
1-pirrolina-5-carboxilato + NAD+ + H2O → Glu + NADH | ALDH4A1 |
N-formimino-L-glutamato + ácido fólico ⇌ Glu + Ácido 5-formimino-fólico | FTCD |
Funções
editarNa dieta
editarO glutamato está presente em diversos alimentos. É responsável por um dos gostos básicos que constituem o paladar humano - umami. Por esta razão, o glutamato monossódico é usado como aditivo alimentar, para realçar o sabor de alimentos.
Cerca de 95% do glutamato ingerido é absorvido rapidamente no intestino, sendo que a metade é metabolizada em CO2. Provou-se, através de pesquisas, que o glutamato aí metabolizado é o maior contribuinte para a produção da energia usada pelo intestino.[2]
No metabolismo
editarO glutamato é um aminoácido importante no metabolismo humano. É o produto da transaminação do α-cetoglutarato, participando então na produção de metabolitos como o piruvato ou o oxaloacetato, que participam em vias metabólicas como a gliconeogénese, a glicólise ou o ciclo dos ácidos tricarboxílicos:
- alanina + α-cetoglutarato ⇌ piruvato + glutamato
- aspartato + α-cetoglutarato ⇌ oxaloacetato + glutamato
O glutamato sofre desaminação a α-cetoglutarato e amónia através da seguinte reacção, catalisada pela glutamato desidrogenase:
A amónia é excretada sob a forma de ureia (em humanos), que é sintetizada no fígado. O excesso de azoto no organismo pode ser então excretado através da ligação entre reações de transaminação e desaminação: aminoácidos são transformados em α-cetoácidos enquanto o grupo amina é transferido para o α-cetoglutarato, formando glutamato; este sofre então a desaminação que origina a amónia e depois a ureia.
Como neurotransmissor
editarO glutamato é um neurotransmissor excitatório do sistema nervoso, o mais comum em mamíferos. É armazenado em vesículas nas sinapses. O impulso nervoso causa a libertação de glutamato no neurónio pré-sináptico; na célula pós-sináptica, existem receptores (como os receptores NMDA) que ligam o glutamato e se activam. Pensa-se que o glutamato esteja envolvido em funções cognitivas no cérebro, como a aprendizagem e a memória. As membranas de neurónios e da glia possuem transportadores de glutamato que retiram rapidamente este aminoácido do espaço extracelular.
O glutamato é precursor na síntese de GABA em neurónios produtores de GABA.
Neurotoxicidade
editarEm situações de patologia cerebral (danos ou doenças), os transportadores podem funcionar de forma reversa e causar a acumulação e concentrações excessivas de glutamato no espaço extracelular. Esta reversão provoca a entrada de iões cálcio (Ca2+) nas células, através de receptores NMDA, levando a danos neuronais e eventualmente morte celular (apoptose). Este processo é conhecido como excitotoxicidade e pode ser letal para os neurônios, particularmente no caso de ativação dos receptores NMDA. Assim a toxicidade, pode ser causada por:
- alterações mitocondriais decorrentes de um influxo excessivo e descontrolado de Ca2+ na célula, ultrapassando a sua capacidade de estocagem e levando a uma liberação de citocromo p450, com a subsequente apoptose.[3]
- amplificação ou superexpressão de factores de transcrição de genes pró-apoptóticos ou repressão de factores de transcrição de genes antiapoptóticos mediada pelo glutamato e pelo Ca2+.
A excitotoxicidade devida à acumulação de glutamato ocorre em episódios de isquémia cerebral e apoplexia e está associada a doenças como esclerose lateral amiotrófica, latirismo e doença de Alzheimer.
Referências
- ↑ Robert Sapolsky (2005). «Biology and Human Behavior: The Neurological Origins of Individuality, 2nd edition». The Teaching Company.
see pages 19 and 20 of Guide Book
- ↑ Intestinal glutamate metabolism (em inglês)
- ↑ Mol Pharmacol. (1989), vol.36, nº1, p.106-112.