O movimento Flagelantes foi um grupo ou seita cristã que infligia práticas de auto sofrimento como forma de salvação durante os séculos XIII e XIV — época marcada por misticismo, pragas e guerras — na Europa. São praticantes de uma forma de mortificação da carne, através da flagelação da pele com vários instrumentos de penitência.[1] Muitas confrarias cristãs de penitentes têm flagelantes, que se batem, tanto na privacidade das suas habitações como em procissões públicas, para redenção de seus pecados no mundo espiritual e partilharem da Paixão de Jesus.[1]

Os Flagelantes de Doornik, em 1349, da crónica de Aegidius Li Muisis século XIV

Os seus membros defendiam que a prática da autoflagelação, ou seja, na crença de que a aplicação de castigo físico em seus próprios corpos conferia-lhes a cura de doenças (peste bubônica, por exemplo).

História

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Os primeiros grupos de Flagelantes apareceram em 1260 em Perugia, em Itália.

Este movimento é fortemente condenado pela Igreja, que o considera contrário à fé. Os Flagelantes desfilavam em procissões nas cidades, durante 33 dias (porque biblicamente esse número corresponde à idade em que Jesus Cristo foi morto, conforme Lucas 3:23), durante os quais se flagelavam com cordas ou cintos de extremidades cortantes. Esta prática é suposta suficiente para que um fiel pudesse atingir o Paraíso, e os ritos da Igreja não seriam então necessários. Esta foi a principal razão para que a Igreja não tolerasse estas práticas.

O movimento surge e ressurge muitas vezes durante os períodos conturbados, como a Peste negra ou a Guerra dos Cem Anos.

Durante a Peste negra, tais práticas contribuíram para exacerbar a população e pressioná-la a perseguir os judeus e outras minorias que eram acusadas de ser a causa das epidemias ao ter envenenado os poços.

Organização

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O movimento era eminentemente popular, embora estivesse muito bem organizado:

Ao juntar-se aos Flagelantes, os membros desta espécie de confraria tinham de respeitar um ritual que constava de:

  • viajar de terra em terra durante 33 dias;
  • autoflagelar-se na praça pública;
  • orar a Deus;
  • viver da caridade;
  • vestir o uniforme dos Flagelantes que consistia numa longa túnica negra com um capuz e andar descalço.

Os Flagelantes na Europa

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Partindo de Itália, o movimento dos Flagelantes chega à Áustria, Hungria, Polónia, depois à Alemanha (onde os seus adeptos eram mais numerosos) e Bélgica; na França, o movimento chega até Troyes.

Embora o fenômeno tenha sido atenuado, pode-se considerar que ainda subsistem vestígios nos nossos dias, em parte no folclore e certas procissões da Europa meridional, particularmente durante a Semana Santa de Sevilha. Inclusive, um fenômeno similar existe atualmente, mas com a violência original de seu predecessor, numa tradição religiosa não cristã, na Índia.

Ver também

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Referências

  1. a b Nethersole, Scott (2018). Art and Violence in Early Renaissance Florence (em inglês). [S.l.]: Yale University . p. 107. ISBN 978-0-300-23351-3. As Fra Antonio emphasised, the confratelli sought through self-inflicted pain to gain remission for their sins, by sharing in Christ's suffering, in imitatione Christi. 
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