Tupiniquins

povo indígena Tupiniquim

Os tupiniquins (também chamados de tupinaquis, topinaquis e tupiniquins[2]) são um povo indígena brasileiro pertencente ao sub-grupo tupi.[3] O termo foi utilizado, no século XVI, para se referir a duas populações distintas: uma que habitava o sul do atual estado da Bahia e outra que habitava, grosso modo, a região da baixada santista e do planalto paulista, no atual estado de São Paulo.[4][5][6] Atualmente, habitam três Terras Indígenas localizadas no município de Aracruz, no norte do estado do Espírito Santo.[7] Análises genéticas coordenadas pela geneticista Tábita Hünemeier confirmaram que os indígenas tupiniquim de Aracruz se juntam aos tupinambá da Bahia e aos potiguara da Paraíba como os últimos remanescentes dos povos tupi que ocupavam o litoral na época das grandes navegações europeias.[8]

Tupiniquins
Jovens tupiniquins dançam, festejando a demarcação de suas terras, em 2007 (Valter Campanato/ABr)
População total

2 630[1]

Regiões com população significativa
Aracruz, Espírito Santo
Línguas
português, tupi antigo (historicamente)
Religiões

Etimologia

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Segundo Antenor Nascentes, no seu Dicionário Etimológico Brasileiro, o termo "tupiniquim" deriva da expressão tupin-i-ki, significando "tupi ao lado, vizinho lateral"[9][carece de fonte melhor]. Silveira Bueno, seguindo a mesmo linha, no seu Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa dá sua raiz na expressão tupinã-ki, ou "tribo colateral, o galho dos tupi" [9][carece de fonte melhor].

Eduardo de Almeida Navarro, por sua vez, sugere, no seu Dicionário de Tupi Antigo, que o termo signifique: "aqueles que invocam Tupi", pela junção de Tupi (nome de um personagem mítico ancestral) e ekyîa ou ikyîa (invocar).

História

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Teoriza-se, com base em dados arqueológicos, que os povos indígenas do sub-grupo tupi - também chamado de tupinambá - tenham se originado em algum lugar localizado onde hoje é a Amazônia e que tenham migrado margeando, primeiro, o Rio Amazonas e, depois, a costa atlântica da América do Sul, até chegar a ocupar, por volta do século XVI, uma região que ia desde o estado do Maranhão até o litoral central do estado de São Paulo.[10][11]

Os tupiniquins tiveram importante participação na colonização portuguesa da região de Santos e Bertioga no século XVI e na fundação da cidade de São Paulo, em 1554, pelo padre jesuíta Manuel da Nóbrega. Eram aliados dos colonizadores portugueses. O pesquisador Carlos Augusto da Rocha Freire consignou que os tupiniquins ocupassem, no século XVI, terras situadas entre o atual município baiano de Camamu e o Rio São Mateus (ou Rio Cricarê), no atual estado do Espírito Santo. Foram catequizados por jesuítas em "Aldeia Nova", sofrendo com pragas endógenas (como a varíola) e exógenas (como as formigas, que lhes destruíram as plantações). Serafim Leite consignara, em História da Companhia de Jesus no Brasil, que o Acampamento dos Reis Magos era, quase todo, composto por tupiniquins.[9]

Em 1610, o padre João Martins obteve, para os nativos, uma sesmaria, mensurada somente em 1760. O principal centro desse território era a vila de Nova Almeida, que, na data de sua demarcação, contava com 3 000 habitantes. Auguste de Saint-Hilaire registra, no início do século XIX, sua existência.[9] Em meados do século XIX, o pintor François-Auguste Biard anotou sua presença em famílias dispersas, junto a imigrantes italianos.[9]

No século XX, o Serviço de Proteção aos Índios instalou, no Espírito Santo meridional, uma de suas zonas de atuação, sendo encontrados, em 1924, alguns tupiniquins.[9]

Situação atual

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Sua população, em 1997, estava por volta de 1386 indivíduos. Em 2010, por volta de 2360. No passado, falavam a língua tupi litorânea, da família Tupi-Guarani, mas atualmente usam apenas o português.[9] Foram tolhidos de suas terras, o que resultou no acampamento em protesto, junto a índios guaranis do Espírito Santo, defronte ao Ministério da Justiça, reivindicando a efetivação da reserva indígena.[12]

Em 28 de agosto de 2007, o governo demarcou as terras reivindicadas pelos tupiniquins, que ficaram acampados em área usada para a plantação de eucaliptos da empresa Aracruz Celulose.[13]

Em média, o material genético dos tupiniquins do Espírito Santo é composto por 51% de DNA de origem nativa americana, 26% de origem europeia e 23% de origem africana. O primeiro grande pulso de miscigenação teve início no século XVIII, condizendo com o ciclo da mineração, a segunda aconteceu a partir de 1808, com a Transferência da corte portuguesa para o Brasil e a intensificação do tráfico de escravos. O terceiro e último pulso começou em fins do século XIX, com a Abolição da escravatura no Brasil e a crescente imigração e chegada de imigrantes europeus.[14]

Referências

  1. Povos indígenas no Brasil. Disponível em http://pib.socioambiental.org/pt/povo/tupiniquim/1096. Acesso em 23 de janeiro de 2015.
  2. Povos indígenas no Brasil. Disponível em http://pib.socioambiental.org/pt/povo/tupiniquim/1095. Acesso em 23 de janeiro de 2015.
  3. SILVA, Valdemir de Almeida. Etnologia indígena: revitalização da identidade cultural e linguística Tupinikim do Espírito Santo. 2016. 145 f., il. Dissertação (Mestrado em Linguística)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
  4. BUENO, E. Capitães do Brasil: a saga dos primeiros colonizadores. Rio de Janeiro. Objetiva. 1999. p. p. 60.
  5. Monteiro, John Manuel (1995). Negros Da Tera. São Paulo: Companhia das Letras. p. 21. ISBN 85-7164-394-6 
  6. «Mapa Etno-Histórico de Curt Nimuendaju». mapa-nimuendaju.eita.coop.br. Consultado em 14 de junho de 2024 
  7. «Tupiniquim - Povos Indígenas no Brasil». pib.socioambiental.org. Consultado em 14 de junho de 2024 
  8. «As descobertas sobre origem e história dos povos indígenas da América do Sul reveladas pela genética». Terra. 21 de janeiro de 2023 
  9. a b c d e f g Enciclopédia de povos indígenas, acessada em 27 de janeiro de 2008
  10. Noelli, Francisco Silva (2008). «The Tupi Expansion». The Handbook of South American Archeology. Nova Iorque: Springer. pp. 660 – 661 
  11. Fausto, Carlos (2000). Os índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar. pp. 72 – 74 
  12. Notícial, Agência Brasil, consultada em 27 de janeiro de 2008.
  13. Notícia, Agéncia Brasil, consultada em 27 de janeiro de 2008.
  14. «Os últimos Tupiniquim | Revista Pesquisa Fapesp». revistapesquisa.fapesp.br. Consultado em 31 de janeiro de 2020 

Ligações externas

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