Soemo da Armênia
Caio Júlio Soemo[1] (em grego: Γάϊος Ἰούλιος Σόαιμος; romaniz.: Gáios Ioúlios Sóaimos; em latim: Gaius Julius Sohaemus; m. 180) foi um rei cliente do Império Romano na Armênia de 144 a 161 e novamente de 163 a 180.
Soemo | |
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Sestércio de Antonino Pio, cunhada na casa da moeda de Roma, datada de ca. 141-143. No verso, Pio em pé é retratado segurando o rolo e colocando a mão na cabeça do rei da Armênia, Soemo, nomeado pelos romanos, que levanta a mão para ajustar a tiara. | |
Rei do Reino da Armênia | |
Reinado | 144-161 |
Antecessor(a) | Vologases I |
Sucessor(a) | Aurélio Pácoro |
Rei do Reino da Armênia | |
Reinado | 163-180 |
Predecessor(a) | Aurélio Pácoro |
Sucessor(a) | Vologases II |
Nascimento | século II |
Morte | 180 |
Dinastia | orôntida |
Vida
editarFamília
editarSoemo, uma pessoa proeminente no Império Romano no século II, era membro da dinastia orôntida do Comagena e da dinastia emesena da Síria. Seu contemporâneo, o romancista Jâmblico,[2] reivindicou Soemo como seu compatriota[1] e afirmou que possuía ancestralidade arsácida e aquemênida (na figura de certo "Aquêmenes, o Arsácida"). Era descendente da princesa meda Jotapa, que já havia sido prometida ao príncipe ptolomaico Alexandre Hélio, filho de Cleópatra e Marco Antônio. Pouco se sabe sobre a família e a infância de Soemo antes de se tornar rei da Armênia.[3] Christian Settipani propôs que fossem filho de Caio Júlio Ávito, que era filho de Caio Júlio Longino Soemo, neto de Sampsigeramo, filho Caio Júlio Alexião, filho de Soemo.[4]
Reinado
editarAntes de se tornar rei, Soemo foi senador romano e serviu como cônsul em Roma em data desconhecida.[5] Em 144, recebeu o trono armênio do imperador Antonino Pio (r. 138–161) após a morte de Vologases I.[6] Em homenagem à sua primeira ascensão ao trono da Armênia, um sestércio com imagens de Soemo e Antonino Pio foi emitido em Roma com a inscrição "um rei dado aos armênios". Foi contemporâneo do governo dos imperadores Antonino Pio, Marco Aurélio (r. 161–180), Lúcio Vero (r. 161–169) e Cômodo (r. 176–192) da dinastia nerva-antonina. Em seu primeiro reinado, cujos detalhes são desconhecidos, governou de 144 a 161. O romancista Jâmblico, que vivia na Armênia na época do seu governo, o descreveu como "em sucessão aos seus antepassados", o que pode ser uma referência seu ancestral Soemo, que viveu no século I.[2]
Em 161, o xainxá Vologases IV (r. 147–191), filho de Mitrídates IV (r. 129–140), despachou suas tropas para tomar a Armênia e erradicar as legiões estacionadas no país sob o comando do legado Marco Sedácio Severiano. Vologases então instalou Aurélio Pácoro como rei.[6] Encorajadas pelo aspabedes Osroes, as tropas partas marcharam a oeste à Síria romana.[7][8] Depois que a Armênia foi tomada, Soemo foi ao exílio político, vivendo em Roma, onde se tornou senador.[9] Estes acontecimentos provocaram uma nova guerra e a paz foi feita em termos romanos, com Soemo reinstalado como rei por Lúcio Vero em 163/4,[10] com sua segunda cerimônia de coroação podendo ter ocorrido em Antioquia ou Éfeso.[11] A guerra custou caro aos romanos, pois o exército trouxe consigo uma praga que se espalhou muito rapidamente por todo o império. Marco Aurélio tentou declarar a Armênia uma província romana, mas a revolta liderada pelo príncipe Tiridates forçou os romanos a abandonar seus planos. Em 164, surge a cunhagem latina com a inscrição no obverso "Lúcio Vero Augusto Armeníaco" (L. Verus. Aug. Armeniacus) e no reverso "um rei dado aos armênios" (Rex Armen(ii)s datus).[10]
