Molossus molossus

espécie de morcego

Molossus molossus ou Morcego-de-cauda-grossa, nome popular, é uma espécie de morcego da família Molossidae. Pode ser encontrada por todas as Ámericas, desde o sul dos Estados Unidos (Flórida) até o Uruguai. É carnívoro, alimentando-se unicamente de insetos. Seu peso varia de dez a trinta gramas, de porte médio para família. São animais de hábitos noturnos, ou seja eles dormem durante o dia e saem para se alimentar, voar, reproduzir, durante a noite.[1][1][2]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaMolossus molossus

Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1)
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Chiroptera
Família: Molossidae
Subfamília: Molossinae
Género: Molossus
Espécie: M. molossus
Nome binomial
Molossus molossus
(Pallas, 1766)
Distribuição geográfica

Assim como todos os morcegos o Molossus molossus é capaz de voar. De forma livre sem depender de outros fatores e com a capacidade de fazer manobras. Seus membros anteriores, que seriam seus braços, são adaptados em um formato de asa membranosa, sendo seu polegar o único dedo livre, os demais, juntamente com seus respectivos metacarpos dão suporte a essa membrana, que lhe dá a habilidade de voar.[3]

Etimologia

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O Molossus molossus também é conhecido como Morcego-da-cauda-grossa ou Morcego-aveludado-de-cauda-livre. O termo "morcego" se origina do nome arcaico para "rato", "mur" (do latim mure) com "cego", significando, portanto, "rato cego". Na maior parte do brasil, o nome mais comum é o morcego-de-cauda-grossa, cauda-grossa se refere a sua cauda grossa e livre da membrana caudal, o uropatágio. Já no país Estados Unidos da América, o nome dado ao animal é Velvety-free-tailed-bat, que na tradução para o português seria Morcego-aveludado-de-cauda-livre, fazendo referência ao pelo macio de seu torso e a sua cauda livre do uropátagio.[4]

Taxonomia e subespécies

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O Molossus molossus é pertencente do gênero Molossus, que tem uma barreira dificultosa na sua identificação e apresenta vários desafios taxonômicos devido a semelhança entre as espécies[5]

Subespécies

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O morcego Molossus molossus apresenta várias subespécies, tal fato é atribuído a sua grande dispersão geográfica. Dentre as subespécies temos: M. m. crassicaudatus; M. m. daulensis; M. m. debilis; M. m. fortis; M. m. milleri M. m. molossus; M. m. pygmaeus; M. m. tropidorhynchus e M. m. verrilli.[5]

Distribuição geográfica e habitat

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Pode ser encontrada por todas as Ámericas, desde o sul dos Estados Unidos (Flórida) ate o Uruguai. ocorrendo nos paises: Argentina; Belize; Bonaire, Santo Eustáquio e Saba (territórios pertencentes aos países baixos); Brasil; Colômbia; Costa Rica; Curaçao; Equador; El Salvador; Guiana Francesa; Guiana; México (Sinaloa, Coahuila); Nicarágua; Panamá; Paraguai; Peru; Suriname; Trinidad e Tobago; Estados Unidos da América (Flórida); Uruguai; Venezuela.[6] A inclusão do Estados Unidos se dá pelas ocorrências deles em um arquipélago especifico da Florida. nas regiões de Florida Keys e Dry Tortugas[4] São encontrados desde as florestas úmidas até áreas urbanas, vivendo embaixo de árvores, dentro de cavernas, forros de casas, estruturas abandonadas, prédios em construção, essa adaptação as áreas urbanas é devido a alta presença de insetos, como mosquitos e pernilongos (graças a sua atração pela luminosidade das cidades) que são a principal fonte de alimento e energia desses morcegos.[2]

Descrição

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Os molossídeos são morcegos que tem como características mais evidentes: O pelo curto e aveludado, bastante macio, variando entre o castanho escuro e o marrom avermelhado,[7] podendo ocorrer raros casos de leucismo e de albinismo, o primeiro ocorre de forma que no corpo todo ou partes dele tenham machas brancas em diversas partes (orelhas, membrana alar, pelo e cauda), enquanto no segundo há a ausência total de melanina.[8] A cauda é espessa e livre de sua membrana, sendo, por esta última característica eles serem popularmente conhecidos como morcegos-de-cauda-livre. Seu peso varia de 10 a 30 gramas, são de porte mediano entre os morcegos. Os membros dessa família por sua vez são considerados pelas estatísticas os mais rápidos morcegos em vôo, as fêmeas são menores que os machos, são insetívoros especializados e adaptados à natureza de sua dieta.[7]

