Ricinulei é uma ordem que pertence à classe Arachnida. O grupo foi durante muito tempo considerado como um dos invertebrados mais raros conhecidos[1]. Entretanto sabe-se hoje que os Ricinulei possuem uma distribuição limitada, porém são localmente abundantes em determinadas áreas, como por exemplo, ao Norte da América do Sul[2]. A maior diversidade de Ricinulei está na Colômbia e no Brasil[1]. A ordem possui uma família (Ricinoididae) com três gêneros (Cryptocellus, Pseudocellus e Ricinoides) e mais de 55 espécies descritas. Ricinoides é encontrado apenas na África. A maioria abriga-se em ambientes úmidos, em florestas tropicais e secas e são animais com hábitos noturnos. Como a maioria dos aracnídeos, eles não possuem glândulas de veneno[1][2].

Como ler uma infocaixa de taxonomiaRicinuclei
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Arachnida
Ordem: Ricinulei
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Etimologia

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O nome Ricinulei provavelmente deriva de uma espécie de carrapato chamado “ricinus”[2].

Morfologia

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Ricinulei assim como todos os aracnídeos possui o seu corpo dividido em dois tagmas: prossoma e opistossoma. São animais pequenos, geralmente o comprimento do dorso deles não ultrapassam 10 mm[2]. Eles não possuem olhos, nem tricobótrios – estrutura amplamente utilizada em outros aracnídeos como aranhas e escorpiões, que funcionam como mecanorreceptores[2]. No prossoma encontram-se as quelíceras, pedipalpos e apêndices locomotores – 4 pares[2]. Os dois tagmas são duros e grossos e possuem grande diversidade de tubérculos que são encontrados nas partes esclerotizadas do corpo[2][3]. As quelíceras possuem dois segmentos que são móveis. Elas são usadas para capturar quando a presa é muito pequena e para macerar, mas, possivelmente podem ser utilizadas para escavar (3). Há também indícios de que possuem uma função gustativa (4).

Uma das principais características de destaque em Ricinulei é o cuculo (sinapomorfia). Essa estrutura tem uma forma de capuz, é móvel e protege a pré-oral a boca e as quelíceras quando articulados[2][3]. Os pedipalpos possuem palpos acoplados com uma pequena quela que funde-se em um dedo curto que é fixo e um dedo que é maior e móvel (o tarso) que são dorsais (sinapomorfia do grupo)[2]. Os pedipalpos possuem seis segmentos entre eles dois trocanteres (também são os únicos aracnídeos que possuem dois) e o fêmur que pode rotacionar 180° dando ao animal uma grande mobilidade[2]. Os pedipalpos como para a maioria dos aracnídeos são usados para captura de presas, são usados por machos na manipulação na cópula e usados por fêmeas para ovipor os ovos[2]. Além do dorso as pernas também possuem tubérculos, além disso, possuem espinhos e cerdas com diversas formas e possivelmente diversas funções, entre elas quimiorrecepção, termorregulação, mecanorrecepção, porém para algumas cerdas não se sabe ao certo a sua funcionalidade [2][4]. O segundo par de pernas além de serem consideradas “anteniformes”, pois funcionam como apêndice sensorial de longo alcance, elas são primariamente utilizadas para locomoção[2]. O terceiro par de pernas dos machos é modificado para a transferência de espermatozoides e são utilizados para a identificação de espécies[2]. Foi encontrado em Ricinulei o órgão poro tarsal e possivelmente possui uma função olfativa (7). Nas pernas também foram encontradas alguns órgãos em fendas, que apesar da sua função ser desconhecida provavelmente é responsável pela percepção da vibração no substrato assim como para outros aracnídeos [2][5]. O opistossoma possui 10 segmentos e possui um pedicelo[2]. Há um forte ligamento do prossoma com o opistossoma no ventre de Ricinulei[2]. A abertura genital está dentro deste espaço fechado, então quando necessário (por exemplo, para a cópula e a oviposição) este ligamento é desfeito, expondo este orifício[2]. Ricinulei possuem um par de estigmas traqueados para a respiração que se encontram no prossoma e que ficam escondidos também com o ligamento dos tagmas[2].