Salvo que reinou de 163 até talvez 180, pouco se sabe do segundo reinado de Soemo.[12] Sob Soemo, os trabalhos de construção continuaram na capital Valarsapate. Uma cidadela, fortificações defensivas, um complexo palaciano e vários templos pagãos foram construídos na cidade. Em algum momento durante seu reinado, foi expulso por elementos favoráveis à Pártia. Um homem chamado Tiridates, que assassinou o rei de Osroena e brandiu sua espada na cara de Públio Márcio Vero, o governador da Capadócia, quando repreendido por isso, provocou problemas na Armênia. A única punição de Tiridates por seus crimes foi ser exilado à Britânia romana por Marco Aurélio.[13] Como resultado da segunda expulsão de Soemo, as forças romanas entraram em guerra com os partos, que retomaram a maior parte do seu território perdido em 166, enquanto Soemo fugiu à Síria.[14] Depois que Marco Aurélio, Lúcio Vero e os governantes partas intervieram no conflito, o filho de Vologases IV, Vologases II assumiu o trono armênio em 180.[15][16][17]
Referências
- ↑ a b Birley 2002, p. 224.
- ↑ a b Birley 2002, p. 71.
- ↑ Hovannisian 2002, p. 113.
- ↑ Settipani 2000, p. 453.
- ↑ Birley 2002, p. 71, 224.
- ↑ a b Russell 1987, p. 161–162.
- ↑ Sellwood 1980, p. 257-260, 268-277.
- ↑ Debevoise 1938, p. 245.
- ↑ Birley 1987, p. 131.
- ↑ a b Marco Cornélio Frontão 1999, p. 301-2.
- ↑ Birley 2000, p. 163.
- ↑ Birley 2002, p. 72.
- ↑ Birley 1987, p. 236.
- ↑ Dião Cássio, História Romana, 71.2.
- ↑ Toumanoff 1986, p. 543–546.
- ↑ Patterson 2013, p. 180–181.
- ↑ Russell 1987, p. 161.
Bibliografia
editar- Birley, Anthony R. (1987). Marcus Aurelius, a biography. New Heaven: Yale University Press
- Birley, Anthony R. (2002). Septimius Severus: The African Emperor. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 978-1134707461
- Birley, Anthony R. (2000). «Hadrian to the Antonines». In: Bowman, Alan K.; Garnsey, Peter; Rathbone, Dominic. The Cambridge ancient history. Vol 11: The High Empire, A.D. 70-192. Cambrígia: Cambridge University Press
- Debevoise, Neilson C. (1938). A political history of Parthia. Chicago: Imprensa da Universidade de Chicago
- Hovannisian, Richard (2002). Armenian Tsopk/Kharpert. Costa Mesa, Califórnia: Mazda Publishers. ISBN 1568591500
- Marco Cornélio Frontão (1999). van den Hout, Michael Petrus Josephus, ed. A commentary on the Letters of M. Cornelius Fronto. Leida: Brill
- Patterson, Lee E. (2013). «Caracalla's Armenia». Syllecta Classica. 2: 27–61. doi:10.1353/syl.2013.0013
- Russell, James R. (1987). Zoroastrianism in Armenia. Cambridge: Harvard University Press. ISBN 978-0674968509
- Sellwood, David (1980). An introduction to the coinage of Parthia 2.ª ed. Londres: Spink
- Settipani, Christian (2000). Continuité gentilice et continuité familiale dans les familles sénatoriales romaines à l'époque impériale: mythe et réalité. Oxônia: Unidade de Pesquisa Prosopográfica, Colégio Linacre
- Toumanoff, Cyril (1986). «Arsacids vii. The Arsacid dynasty of Armenia». In: Yarshater, Ehsan. Encyclopædia Iranica, Volume II/5: Armenia and Iran IV–Art in Iran I. Londres e Nova Iorque: Routledge & Kegan Paul. pp. 543–546. ISBN 978-0-71009-105-5