Descontinuidade de Lehmann

A Descontinuidade de Lehmann, localiza-se à profundidade de 5150km e é a fronteira entre o núcleo externo (líquido) e o núcleo interno (sólido).

número correspondente
1 crosta
2 manto
3 núcleo
4 listosfera
3a núcleo externo
3b núcleo interno
5100km Descontinuidade de Lehmann

Foi nomeada em honra da sismóloga dinamarquesa Inge Lehmann que reparou que ondas P, que deveriam ter sido totalmente reflectidas pelo núcleo, eram registadas em sismogramas na zona de sombra P (zona em que as ondas P não se propagam).

Ela concluiu que estas ondas haviam sido reflectidas por uma descontinuidade física, significando que, por baixo do núcleo líquido (já descoberto) existiria um núcleo interno sólido.

A hipótese de Lehmann foi confirmada em 1970 por novos dados sismológicos.

Biografia de Ingie Lehmann e trabalho

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Inge Lehmann nasceu em Copenhague, Dinamarca, no dia 13 de maio de 1888, filha de um psicólogo e uma dona de casa. Na juventude, estudou em uma escola progressista que educava igualmente meninos e meninas, a primeira escola mista da Dinamarca. Aos 18 anos, Inge foi aceita na Universidade de Copenhague, e também estudou um período na Universidade de Cambridge, Inglaterra. Apesar de interromper seus estudos por problemas de saúde, ela se formou em Matemática em 1920, aos 32 anos.

Em 1923, começou a trabalhar como assistente na Universidade de Copenhague, e em 1925 iniciou os trabalhos com sismologia junto ao professor Niels Erik Nørlund, diretor de um Instituto de pesquisas em Geodésia na Dinamarca.


Com seu novo trabalho, ela aprendeu que a estrutura interna da Terra pode ser entendida através dos estudos de dados sismológicos. Ajudou a estabelecer estações sismológicas na Gronelândia e na montagem de sismógrafos na estação de sismologia em Copenhague. Em 1928, aos 40 anos, obteve seu mestrado em Geodésia, e nesse ano foi nomeada chefe do Departamento de Sismologia do Royal Danish Geodetic Institute, responsável pela realização dos observatórios sismográficos de Copenhague, Ivigtut e Scoresbysund. Apesar do seu trabalho ser administrativo, ela conseguiu tempo para melhorar e coordenar as análises de dados obtidas pelos observatórios de sismologia da Europa, assegurando melhores resultados nas interpretações e tornando-os mais confiáveis. Esse passo foi fundamental para a futura descoberta de Lehmann.

Durante um terremoto, diversos tipos de ondas são produzidas, mas as principais são as ondas do Tipo P (Primárias) e do Tipo S (secundárias). As ondas Tipo P são mais rápidas, agem comprimindo o meio e se propagam nos sólidos e nos líquidos, enquanto as do Tipo S são mais lentas, deslocam o solo, são cisalhantes e se propagam apenas nos sólidos.

Analisando o comportamento das ondas P, que, segundo os dados, apareciam em lugares inesperados, Inge desenvolveu um modelo matemático que conseguia explicar que elas estavam sendo refratadas e refletidas pelo limite entre o núcleo interno sólido da Terra e o núcleo externo líquido. Antes dessa descoberta, cientistas acreditavam que o núcleo da Terra era feito de material fundido. Em 1936, Lehmann publicou suas descobertas em um artigo intitulado simplesmente como “P”. Seu novo modelo de estrutura interna da Terra foi aceito gradualmente pela comunidade científica e com os avanços tecnológicos, os novos dados obtidos confirmaram os trabalhos de Inge Lehmann.

Em 1953, Lehmann se aposentou do trabalho administrativo no Royal Danish Geodetic Institute e passou a se dedicar inteiramente à pesquisa científica. Durante sua “aposentadoria”, em 1959, ela descobriu a existência de uma descontinuidade no interior da Terra que causa o aumento na velocidade das ondas sísmicas e que levou seu sobrenome, conhecida como Descontinuidade de Lehmann.

Em 1987, aos 99 anos, Inge Lehmann publicou seu último artigo científico nomeado “Seismology in the Days of Old”. Por seu nobre trabalho e grandes descobertas, ela foi premiada por diversas instituições na Europa ao longo de sua carreira, e, em 1997, a American Geophysical Union criou em sua homenagem a medalha Inge Lehmann para ser concedida aos cientistas que contribuem para a compreensão da estrutura interna da Terra.

Em 21 de fevereiro de 1993, Inge faleceu aos 104 anos, doando os seus bens para The Danish Academy. Em 2015 o Google homenageou a cientista com um doodle em sua página inicial de busca pra comemorar o seu 127º aniversário.

Ver também

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Ligações externas

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