Albinismo

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O albinismo é um distúrbio genético, que impossibilita o individuo de produzir melanina, o que afeta na coloração da pele, da pelagem e dos olhos. Fazendo seus pelos e corpo adquirirem um tom branco pálido e a íris de cores claras como azul ou verde ou na ausência total da pigmentação deixando os olhos vermelhos.[8] Por serem animais noturnos os morcegos são mais expostos a ação de predação, situações de estresse devido a sua diferença fenotípica, além de precisarem se esconder melhor do sol durante o dia, pois animais com tais condições, pela falta de melanina, sofrem de queimaduras, câncer de pele e problemas oculares muito mais facilmente do que os outros animais. Por conta de seus hábitos noturnos suas condições se atenuam se comparados com outras espécies albinas diurnas. Apesar de conhecida, essa desordem não é popular na natureza, principalmente em morcegos, sendo apenas por volta de dez espécies conhecidas por se apresentarem albinos, o primeiro caso de Molossus molossus, no Brasil, relatado foi no Rio Grande do Sul em 1995[9] e um dos mais recentes foi no Nordeste brasileiro encontrado no Maranhão.[10]

Leucismo

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O leucismo é uma anomalia gênica causada por um gene recessivo, o que leva a animais usualmente coloridos a serem brancos ou parcialmente brancos, se apresentando com manchas em suas superfícies corpóreas. Isso se deve pela perda parcial de melanina na pele, por conta disso a cor dos olhos permanecem naturais.[8] Diferente dos animais albinos os animais com leucismo não são sensíveis a luminosidade, por ainda apresentarem produção de melanina, podendo então tolerar uma grande exposição ao sol. Essa alteração gênica é bastante rara, mas se apresenta no Molossus molossus, no ano de 2021, no Equador, foi reportado alguns casos do distúrbio, cinco fêmeas e um macho, que apresentavam manchas brancas na cabeça, orelhas, pernas, garganta, patágio e uropatágio, também apresentavam pelos dorsal e ventral com pontas prateadas.[11]

Ecologia e comportamento

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Colônias

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O Molossus molossus é um morcego famoso pelo seu comportamento de formação de colônias onde podem se encontrar mais de 400 indivíduos da espécie, vivendo e convivendo em um mesmo local, por motivo de proteção contra predadores e de reprodução. Essas colônias são bastante comuns e podem ficar localizadas nos mais diversos locais, desde forros de casa e prédios abandonados, como sob copas de árvores e em cavernas.[12]

Ecolocalização

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Os morcegos da família molossidae utilizam o tipo de ecolocalizaçao denominada de tonal que é produzida na laringe do morcego, é um sistema que se relaciona principalmente com a localização espacial das coisas e navegação em ambientes escuros, assim como é utilizada como método de detecção e classificação de itens alimentares, como o tamanho e tipo do inseto.[13] Algumas espécimes podem acabar perdendo essa habilidade se mudarem seu comportamento típico, como por exemplo adotarem comportamentos diurnos (que inutilizaria a função primordial desse atributo) ou pelo seu tamanho corporal, por conta ecolocalização exigir um alto valor energético, os indivíduos de grande tamanho corporal enfrentariam uma demanda muito alta de alimentação e difícil de cumprir para mantê-la.[14]

O quiróptero Molossus molossus é insetívoro ele se alimenta exclusivamente de insetos, sendo eles então reguladores naturais de pernilongos e mosquitos e até de pragas de lavouras (como os gafanhotos). A sua dieta é um dos principais fatores pela sua formidável adaptação ao meio urbano, graças a iluminação pública atrair insetos, se tornou um ambiente apropriado para esses espécimes viverem e se alimentarem de forma pratica, atraindo-os então para as cidades.[15]

Reprodução

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O Molossus molossus apresenta um comportamento sazonal quando se refere a reprodução, sendo relacionados com as épocas de chuva as fêmeas grávidas, logo as épocas de reprodução são ligadas aos meses de maio abril e novembro (no Brasil), sendo este ultimo o com menor taxa de fecundidade, por se tratar de chuvas esporádicas. Um aspecto em comum nas gônadas, órgãos sexuais do morcego, é a aplasia segmentar do corno uterino ao chegar na maturidade, em várias fêmeas de morcego, inclusive no Molossus molossus, não se tem conhecimento exato ainda de o porquê de tal fenômeno. Já nos machos, quando ele se torna sexualmente ativo há um aumento significativo de seus testículos de 3,25 mm para 5,58 mm. O tempo de gestação gira entorno dos 108 dias, gerando apenas um filhote.[16]

Predação

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Os morcegos em geral possuem diversos predadores, encontram-se principalmente registros de serpentes, aves de rapina e gatos, por conta da atual adaptação urbana do Morcego-da-cauda-grossa. Devido a sua natureza alar quando caem ao chão se tornam presas fáceis para animais maiores, em especial os oportunistas. Predações incomuns do Molossus molossus também foram registradas, em 2003 no estado de Pernambuco, durante uma sessão de capturas da espécie perto de uma edificação onde alguns exemplares de Rhinella jimi forrageavam, estavam parados esperando pra atacar insetos que sobrevoavam perto de um poste local, quando um morcego acabou se batendo em uma das redes e caiu o sapo abocanhou o quiróptero ingerindo-o de forma veloz.[17] Outra ocorrência inédita foi registrada no Mato grosso, em 2010, na região sul da Amazônia, no Parque Estadual do Cristalino, uma centopeia, em uma estrutura de madeira, cerca de três metros acima do chão picou o morcego, Molossus molossus, diversas vezes em sua região abdominal agarrando a presa com suas patas dianteiras, enquanto as traseiras se fixavam no teto, esse evento foi o primeiro registro de uma Scolopendra viridicornis usando de forrageamento pra atacar um morcego e o terceiro ataque de morcego registrado por esse artrópode.[18]

