Urartu (na língua nativa Biai, Biainili;[3] Assírio: māt Urarṭu (ma-at U-ra-ar-ṭu),[4] correspondendo ao Ararate, ou Reino de Van[3] foi um reino da Idade do Ferro centrado ao redor do lago Van no planalto Armênio.

Urartu

Reino de Urartu

Ուրարտու

Արարատյան Թագավորություն

Biainili[1]

860 a.C.590 a.C. 

Urartu, séculos IX e VI a.C.
Continente Ásia
Região
Capital Arzashkun
Tuspa (depois de 832 a.C.)
Países atuais Turquia Turquia
Azerbaijão Azerbaijão
Arménia Armênia
Geórgia Geórgia

Línguas oficiais Urartiano
Proto-Armênia[2]
Religião Politeísmo

Forma de governo Monarquia
Rei
• 858-844  Aramu
• 844-828  Sarduri I
• 828-810  Ishpuini
• 810-785  Menuas
• 785-753  Arguisti I
• 753-735  Sarduri II

Período histórico Idade do Ferro
• 860 a.C.  Estabelecimento
• 590 a.C.  Conquista meda

Especificamente, Urartu é um termo assírio para uma região geográfica, enquanto que ‘’Reino de Urartu’’ ou as ‘’terras de Biainili" designam o estado da Idade do Ferro que surgiu naquela região. As razões pelas quais a distinção entre a região geográfica e a entidade política foram assinaladas por König (1955).[5] A região corresponde ao planalto montanhoso entre a Ásia Menor, a Mesopotâmia e o Cáucaso, conhecida atualmente como planalto Armênio.

O nome Urartu vem de fontes assírias: o rei assírio Salmaneser II (1263-1 234 a.C.) registrou uma campanha na qual ele subjugou todo o território de "Uruatri".[6][7] O texto de Salmaneser usa o nome Urartu para se referir a uma região geográfica, não um reino, e lista oito ‘’terras’’ contidas em Urartu (que à época da conquista estavam ainda desunidas). O nome nativo do reino era Biainili, também grafado Biaineli, (do qual deriva o topônimo armênio Վան, "Van"),[8] mas pelo final do século IX eles também designavam o seu reino agora unificado de "Nairi".[9] Alguns acadêmicos[10] acreditam que Urartu é uma variação acadiana do Ararate da Bíblia Hebraica. De fato, o Monte Ararate é localizado no antigo território urartiano, a aproximadamente 120 km ao norte de sua antiga capital, Tushpa. Além disso, Ararate também aparece como nome de um reino em Jeremias 51:27, mencionado junto de Minni e Asquenaz.

Acadêmicos como Carl Friedrich Lehmann-Haupt (1910) acreditam que o povo de Urartu auto-designava-se Khaldini, por causa de seu deus Khaldi.[11] Os Nairi, um povo da Idade do Ferro da região de Van, são às vezes considerados relacionados ou mesmo idênticos a Urartu.[12]

No começo do século VI, o Reino de Urartu foi substituído pela dinastia orôntida. Na trilíngue Inscrição de Beistum, de 521/0[13] a.C., por ordem de Dario I, o país chamado Urartu em assírio é chamado de Arminiya em persa antigo e Harminuia em elamita.

Shubria era parte da confederação de Urartu. Mais tarde, há referência a um distrito nessa area chamado Arme ou Urme, que alguns acadêmicos relacionaram ao nome Armênia.[14][15]

Geografia

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Urartu em 743 a.C.

Urartu abrangia uma área de aproximadamente 320 mil km², do rio Cura ao norte até os pés dos Montes Tauro ao sul, e do Eufrates a oeste ao mar Cáspio a leste.[16]

No seu apogeu, Urartu ia do norte da Mesopotâmia até o sul do Cáucaso, incluindo os territórios da atual Armênia e o sul da Geórgia. Dentre os mais importantes sítios arqueológicos dentro desse território estão Altintepe, Toprakkale, Patnos e Cavustepe. Dentre as fortalezas de Urartu que sobreviveram estão a Fortaleza de Erebuni, na moderna Erevã, a Fortaleza de Vã, a de Arguistinili, em Armavir, a de Anzafe, Cavustepe e Başkale, assim como a de Teixebaini e outras.

