Quidara, o Chitolo das crônicas chinesas,[1] foi um monarca quidarita do século IV e/ou século V, comumente considerado como o rei epônimo e fundador do Reino Quidarita e de sua dinastia reinante.[2] Muito embora "Quidara" seja considerado como seu nome, alguns autores como Hyun Jin Kim sugerem que, na verdade, seria apenas um mero título derivado do nome da dinastia e que foi aplicado pelas fontes contemporâneas a certo rei de nome desconhecido.[3]

Quidara
Quidara
Nacionalidade Reino Quidarita
Etnia Quionita
Filho(a)(s) Cunchas (?)
Ocupação rei
Religião budismo
Ásia ca. 400 o Reino Quidarita situa-se mais ao centro
Dracma quidarita inspirado nos dracmas persas

É imprecisa a cronologia dos eventos concernentes a sua vida, e os poucos relatos que dispõe-se atualmente ainda são debatidos. Um tesouro descoberto em Samarcanda, na histórica Soguediana, contendo várias moedas quidaritas e Sassânida, foi datado de meados do século IV e nele há alguns exemplares numismáticos sobre os quais seu nome foi grafado (na forma Kyδr), indicando que já esteve ativo nesta região em algum momento antes disso.[4]

Segundo os Anais da dinastia Wei, uma crônica chinesa que relata eventos entre 386 e 581, o rei Quidara (mencionado como Chitolo) reuniu suas tropas, cruzou as montanhas e conquistou Gandara e outros quatro reinos ao norte. Segundo o relato, a principal cidade quidarita ao sul do Indocuche chamava-se Fulucha e ela foi concedida ao filho de Quidara, que não tem seu nome registrado;[5] o historiador René Grousset coloca o rei Cunchas, mencionado no relato de Prisco de Pânio, como seu filho. A expansão de Quidara rumo ao sul do Indocuche não é datada na crônica chinesa, porém os autores modernos sugerem que teria ocorrido em algum momento entre 390 e 430, sendo 410 a data mais provável; Grenet propôs algum momento após 412, pois o viajante chinês Faxian, que visitou Gandara nesta data, não faz nenhuma menção a tais eventos.[6]

Os dracmas e dinares de ouro emitidos pelos quidaritas durante este período portavam o nome de Quidara e próximo a ele sempre aparece o título "Xá Cuchana" (Kidara Kushana Shahi), presumivelmente indicando sua conquista de territórios antes pertencentes ao Império Cuchana e que então estavam sob domínio do Reino Cuchano-Sassânida, que era vassalo do Império Sassânida.[7] Estas moedas eram de inspiração sassânida e presumivelmente refletem materialmente um acordo estabelecido entre os quidaritas e sassânida durante o reinado do Sapor II (r. 309–379) como relatado por Amiano Marcelino. Mediante este acordo, como sugerido por E. V. Zeimal, Quidara conseguiu o reconhecimento de suas conquistas e, portanto, o reconhecimento formal do recém-fundado Reino Quidarita, ao passo que seu povo aceitou tornar-se vassalo de Sapor II.[8]

Referências

  1. Zeimal 1996, p. 123.
  2. Zeimal 1996, p. 123-124.
  3. Kim 2015, p. 50.
  4. Zeimal 1996, p. 124-125.
  5. Zeimal 1996, p. 126.
  6. Grenet 2005.
  7. Zeimal 1996, p. 171.
  8. Zeimal 1996, p. 125.

Bibliografia

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  • Grenet, Franz (2005). «Kidarites». Enciclopédia Irânica 
  • Grousset, René (1970). The Empire of the Steppes. A History of Central Asia. Nova Brunsvique, Nova Jérsei: Rutgers University Press 
  • Kim, Hyun Jin (2015). The Huns. Nova Iorque: Routledge. ISBN 1317340914 
  • Zeimal, E. V. (1996). «The Kidarite Kingdom in Central Asia». In: Litvinsky, B. A.; Guang-da, Zhang; Samghabadi, R. Shabani. History of Civilizations in Central Asia. III - The Crossroads of Civilizations: A.D. 250 to 750. Paris: UNESCO Publishing. p. 123-137. ISBN 978-92-3-103211-0 
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