Referências

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  1. a b SIMMONS, N. B. Order Chiroptera. In: WILSON, D. E.; REEDER, D. M. (Eds.). Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference. 3. ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2005. v. 1, p. 312-529.
  2. a b do Reis, Nélio R. (2007). Morcegos do Brasil (PDF). [S.l.]: Editora da Universidade Estadual de Londrina 
  3. «Guia de Manejo e Controle de Morcegos | PDF | Morcego | Raiva». Scribd. Consultado em 3 de dezembro de 2021 
  4. a b Ober, Holly. «WEC380/UW425: Florida's Bats: Velvety Free-Tailed Bat». edis.ifas.ufl.edu (em inglês). Consultado em 1 de dezembro de 2021 
  5. a b Laramie L, Lindsey (2016). «Padrões de diversificação genética em uma espécie amplamente distribuída de morcego, Molossus molossus.» (PDF). Museum of Texas Tech University 
  6. Barquez, R. (20 de julho de 2015). «IUCN Red List of Threatened Species: Molossus molossus». IUCN Red List of Threatened Species. Consultado em 1 de dezembro de 2021 
  7. a b Souza, Daniel Alexandre Stüpp de (2011). «Análise morfométrica de Molossus molossus (Chiroptera, Molossidae) ao longo de um gradiente latitudinal no Brasil». bdtd.ibict.br. Consultado em 3 de dezembro de 2021 
  8. a b c GRIFFITHS, A. J. F. (2013). Introdução à Genética. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. pp. 1–710 
  9. L. A., Veiga (1995). «A case of true albinism in the bat molossus molossus, pallas (chiroptera, molossidae) in santa vitoria do palmar, rs, brazil. arquivos de biologia». Arquivos de Biologia e Tecnologia 
  10. do Nascimento, Andreza (2018). «Primeiro registro de albinismo total em Molossus molossus (Chiroptera: Molossidae) do Nordeste do Brasil.». Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi-Ciências Naturais 
  11. Salas, Jaime A.; Torres, Lissette; Marcillo, Karina; Méndez, Marcia; Salas, Jaime A.; Torres, Lissette; Marcillo, Karina; Méndez, Marcia (abril de 2021). «Registros de desorden cromático en Molossus molossus y Sturnira bakeri (Chiroptera) en el occidente de Ecuador». Revista Peruana de Biología (2). ISSN 1727-9933. doi:10.15381/rpb.v28i2.18469. Consultado em 3 de dezembro de 2021 
  12. Ramírez-Chaves, Héctor E. «Anotaciones sobre dieta, estado reproductivo, actividad y tamaño de colonia del murciélago mastín común (Molossus molossus: Molossidae) en la zona urbana de Popayán, Departamento del Cauca, Colombia.» (PDF). Chiroptera Neotropical 
  13. Bilski, Diego Roberto (2015). «Macroecologia e evolução da ecolocalização em morcegos». Consultado em 3 de dezembro de 2021 
  14. Bonin, Laura. «Evolução da ecolocalização em morcegos (Mammalia: Chiroptera)». X Encontro Brasileiro para Estudo de Quirópteros 
  15. Joels, Mirella (17 de junho de 2021). «9 curiosidades sobre morcegos que você não sabia». Revista Arco. Consultado em 3 de dezembro de 2021 
  16. Fabián, Marta Elena. «Contribuição ao conhecimento da biologia reprodutiva de Molossus molossus Pallas, 1766)(Chiroptera, Molossidae).». Revista Brasileira de Zoologia 
  17. da Silva, Luiz Augustinho Menezes, Ednilza Maranhão dos Santos, and Fabiana Oliveira de Amorim. "Predação oportunística de Molossus molossus (Pallas, 1766)(Chiroptera: Molossidae) por Rhinella jimi (Stevaux, 2002)(Anura: Bufonidae) na Caatinga, Pernambuco, Brasil." Biotemas 23.2 (2010): 215-218.
  18. Noronha, Janaina da Costa de; Battirola, Leandro Dênis; Chagas Júnior, Amazonas; Miranda, Robson Moreira de; Carpanedo, Rainiellen de Sá; Rodrigues, Domingos de Jesus (julho–setembro de 2015). «Predation of bat (Molossus molossus: Molossidae) by the centipede Scolopendra viridicornis (Scolopendridae) in Southern Amazonia». Acta Amazonica (em inglês): 333–336. ISSN 0044-5967. doi:10.1590/1809-4392201404083. Consultado em 11 de dezembro de 2021 
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