Descoberta

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Inspirado pelos escritos do historiador medieval Moisés de Corene, que descreveu obras urartianas em Van e as atribuiu à lendária rainha Semíramis), o estudioso francês Jean Saint-Martin sugeriu que o governo de seu país enviasse Friedrich Eduard Schulz, um professor alemão, para a áreas de Van em 1827 representando a Sociedade Oriental.[17] Schulz descobriu e copiou inúmeras inscrições cuneiformes, parte em assírio, parte em uma língua até então desconhecida. Schulze também re-descobriu a Estela de Kelishin, que apresenta uma inscrição bilíngue assírio-urartiana no passo de Kelishin na atual fronteira Irã-Iraque. Uma descrição sumária dos seus achados iniciais foi publicada em 1828. Schulz e quatro de seus ajudantes foram assassinados por curdos em 1829 perto de Baskale. Suas notas foram mais tarde recuperadas e publicadas em Paris em 1840. Em 1828, o assiriólogo britânico Henry Creswicke Rawlinson tentou copiar a inscrição na estela de Kelishin, mas não conseguiu devido ao gelo na parte frontal da estela. O estudioso alemão R. Rosch fez outra tentativa alguns anos depois, mas ele e seus ajudantes foram atacados e mortos.

No fim dos anos 1840, sir Austen Henry Layard examinou e descreveu as tumbas cavadas na pedra da Fortaleza de Van, inclusive a câmara mortuária de Argishti. Desde os anos 1870, residentes locais começaram a escavar as ruínas de Toprakkale, vendendo seus artefatos a colecionadores europeus. Nos anos 1880 esse sítio foi submetido a uma não muito bem executada escavação organizada por Hormuzd Rassam a mando do Museu Britânico. Quase nada foi devidamente documentado.

A primeira coleção sistemática de inscrições urartianas, assim dando início a urartologia como um campo especializado, data dos anos 1870s, com a campanha de Sir Archibald Henry Sayce. O engenheiro alemão Karl Sester, descobriu o Monte Nemrut e coletou mais inscrições em 1890/1.

 
Um caldeirão urartiano

Waldemar Belck visitou a área em 1891, descobrindo a Estela de Rusa. Uma expedição posterior planejada para 1893 foi impedida por hostilidades turco-armênias. Belck, juntamente com Lehmann-Haupt, visitou a área novamente em 1898/9, escavando Toprakkale. Nessa expedição, Belck alcançou a Estela de Kelishin, mas foi atacado por curdos e quase não escapa com vida. Belck e Lehmann-Haupt alcançaram a estela novamente numa segunda tentativa, mas foram novamente impedidos de copiar as inscrições devido ao mau tempo. Outro ataque a Belck resultou numa intervenção diplomática de Guilherme II da Alemanha, e o sultão Abdulamide II concordou em pagar a Belck 80 mil marcos de ouro alemães em reparação. Durante a Primeira Guerra Mundial, a região do Lago Van caiu brevemente sob o controle russo. Em 1916, os estudiosos russos Nikolay Yakovlevich Marr e Iosif Abgarovich Orbeli, escavaram a Fortaleza de Van e desenterraram uma estela quadri-facetada carregando os anais de Sarduri II. Em 1939, Boris Borisovich Piotrovsky escavou Karmir-Blur, descobrindo Teišebai, a cidade do deus da guerra, Teišeba. Em 1938-40, escavações conduzidas pelos arqueólogos americanos Kirsopp e Silva Lake foram interrompidas pela Segunda Guerra Mundial e a maioria dos seus achados e anotações de campo foram perdidos quando um submarino alemão torpedeou seu navio, o SS Athenia. Os documentos sobreviventes foram publicados por Manfred Korfmann em 1977.