 
Ilustração do corpo de Ricinulei. Adaptada do livro Beccaloni, J. (2009) “Arachnids” University of California Press, 1ª edição.

Taxonomia e Diversidade

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A ordem Ricinulei possui apenas uma família (Ricinoididae) com três gêneros (Cryptocellus, Pseudocellus e Ricinoides) e pouco mais de 58 espécies descritas[6]. A maioria possui cor marrom avermelhada[2]. Acredita-se que Ricinulei aparentemente seja relacionado com Ácaros, por ter em comum larvas hexápodes[2].

Distribuição geográfica e ambientes de ocorrências

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Ricinulei possui uma distribuição limitada, sendo encontrados na América Central e do Sul e na África Ocidental e Central. Ricinoides é encontrado apenas na África. A maioria é encontrada em ambientes úmidos (por exemplo, serapilheira) com hábitos no período noturno em florestas tropicais e secas.[1][2].

Reprodução

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Ainda são poucos conhecidos os hábitos de acasalamento de Ricinulei, no entanto, sabe-se que assim que um macho encontra uma fêmea receptiva, ele o acaricia com suas pernas II[2]. Esse comportamento pode ser responsável pela fêmea sentir a sua presença [2]. Logo depois, o macho se posiciona acima da fêmea, segurando-a com o seu quarto par de pernas (3). O macho sobe no opistossoma da fêmea para expor a abertura genital, tateia ela e move uma das pernas III para frente, ejetando o espermatozoide diretamente no gonóporo da fêmea [2]. O macho continua mexendo o tarso e o metatarso dentro do gonóporo da fêmea garantindo a transferência de espermatozóides [2]. O ciclo de vida inclui uma larva, três ninfas e o instar adulto. As larvas são facilmente reconhecidas por possuírem três pares de pernas [2].

Hábitos alimentares

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Ricinulei é um predador que se alimenta de pequenos invertebrados, como colêmbolas, Díptera, além de larvas [2]. Para captura de presas sensillas do primeiro e segundo par de pernas tem uma importante função para detecção de presas [2]. As quelíceras e os pedipalpos são os principais apêndices responsáveis pela captura ao dar o bote [2]. Quando a presa é grande eles partem em pequenos pedaços [2]. Depois de capturar a presa, os animais liberam suco digestivo diluindo-as e o líquido resultante é aspirado [2].

Referências

  1. a b c d U, ADIS; PLATNICK, N. I. J; DE MORAIS W; RODRIGUES, J. M. G. (1989). On the Abundance and Ecology of Ricinulei (Arachnida) from Central Amazonia, Brazil. Journal of the New York Entomological Society, vol. 97, p. 133-140.
  2. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac ad ae af Beccaloni, J. (2009) “Arachnids” University of California Press, 1ª edição.
  3. a b Savory, T. (1964) “Arachnida” Academic Press inc , 1ª edição.
  4. Talarico, G; Palacios-Vargas, J.G; Silva, M.F; Albert, G. (2006). Ultrastructure of tarsal sensilla and other integument structures of two Pseudocellus species (Ricinulei, Arachnida). Journal of Morphology, v. 267, p. 441-463.
  5. Barth, F.C; Stagl, J. (1976). The slit sense organs of Arachnids. A comparative study of their topography on the walking legs (Chelicerata, Arachnida). Zoomorphologie, v. 86, 1-23.
  6. Lorenzo, P. (2011). Order Ricinulei Thorell, 1876. In Z.-Q. Zhang. "Animal biodiversity: an outline of higher-level classification and survey of taxonomic richness". Zootaxa, v. 4138, p. 122.
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