Neurossífilis

infecção do sistema nervoso central pelo vírus da sífilis

Neurossífilis refere-se à infecção do sistema nervoso central pela sífilis.[1] Pode ocorrer a qualquer momento após a infecção, com ou sem sintomas.[1] Pode resultar em meningite, sintomas de acidente vascular cerebral, paralisia geral ou tabes dorsalis.[1] A meningite se manifesta com dor de cabeça, rigidez no pescoço e vômito.[1] A paralisia geral pode causar mudanças de personalidade, delírios e tremores.[1] A tabes dorsalis pode resultar em coordenação motora deficiente, dormência, problemas na bexiga e movimentos oculares anormais.[1][2]

Neurossífilis
Neurossífilis
Seção de crânio humano danificado por neurossífilis em estágio avançado
Especialidade Neurologia, Infectologia
Sintomas Nenhum, dor de cabeça, rigidez no pescoço, dormência, perda de controle da bexiga, mudanças de personalidade[1][2]
Início habitual Pode ocorrer em qualquer momento após a infecção[1]
Tipos Precoce, tardio[1]
Causas Treponema pallidum[1]
Fatores de risco Infecção por HIV, sexo desprotegido[1]
Método de diagnóstico Testes no LCR (teste VDRL, teste FTA-ABS)[3][4]
Tratamento Antibióticos (penicilina G, ceftriaxona)[5]
Frequência Rara[1]
Classificação e recursos externos
CID-10 A521
CID-11 e 1873247529 2118246468 e 1873247529
MedlinePlus 000703
MeSH D009494
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A causa da neurossífilis é a bactéria Treponema pallidum.[1] Ela é mais comum em pessoas que também têm vírus da imunodeficiência humana (HIV). O diagnóstico envolve uma punção lombar para obter líquido cefalorraquidiano (LCR) para análise.[3] Se o teste Laboratorial de Pesquisa de Doenças Venéreas (VDRL) no LCR for positivo, confirma-se o diagnóstico; entretanto, um teste negativo não o descarta.[3] Às vezes, o teste de absorção de anticorpos treponêmicos fluorescentes (FTA-ABS) também é utilizado.[4]

Uma forma específica de neurossífilis, conhecida como sífilis otológica, ou otossífilis, pode afetar o sistema auditivo.[1][6] A perda auditiva associada à neurossífilis é geralmente do tipo sensorialneural, o que significa que afeta as estruturas do sistema nervoso responsáveis pela audição.[1] Essa perda pode ser súbita ou gradual e, em alguns casos, pode ser irreversível se não tratada rapidamente. A neurossífilis pode causar outros sintomas além da perda auditiva, como zumbido (acufeno), tonturas e desequilíbrio, devido ao envolvimento das estruturas da orelha interna.[1][7]

O tratamento da neurossífilis geralmente é feito com penicilina G, administrada em doses de 3 a 4 milhões de unidades por via intravenosa a cada quatro horas por 10 a 14 dias.[5] A penicilina também pode ser aplicada uma vez ao dia por injeção intramuscular, em conjunto com probenecida via oral.[2] Para aqueles alérgicos à penicilina, a ceftriaxona pode ser usada como alternativa.[5] Quando tratada precocemente, o prognóstico costuma ser favorável.[2]

A neurossífilis é rara, mas os casos têm aumentado.[1][4] Nos Estados Unidos, cerca de 2% das pessoas com sífilis precoce apresentam neurossífilis.[4] Em algumas regiões da África, até 2% da população geral pode ser afetada.[1] Homens são mais comumente acometidos do que mulheres.[1] Antes da disponibilidade de antibióticos, cerca de 30% das pessoas com sífilis desenvolviam neurossífilis.[1]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t Ha, T; Tadi, P; Dubensky, L (Janeiro de 2021). «Neurosyphilis». StatPearls. PMID 31082023 
  2. a b c d «Neurosyphilis Information Page». www.ninds.nih.gov. National Institute of Neurological Disorders and Stroke. Consultado em 8 de abril de 2021. Arquivado do original em 9 de abril de 2021 
  3. a b c Peermohamed, Shaqil; Kogilwaimath, Siddharth; Sanche, Stephen (20 de julho de 2020). «Neurosyphilis». Canadian Medical Association Journal. 192 (29): E844–E844. doi:10.1503/cmaj.200189 
  4. a b c d Ropper, Allan H. (3 de outubro de 2019). «Neurosyphilis». New England Journal of Medicine. 381 (14): 1358–1363. doi:10.1056/NEJMra1906228 
  5. a b c «STD Facts - Syphilis (Detailed)». www.cdc.gov (em inglês). 23 de setembro de 2019. Consultado em 8 de abril de 2021. Arquivado do original em 30 de julho de 2018 
  6. Hamill, Matthew M; Ghanem, Khalil G; Tuddenham, Susan (15 de maio de 2024). «State-of-the-Art Review: Neurosyphilis». Clinical Infectious Diseases (em inglês) (5): e57–e68. ISSN 1058-4838. doi:10.1093/cid/ciad437. Consultado em 23 de setembro de 2024 
  7. Witt, Lucy S; Wendy Fujita, A; Ho, Jeanne; Shin, Yoo Mee; Kobaidze, Ketino; Workowski, Kimberly (3 de fevereiro de 2023). «Otosyphilis». Open Forum Infectious Diseases (em inglês) (2). ISSN 2328-8957. PMC 9907508 . PMID 36776779. doi:10.1093/ofid/ofac685. Consultado em 23 de setembro de 2024 
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