Uma nova fase de escavações começou depois da guerra. As escavações em um primeiro momento estavam restritas à Armênia Soviética. A fortaleza de Karmir Blur, que data do reinado de Rusa II, foi escavada por uma equipe encabeçada por Boris Piotrovsky, e pela primeira vez escavadores de Urartu publicaram seus resultados sistematicamente. A partir de 1956, Charles Burney identificou e passou em revista muitos sítios urartianos na área do Lago Van e, a partir 1959, uma expedição turca chefiada por Tahsin Özgüç escavou Altintepe e Arif Erzen.

No fim dos anos 1960, sítios urartianos no noroeste do Irã foram escavados. Em 1976, uma equipe italiana chefiada por Mirjo Salvini finalmente alcançou a estela de Kelishin, acompanhados de uma pesada escolta militar. A Guerra Irã-Iraque então fechou esses sítios à pesquisa arqueológica. Oktay Belli continuous as escavações em território turco: em 1989 Ayanis,uma Fortaleza do século VII a.C. construída por Rusa II, foi descoberta 35 km ao norte de Van. Apesar das escavações, somente entre um terço e metade dos sítios urartianos conhecidos na Turquia, Irã, Iraque e Armênia foram examinados por arqueólogos (Wartke 1993). Sem proteção, muitos sítios tem sido depredados pela população local a procura de tesouros e antiguidades que possam ser vendidas.

Referências

  1. Paul Zimansky, Urartian material culture as state assemblage, Bulletin of the American Association of Oriental Research 299, 1995, 105.
  2. Diakonoff, Igor M (1992). «First Evidence of the Proto-Armenian Language in Eastern Anatolia». Annual of Armenian Linguistics. 13: 51-54. ISSN 0271-9800 
  3. a b Predefinição:Armenian Van-Vaspurakan 2000
  4. Eberhard Schrader, The Cuneiform inscriptions and the Old Testament (1885), p. 65.
  5. F.W. König, Handbuch der chaldischen Inschriften (1955).
  6. Abram Rigg Jr, Horace. "A Note on the Names Armânum and Urartu". Journal of the American Oriental Society, Vol. 57, No. 4 (Dec., 1937), pp. 416-418.
  7. Zimansky, Paul E. Ancient Ararat: A Handbook of Urartian Studies. Delmar, N.Y.: Caravan Books, 1998, p. 28. ISBN 0-8820-6091-0.
  8. I. M. Diakonoff, "Hurro-Urartian Borrowings in Old Armenian." Journal of the American Oriental Society, Vol. 105, No. 4 (Oct. - Dec., 1985), pp. 597-603
  9. Chahin, Mack The Kingdom of Armenia. London: RoutledgeCurzon, 2001, pp. 71ff. ISBN 0-7007-1452-9.
  10. Ararat (WebBible Encyclopedia) - ChristianAnswers.Net
  11. Lehmann-Haupt C. F. Armenien, Berlin, B. Behr, 1910—1931
  12. Piotrovsky, Boris B. The Ancient Civilization of Urartu. New York: Cowles Book Co., Inc., 1969.
  13. Skjaervo, Prods Oktor, "An Introduction to Old Persian", Harvard 2002
  14. Lang, David Marshall. Armenia: Cradle of Civilization. London: Allen and Unwin, 1970, p. 114. ISBN 0-0495-6007-7.
  15. Redgate, Anna Elizabeth. The Armenians. Cornwall: Blackwell, 1998, pp. 16-19, 23, 25, 26 (map), 30-32, 38, 43 ISBN 0-6312-2037-2.
  16. Chahin. The Kingdom of Armenia, p. 105.
  17. Lynch, H.F.B.. Armenia, Travels and Studies, Volume 2. London: Longmans, 1901, p. 54.
  NODES
Association 1
Note 1
todo 2